A doença que não tem fim

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A doença que não tem fim

Por

Vale do Taquari

A síndrome pós-covid persistente, também conhecida como covid longa, é uma entidade patológica que envolve sequelas físicas, médicas e cognitivas persistentes após a covid-19 e que podem durar semanas, meses ou anos.
Ela ocorre com mais frequência em pessoas que tiveram doença grave da covid-19, mas qualquer pessoa que tenha sido infectada pelo vírus que causa a covid-19 pode experimentá-la. Além disso, pessoas que não foram vacinadas contra a covid-19 e foram infectadas podem ter um risco maior de desenvolver a covid Longa em comparação com as pessoas que foram vacinadas e como se não bastasse as pessoas podem ser reinfectadas com o SARS-CoV-2, várias vezes e cada vez que uma pessoa é infectada ou reinfectada com SARS-CoV-2, ela corre novamente o risco de desenvolver covid longa.
Inicialmente se imaginava que o covid-19 terminava com a resolução dos sintomas e a prevenção da mortalidade. Por isso na época, o foco principal era o reconhecimento, tratamento precoce e desenvolvimento de uma vacina.
No entanto, evidências cada vez maiores mostram que a doença pode seguir levando a morbidade e mesmo mortalidade. Essa é a parte submersa do iceberg da Covid e mostra uma necessidade urgente de foco também em cuidados posteriores especializados. Mas por quê isso acontece? Resumidamente, vamos tentar entender: logo após um trauma ou uma doença infecciosa primária grave como a covid-19, na qual uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica é predominante, ocorre uma síndrome de resposta anti-inflamatória compensatória que pode ser esmagadora e duradoura e que leva à uma diminuição da imunidade no período pós-infeccioso/pós-traumático. Isso já é fato conhecido, pois é visto há mais tempo nas síndromes pós septicemia, uma infecção bacteriana grave.
Portanto para muitos pacientes a covid não termina após o período de atividade do vírus. Sabe-se hoje que as sequelas pós-covid variam de paciente para paciente e não há ainda um consenso quanto a todos os possíveis sintomas. No entanto quatro grandes grupos de sintomas se destacam além dos sintomas gerais que incluem cansaço ou fadiga que interfere na vida diária.
Sintomas Respiratórios: Embora a maioria dos casos de covid-19 sejam leves ou assintomáticos, aproximadamente 5–8% dos pacientes infectados desenvolvem síndrome do desconforto respiratório do adulto e alguns evoluem para fibrose pulmonar, no qual a falta de ar induzida pelo exercício e a tosse seca crônica são os sintomas principais e para os quais o tratamento é amplamente de suporte.
Sintomas cardíacos: Pacientes com covid-19 comumente apresentam sinais de lesão miocárdica que podem levar a dor no peito e coração batendo rápido ou batendo forte (palpitações).
Sintomas Neurológicos: Dificuldade de pensar ou de concentração (também chamada de “névoa cerebral”),dores de cabeça, alterações no sono, tontura ao se levantar, sensação de alfinetes e agulhas pelo corpo, mudança na percepção do cheiro ou sabor e até mesmo depressão ou ansiedade.
Alteração na coagulação: coágulos sanguíneos anormais podem se formar, inclusive nos menores vasos sanguíneos e essa coagulação incomum pode causar diversas complicações, incluindo danos a órgãos, infarto cardíaco e derrame.
Portanto é hora de diagnosticar esses pacientes que estão muitas vezes sem saber de onde vieram seus sintomas e mais do que isso participar do esforço para descobrir qual o melhor tratamento para essa pandemia que não tem fim.

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