Rio Taquari será testado para metais pesados

VIVER CIDADES

Rio Taquari será testado para metais pesados

No terceiro ano de monitoramento de água de rios e arroios da região, análise no principal manancial será ampliada

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Atualizado quinta-feira,
29 de Fevereiro de 2024 às 17:08

Rio Taquari será testado para metais pesados
Equipe do Unianálises vai coletar e analisar as amostras de água do Rio Taquari. Crédito: Luciane Eschberger Ferreira
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A análise de água do rio Taquari será ampliada neste ano. Além do Índice de Qualidade de Água (IQA-Fepam), as amostras passarão por testes para metais pesados – chumbo, cromo e mercúrio. Mestre em Avaliação de Impacto Ambiental e licenciada em Química, Simone Borges Rempel destaca que será possível reconhecer se estes elementos estão presentes no manancial e em quais quantidades. “A partir dos resultados haverá a possibilidade de analisar prováveis origens e estimar as consequências da contaminação para o meio ambiente aquático e para a comunidade.”

A ampliação do monitoramento das guas é uma iniciativa do Grupo A Hora, por meio do projeto Viver Cidades – quem somos, o que temos, para onde vamos. O trabalho começou em 2022, com 23 pontos de coleta nos rios Forqueta e Taquari, e em 13 arroios da região. No ano seguinte, outros três locais passaram a integrar o estudo: dois pontos no arroio Castelhano e um no rio Taquari, todos em Venâncio Aires. A partir deste ano, entram as análises de metais pesados em cinco pontos do rio Taquari, nos municípios de Encantado, Arroio do Meio, Lajeado, Cruzeiro do Sul e Venâncio Aires.

Entrevista

Viver Cidades: Os metais chumbo, cromo e mercúrio podem estar presentes em efluentes de quais setores produtivos?

Simone Borges Rempel – Efluentes e resíduos de indústria metalmecânica, indústria soda-cloro, materiais elétricos e eletrônicos, setor coureiro, galvanoplastia, cerâmico entre outras. Os etais pesados estão presentes em vários setores industriais e também nos aterros, que caso não sejam controlados poderão contaminar o solo e lixiviar (processo indesejado de lavagem do solo) até o lençol freático e mananciais, trazendo prejuízos econômicos e ambientais.

Viver – A contaminação de cada elemento pode causar quais consequências à vida aquática do rio?

Simone – Um tratamento ineficiente de efluentes poderá contaminar a biota (conjunto de todos os seres vivos) aquática pelos níveis tróficos (grupos de organismos que possuem hábitos de alimentação semelhantes). Tanto plantas como pelos peixes poderão ter o acúmulo desses metais em seus tecidos. Dificultando a reprodução e diminuindo a diversidade. Também pode afetar a qualidade da água e os ecossistemas associados.

Viver – Pode ter reflexos na saúde das pessoas?

Simone – Sendo a pesca e consumo de peixes comuns na região, e os compostos metálicos apresentarem capacidade cumulativa, que se alojam nos tecidos de peixes, dessa forma temos o contato direto com esses metais, o que poderá causarm sérios problemas de saúde.

Viver – A presença de metais pesados em pontos de captação de água pode tornar o tratamento para distribuição mais caros?

Simone – A Corsan, por exemplo, segue a legislação com agências controladoras. Análises periódicas são reali-
zadas para acompanhar a qualidade da água. Acredito que no caso de confirmação de determinado metal seria necessário implementar medidas adicionais de monitoramento e tratamento específico, assim encarecendo o serviço.

Viver – O que pode ser feito para evitar as contaminações e remediar, caso seja necessário?

Simone – Cada empresa pública ou privada deve seguir com responsabilidade a legislação para o tratamento de
seus resíduos, ao passo que os órgãos de fiscalização devem acompanhar periodicamente. O objetivo desse traba-
lho conjunto é manter a integridade e segurança dos mananciais.

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