Em dez anos, taxas de vacinação despencam

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Em dez anos, taxas de vacinação despencam

Vale do Taquari, assim como estado e país, registram redução no número de vacinados. A consequência é a volta de enfermidades antes erradicadas, como poliomielite e sarampo

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Em dez anos, taxas de vacinação despencam
Em Lajeado, a vacinação contra a poliomielite, por exemplo, caiu de 113,84% em 2014 para 80,32% em 2023. (Foto: Bibiana Faleiro)
Vale do Taquari

Nos municípios da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), os índices de vacinação despencaram em 10 anos. Para doenças como a Febre Amarela, por exemplo, a região apresentava cobertura vacinal de 83,38% em 2014, e caiu para 75,20%, em 2023.

A baixa cobertura vacinal resulta na reincidência de doenças até então erradicadas. No Brasil, a poliomielite e o sarampo são exemplos de enfermidades que correm o risco de voltar a circular com força por falta da vacinação. Entre os motivos da redução, estão a pandemia, movimentos anti-vacinas e falta de acesso a serviços de saúde.

Para que seja considerada erradicada, uma doença deve ter cobertura de pelo menos 95%. Há uma década, os índices vacinais da poliomielite passavam dessa meta no Vale do Taquari, e eram de 112,32%. Em 2023, foram de 82,54%.

De acordo com o setor de imunização de Estrela, a cobertura vacinal das doenças em geral apresentou uma melhora no ano passado em relação a 2022. Das oito vacinas recomendadas para menores de 1 ano de idade, sete apresentaram aumento. A nível estadual, a vacina da Febre Amarela, feita aos 9 meses de idade, foi a que apresentou maior percentual de aumento, se comparado ao ano anterior.

A vacina contra HPV, que recentemente teve sua faixa etária de aplicação ampliada para os meninos, passando de 11 para 9 anos de idade, teve um aumento de quase 40% em todo o RS. Mesmo assim, os índices não chegam aos 95%.

Nova realidade

A vacinação contra a poliomielite, ou paralisia infantil, é conhecida pela vacina da gotinha. (Divulgação)

Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2021, o país tinha menos de 59% da população imunizada. Em 2020, o índice era de 67% e, em 2019, 73%. A queda na cobertura vacinal é preocupante, em especial, nos índices referentes à imunização infantil. Entre os motivos, também está a falta de acesso às vacinas.

Coordenadora do setor de imunizações do município, a enfermeira Ana Carolina Padua Lopes destaca que a vacina mais procurada no sistema de saúde hoje é a antitetânica. Por outro lado, a situação mais crítica está na vacinação contra o sarampo e a poliomielite.

A pandemia e o isolamento social impulsionaram essa redução, em função da diminuição das visitas às unidades de saúde. Outro mobilizador é a ausência da circulação das doenças.

“As novas gerações não vivenciaram o adoecimento das pessoas pelas doenças que hoje são preveníveis a partir da imunização. Com isso, acabam buscando menos a vacinação, porque não percebem que as doenças só não circulam mais porque as pessoas estão vacinadas”.

A enfermeira ainda afirma que outra dificuldade no processo vacinal é o movimento mundial anti-vacinação que tem tido um crescimento nos últimos anos. Entre as formas de reverter essa realidade está a conscientização, com campanhas, informativos, conversas individuais com pais e responsáveis, além de facilitar o acesso das pessoas às salas de vacinas com horários estendidos. A parceria com escolas também é incentivada.

No centro das atenções

Até a década de 1980, a poliomielite causava paralisia em quase 100 crianças por dia no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, foram registrados quase 27 mil casos da doença entre 1968 e 1989, ano da última notificação no país. Em 1994, as Américas receberam o certificado de eliminação da doença.

Há alguns anos, no entanto, o Ministério da Saúde brasileiro iniciou o alerta para um possível retorno da doença por conta dos baixos índices de vacinação. Em 2021, menos de 70% do público -alvo estava com as doses em dia, frente aos mais de 98% em 2015.

Com o sarampo, a história não é diferente. Enquanto de 1990 a 2000, o Brasil registrava mais de 177 mil casos, campanhas de vacinação levaram o país a receber o certificado de eliminação da doença em 2016. Em 2019, o Brasil perdeu o reconhecimento após não conseguir controlar um surto iniciado no Norte, em 2018, que se espalhou para os demais estados.

Vacinação no SUS

A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela OMS – incluindo imunizantes direcionados a crianças, adolescentes, adultos e idosos. Ao todo, são mais de 20 vacinas. Recentemente, o país incluiu em seu calendário a imunização contra a Covid-19.

Cobertura vacinal na 16ª CRS

  • Febre amarela
    2014 – 83,38%
    2023 – 75,20%
  • Poliomielite
    2014 – 112,32%
    2023 – 82,54%
  • Vacina Meningocócica
    2014 – 116,04%
    2023 – 80,09%
  • Rotavírus
    2014 – 115,99%
    2023 – 76,48%
  • Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae B e poliomielite)
    2014 – 116,31%
    2023 – 82,31%
  • Pneumocócica conjugada 10 valente (pneumonia, meningite, otite)
    2014 – 116,62%
    2023 – 78,46%
  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
    2014 – 126,97%
    2023 – 86,96%

     

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