Dados do Censo mostram avanço da verticalização em Lajeado

política e cidadania

Dados do Censo mostram avanço da verticalização em Lajeado

Cerca de 30% dos domicílios ocupados existentes na cidade são apartamentos, número superior às médias nacional e estadual. Total de moradias deste tipo quase dobrou em relação a 2010 e chega a 11 mil. Na região, percentual é de 14%, enquanto 85% das habitações são casas

Por

Dados do Censo mostram avanço da verticalização em Lajeado
Novos prédios modificam cenário urbano de Lajeado. Hoje, número de apartamentos passa de 11 mil. (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Um crescimento de 85% em 12 anos. Este é o panorama de Lajeado em relação ao surgimento de apartamentos no período. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) refletem uma tendência de verticalização na maior cidade da região, com a construção de novos prédios. Também evidenciam a pouca oferta de áreas para expansão.

Divulgado na sexta-feira, 23, dentro do cronograma do Censo 2022, o estudo sobre domicílios revela que, até o fim da contagem, a cidade tinha 11,4 mil apartamentos, enquanto no levantamento de 2010 eram 6,1 mil. Isso representa cerca de 30% do total de habitações no município. É o maior percentual do Vale do Taquari.

Acima de Lajeado, estão apenas seis cidades, sendo quatro delas – Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi e Veranópolis – localizadas na Serra Gaúcha. Também estão à frente a capital Porto Alegre e Santa Maria. A proporção local supera números de municípios como Canoas, Passo Fundo, Pelotas e Santa Cruz do Sul.

Ao todo, são 44,6 mil domicílios na cidade, um crescimento de 62% na comparação com o Censo de 2010. Destes, 37,9 mil estão ocupados. Há, ainda, 5 mil imóveis desocupados na cidade, entre casas e apartamentos. Outros 1,2 mil possuem uso ocasional, ou seja, são utilizados em períodos de férias ou fins de semana.

Realidade local

A economista Cintia Agostini, doutora em desenvolvimento regional, avalia a verticalização como um processo natural, em virtude do pouco espaço que Lajeado possui para crescer. Para isso, lembra que foram necessárias adaptações para possibilitar a expansão. O crescimento populacional da última década e a própria transformação da sociedade também contribuiu neste contexto.

“A legislação vai se adequando à dinâmica da cidade, como é o caso do Plano Diretor. E tem uma mudança que eu vejo como cultural, dos mais jovens não quererem mais casas e aceitarem a ideia de morar em um apartamento. Tem a urbanidade, mas também deve levar as características da sociedade atual em conta. As famílias estão cada vez menores”, pontua.

O avanço local também reflete uma maior procura por este tipo de moradia em nível estadual. No RS, o número de apartamentos cresceu 52% em 12 anos. Passou de 525 mil para pouco mais de 800 mil unidades. “E tem com características variadas, desde os de alto padrão até os relativamente simples, que dão conta de pessoas de classes sociais distintas”, pontua.

Toda a cidade

Para o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Augusto Alves, a verticalização não ficou restrita a apenas uma determinada área da cidade. A expansão se deu inclusive em localidades mais afastadas.

“O que antes eram bairros horizontais, apenas com casas, agora ocorre este fenômeno, com o surgimento de muitos edifícios nessas áreas. Entendo que muitos motivos levam a essa verticalização, como o fato de Lajeado ser o município polo da região”, pontua.

De fato, em bairros onde antes não haviam grandes construções, hoje o cenário é diferente. “Pela função estratégica como cidade polo do Vale, recebe muitos investimentos. O pessoal, ao invés de construir em cidades menores da região, investe aqui. E mesmo pessoas de Porto Alegre, aposentados que não querem mais morar na cidade grande, acabam vindo. É um fenômeno bem expressivo”.

Praticidade

Há dois anos e meio, o analista de dados Gabriel Bortoli decidiu investir na compra de um apartamento. Durante toda a vida, residiu em uma casa, com os pais, no bairro Montanha. A escolha pela nova moradia, lembra ele, foi repentina. Mas se mostrou uma decisão acertada.

“Eu e minha namorada pensávamos em comprar um apartamento. Isso em 2019. Mas não era algo para aquele momento. Aí, numa Construmóbil, conversei com um conhecido, em uma imobiliária, e gostamos da proposta. Era na planta. Demoraria cerca de um ano para entregar. Por conta da pandemia, demorou um ano a mais”, frisa.

A adaptação ao novo imóvel, no Moinhos D’Água, não demorou. Hoje, Bortoli não se vê em outro tipo de moradia. “Não temos filhos, nem bichos de estimação. Então ele nos atende muito bem. Talvez num futuro, precisamos de um espaço maior, com pátio. Mas isso é planejamento a longo prazo”.

Na região

Dos 146 mil domicílios ocupados na região, pouco mais de 85% são casas. Esta é a constatação a partir do levantamento com base nos dados do Censo 2022. Por outro lado, 14% são descritos como apartamentos, enquanto 0,66% se referem a casas em condomínios fechados.

Além de Lajeado, quem também se destaca pela proporção de apartamentos é Encantado, com 21,29%. O município da região alta supera diversas cidades do mesmo porte populacional e territorial e, ainda, tem uma média superior a do RS.

Já a cidade com maior proporção de casas é Sério, com 99,62%. Há apenas três apartamentos no perímetro urbano, segundo os dados do IBGE. Em relação a casas em condomínios, Cruzeiro do Sul é o município com maior média, 2,44%.

Acompanhe
nossas
redes sociais