Pra não ir ladeira abaixo

Opinião

Sérgio Sant'Anna

Sérgio Sant'Anna

Publicitário

Assuntos e temas do cotidiano

Pra não ir ladeira abaixo

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Não é de hoje que pesquisas apontam a substituição do homem pela máquina – todos sabemos. Algo que me parece mais preocupante é identificar estudos sinalizando que não teremos pessoas suficientemente capacitadas para operar essas máquinas.

Desde 2018, quando publicou o Estudo Global Sobre a Crise de Talentos, a consultoria Korn Ferry aponta que até 2030 haverá um déficit global de 85 milhões pessoas proativas e capacitadas a “fazerem a roda girar” de maneira satisfatória para o mercado.

E quando falamos de mundo, pode ter certeza, o Vale do Taquari faz parte dele. Definitivamente o chamado ‘Interior’ superou a distância do acesso à informação e à tecnologia de base, o que nos permite avançar para outros patamares: o Vale contribui efetivamente para o agro, tem grandes exportadores, startups de alto valor, educação de ponta e perspectivas ascendentes.

O fato de termos vivenciado (e sofrido) com três desastres climáticos nos últimos meses só vem nos sinalizar que “fazemos parte do globo” – para o bem e para o mal. Ou seja, o planeta reage aleatoriamente aos desmandos sobre seu equilíbrio, indistintamente de quem provoca os danos, e temos que nos virar para seguir em frente.

Diante de um quadro preocupante, entre crise climática e falta de pessoas qualificadas, o modelo de “organizações baseadas em habilidades” me chama a atenção. Ao contrário de estruturas hierárquicas rígidas, esse modelo coloca as habilidades individuais no centro da estratégia empresarial, reconhecendo que a força de uma empresa reside na expertise diversificada e na capacidade ágil de seus colaboradores.

A IBM criou seus “SkillsBuild” para aprimorar competências técnicas e não técnicas; a GE (General Electric), em sua transformação, focou no desenvolvimento de habilidades e feedback contínuo; Spotify tem ‘tribos’ e ‘esquadrões’ organizados para objetivos específicos; Google oferece tempo para projetos paralelos e aprendizagem contínua. Pode parecer muito para algumas cabeças, mas, diante dos desafios, teremos que começar a pensar em abandonar a rigidez de funções fixas e centrar nas habilidades dos colaboradores.

As organizações baseadas em habilidades promovem uma cultura que valoriza a aprendizagem contínua e o desenvolvimento de novas competências. Isso não apenas permite que os colaboradores se mantenham relevantes em um ambiente de evolução constante, mas também proporciona à empresa um pool de talentos diversificado e capaz de enfrentar os desafios emergentes.

Em contrapartida, pesquisa da Gallup aponta que mais da metade de funcionários em todo o mundo está lutando contra burnout, emoções negativas diárias e um sentimento de que a organização não se importa com o seu bem-estar. Ou seja, é hora de aprendermos lidar com as pessoas e colocá-las dentro do negócio, fazendo com que suas habilidades sejam desenvolvidas, mesmo que para isso precisemos reinventar a roda. Caso contrário, tudo pode ir ladeira abaixo.

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