Pesquisador do Vale estuda fósseis de plantas na Antártica

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Pesquisador do Vale estuda fósseis de plantas na Antártica

Professor da Univates, André Jasper retornou da missão nesta semana. Expedição contou com profissionais de todo o Brasil, para estudar os paleoincêndios vegetacionais que ocorreram no local

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Atualizado quarta-feira,
31 de Janeiro de 2024 às 08:08

Pesquisador do Vale estuda fósseis de plantas na Antártica
Foto: Divulgação
Lajeado
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Temperaturas extremas. Geleiras, tempestades de neve e clima polar. Sob essas condições, o pesquisador e professor da Univates, André Jasper, ficou acampado na Ilha James Ross junto a um grupo de cientistas brasileiros que embarcou à Antártica em busca de fósseis de plantas. A expedição iniciou no dia 22 de dezembro. O pesquisador chegou ao Brasil nessa quarta-feira, 24.

André Jasper integrou um grupo de pesquisadores brasileiros que passou 35 dias na Ilha James Ross.
Entre os desafios da expedição, está o clima, caracterizado por temperaturas extremas (Foto: Divulgação)

Jasper retorna ao continente exatamente 30 anos após a primeira expedição ao local, em 1993, quando era bolsista de Iniciação Científica. O pesquisador, que trabalha com os temas da Paleobotânica e Paleoambientes, lidera o laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas do Museu de Ciências da Univates, e é vinculado aos cursos de Ciências Biológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento.

De acordo com ele, esta missão científica à Antártica faz parte do projeto Paleoantar do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do projeto Paleoclima da Unisinos. A pesquisa iniciou em 2005, com o estudo das ocorrências de paleoincêndios vegetacionais ao longo do tempo geológico. O projeto seguiu em diferentes etapas e, hoje, o grupo estuda os paleoincêndios que ocorreram na Antártica ao longo do Cretáceo, quando ainda existiam florestas na região.

A expedição

Foto: Divulgação

O grupo que Jasper integra esteve na Ilha James Ross por 35 dias, até iniciar o retorno ao Brasil a bordo do navio da Marinha Brasileira Ary Rongel (H-41). A expedição foi denominada Operantar 42.

“A pesquisa quer compreender a dinâmica dos paleoambientes da Antártica quando esta ainda estava sob condições climáticas mais amenas, capaz de abrigar uma biota complexa, incluindo plantas como as araucárias e animais como dinossauros e pterossauros”, ressalta o pesquisador do Vale.

Além disso, o projeto pretende estabelecer as conexões dessas condições com o continente sul-americano, com o qual a Antártica esteve conectada por milhões de anos no passado.

Ele ainda diz que, entre outros pontos, é possível destacar que a Antártica nem sempre foi um continente gelado. As condições climáticas se tornaram mais extremas a partir da abertura do Estreito de Drake, o que gerou uma alteração de longo prazo no ciclo climático global.

Com o estudo em abrangência mundial, o grupo já esteve na África do Sul, índia, América Central e Europa. As parcerias também permitem que os pesquisadores tenham acesso a material de outros países, principalmente os que compõem o Gondwana.

“A experiência tem sido excelente. Em termos de pesquisa, o material coletado nesta expedição dará suporte à pesquisa como um todo e possibilitará o desenvolvimento de trabalhos de graduação, mestrado e doutorado”, ressalta.

Além disso, algumas amostras serão incorporadas à exposição permanente do Museu de Ciências da Univates, o que possibilitará à comunidade regional ver os fósseis coletados de forma presencial na universidade.

Desafios

De acordo com Jasper, um dos maiores desafios para as pesquisas na Antártica é o recurso necessário e a logística envolvida. Outro é o clima. “Como se trata de um ambiente extremo, as alterações também se dão em condições muito rápidas e podem mudar de favoráveis para perigosas em questão de horas ou até minutos. Ser pego de surpresa por uma mudança drástica no clima estando a quase 10 km do acampamento não é uma experiência boa”, recorda.

O pesquisador diz que, para qualquer pesquisador, independente da área de conhecimento, a Antártica é uma experiência única.

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