A importância das reformas feitas

Opinião

Guilherme Cé

Guilherme Cé

Economista

A importância das reformas feitas

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Mesmo que o dado oficial ainda não tenha saído, o ano de 2023 fechará com crescimento econômico acima do previsto. Mas isso não é novidade, ao menos não nos últimos anos. Vimos o mesmo ocorrer em 2021 e 2022, quando as estimativas de início de ano erraram para menos. Enquanto alguns preferem atribuir esse mérito ao seu político preferido – seja ele qual for – já há estudos sérios indicando que estamos colhendo, pouco a pouco, o fruto das reformas feitas nos últimos anos.

Desde 2016 o Brasil passou por um ciclo reformista. Reformas adiadas há anos ou até décadas avançaram, como a Trabalhista (2017) e a Previdenciária (2019), além de reformas microeconômicas, novos marcos regulatórios e mais de 200 concessões feitas. Ainda é cedo para cravar o impacto exato dessas reformas nos atuais resultados do PIB, mas um estudo do Bradesco BBI, assinado por Guilherme Zimmermann e Fernando Cardoso, estimam um impacto de cerca de 0,6% do PIB por ano apenas em novos investimentos. Já um estudo do Sicredi, feito pela equipe liderada por André Nunes de Nunes, estima que as reformas geraram um crescimento do PIB potencial de 1,5% a 2% ao ano.

Há outros efeitos de mais difícil percepção, como o impacto da Reforma Trabalhista na queda do desemprego – que em 2023 apenas seguiu a tendência observada nos últimos anos. Sem falar em um efeito óbvio – mas não suficiente – da Reforma Previdenciária no gasto público: sem ela o nosso déficit seria ainda pior e a Previdência drenaria mais recursos de toda a sociedade para bancar aposentadorias de gente jovem e de maior renda.

Escrevo tudo isso para tentar fazer com que não deixemos de perceber algo importante e muitas vezes imperceptível. As reformas feitas a duras penas – e que muitos tentaram impedir de todos os jeitos – já geram e ainda gerarão efeitos positivos nos próximos anos. Mas também para sabermos que o Brasil ainda carece de reformas modernizantes e, tão importante quanto, não pode se dar ao luxo de desfazer os avanços conquistados. Felizmente em 2023 vimos avançar a Reforma Tributária que, com certeza, gerará efeitos positivos lá na frente.

Num país afoito por resultados imediatos é prudente nunca esquecermos que as mudanças levam, muitas vezes, anos para começar a gerar efeitos positivos e às vezes não percebemos as reais causas disso. O futuro do Brasil precisa de mais e mais reformas estruturais, que nos aproximem dos bons exemplos mundo afora, do que velhos planos desenvolvimentistas, envoltos em boas intenções, mas que, na prática, são parte dos culpados pelos nossos desequilíbrios fiscais e pelo crescimento medíocre observado nas últimas décadas.

Acompanhe
nossas
redes sociais