Economia para 2024 passa por ajuste fiscal e resultado do agronegócio

ECONOMIA E NEGÓCIOS

Economia para 2024 passa por ajuste fiscal e resultado do agronegócio

Analistas apontam cenários para o PIB, inflação, juros e câmbio. Desempenho depende dos gastos públicos. Conduta do parlamento para destinação de verbas às campanhas eleitorais nos municípios gera críticas de ex-governador. Conduta do parlamento para destinação de verbas às campanhas eleitorais nos municípios gera críticas de ex-governador

Por

Economia para 2024 passa por ajuste fiscal e resultado do agronegócio
Analistas ressaltam que ano começa com mais otimismo. Para Joaquim Levy, elevar a produtividade é uma receita para evitar aumento de impostos. (Foto: Filipe Faleiro)
Brasil
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O resultado do ano passado sobre os números da economia nacional foram melhores do que o projetado pelos economistas. Crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), associado ao controle da inflação, do câmbio e da redução dos juros surpreenderam as perspectivas do mercado.

Para 2024, a estimativa é de desaceleração, tanto por questões globais, como os conflitos na Europa e no Oriente Médio, quanto pela perspectiva de uma safra de grãos menor do que na safra passada.

A economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, considera o desempenho do ano passado excepcional. Os motivos estão na agropecuária, a criação de postos de trabalho formais, a queda no preço dos alimentos e a política de estímulos fiscais. “Algo que não vai se repetir agora”, destaca.

“Ainda que a desinflação continue, a intensidade deve ser menor, e os impulsos fiscais também. O que tende a favorecer a economia brasileira é a preservação do emprego e a menor taxa de juros.”

O ex-governador, Germano Rigotto, parte de uma análise mais otimista. Ele acredita que é possível superar o desempenho do ano passado. Para tanto, destaca a postura do Ministério da Fazenda, pela defesa de atingir o déficit zero em 2024.

Em cima disso, elogia a postura do ministro Fernando Haddad (PT), em manter a política de responsabilidade fiscal, apesar das pressões do Congresso Nacional e da própria base do Partido dos Trabalhadores.

Durante o EmpreInove, em novembro passado, o ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra, Joaquim Levy, analisou o cenário nacional. Para ele, o país reduziu a inflação sem passar por uma recessão. Inclusive com saldo positivo na balança comercial, com exportações significativas de petróleo, soja, milho e ferro. Comportamento que deve se repetir nos próximos dois anos.“Sem dúvida teremos desafios. Os fatores climáticos são um deles. Também a gestão fiscal do governo traz preocupação”, afirmou.

Neste ano, o Banco Central espera um crescimento de 1,7% do PIB, com uma inflação de 3,5%. A taxa Selic em baixa, podendo chegar a um dígito, além da cotação média do dólar em R$ 5.

Efeito das eleições

Duas decisões do congresso preocupam o ex-governador Germano Rigotto. Passa pelo uso de R$ 5 bilhões para o fundo partidário e a destinação de outros R$ 53 bilhões para emendas impositivas de deputados e senadores.

Para ele, a atitude dos parlamentares é um “escárnio” com a população. “Esse é o fisiologismo e o clientelismo da política. Não existe uma justificativa clara para isso.” Conforme Rigotto, os gastos com emendas têm pouca transparência e controle. Ficam distantes das necessidades do país, dos estados e dos municípios.

“Vergonha. É um absurdo inaceitável. Enquanto o governo não pode conter os gastos de forma impositiva, o Congresso tem a audácia de empurrar essa situação até junho, possivelmente visando as eleições. O fundo eleitoral de R$ 5 bilhões é outro escárnio, e que o presidente, infelizmente, não vetou”, critica Rigotto.

Economia em 2023

  • PIB
    Alta de 3,1% representa, segundo FMI, US$ 2,1 trilhões
  • INFLAÇÃO
    4,68% em 12 meses
  • TAXA DE JUROS
    Começou em 13,75%
    Fechou o ano em 12,25%
  • BALANÇA COMERCIAL
    Sado de US$ 84,7 trilhões
  • CÂMBIO
    Cotação média do dólar foi de R$ 4,99

Perspectivas para 2024

  • PIB
    Entre 1,5% até 2%
  • Inflação
    Relatório Focus aponta 3,91%
  • Juros
    9,25%, segundo o Banco Central
  • Balança Comercial
    Entre US$ 62 trilhões até US$ 85 trilhões de superávit
  • Câmbio
    Pelo relatório Focus, média de R$ 5

Análises

“Após os resultados surpreendentes de 2023, o que esperar deste ano?”

Acompanhe
nossas
redes sociais