O resultado do ano passado sobre os números da economia nacional foram melhores do que o projetado pelos economistas. Crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), associado ao controle da inflação, do câmbio e da redução dos juros surpreenderam as perspectivas do mercado.
Para 2024, a estimativa é de desaceleração, tanto por questões globais, como os conflitos na Europa e no Oriente Médio, quanto pela perspectiva de uma safra de grãos menor do que na safra passada.
A economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, considera o desempenho do ano passado excepcional. Os motivos estão na agropecuária, a criação de postos de trabalho formais, a queda no preço dos alimentos e a política de estímulos fiscais. “Algo que não vai se repetir agora”, destaca.
“Ainda que a desinflação continue, a intensidade deve ser menor, e os impulsos fiscais também. O que tende a favorecer a economia brasileira é a preservação do emprego e a menor taxa de juros.”
O ex-governador, Germano Rigotto, parte de uma análise mais otimista. Ele acredita que é possível superar o desempenho do ano passado. Para tanto, destaca a postura do Ministério da Fazenda, pela defesa de atingir o déficit zero em 2024.
Em cima disso, elogia a postura do ministro Fernando Haddad (PT), em manter a política de responsabilidade fiscal, apesar das pressões do Congresso Nacional e da própria base do Partido dos Trabalhadores.
Durante o EmpreInove, em novembro passado, o ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra, Joaquim Levy, analisou o cenário nacional. Para ele, o país reduziu a inflação sem passar por uma recessão. Inclusive com saldo positivo na balança comercial, com exportações significativas de petróleo, soja, milho e ferro. Comportamento que deve se repetir nos próximos dois anos.“Sem dúvida teremos desafios. Os fatores climáticos são um deles. Também a gestão fiscal do governo traz preocupação”, afirmou.
Neste ano, o Banco Central espera um crescimento de 1,7% do PIB, com uma inflação de 3,5%. A taxa Selic em baixa, podendo chegar a um dígito, além da cotação média do dólar em R$ 5.
Efeito das eleições
Duas decisões do congresso preocupam o ex-governador Germano Rigotto. Passa pelo uso de R$ 5 bilhões para o fundo partidário e a destinação de outros R$ 53 bilhões para emendas impositivas de deputados e senadores.
Para ele, a atitude dos parlamentares é um “escárnio” com a população. “Esse é o fisiologismo e o clientelismo da política. Não existe uma justificativa clara para isso.” Conforme Rigotto, os gastos com emendas têm pouca transparência e controle. Ficam distantes das necessidades do país, dos estados e dos municípios.
“Vergonha. É um absurdo inaceitável. Enquanto o governo não pode conter os gastos de forma impositiva, o Congresso tem a audácia de empurrar essa situação até junho, possivelmente visando as eleições. O fundo eleitoral de R$ 5 bilhões é outro escárnio, e que o presidente, infelizmente, não vetou”, critica Rigotto.
Economia em 2023
- PIB
Alta de 3,1% representa, segundo FMI, US$ 2,1 trilhões - INFLAÇÃO
4,68% em 12 meses - TAXA DE JUROS
Começou em 13,75%
Fechou o ano em 12,25% - BALANÇA COMERCIAL
Sado de US$ 84,7 trilhões - CÂMBIO
Cotação média do dólar foi de R$ 4,99
Perspectivas para 2024
- PIB
Entre 1,5% até 2% - Inflação
Relatório Focus aponta 3,91% - Juros
9,25%, segundo o Banco Central - Balança Comercial
Entre US$ 62 trilhões até US$ 85 trilhões de superávit - Câmbio
Pelo relatório Focus, média de R$ 5
Análises
“Após os resultados surpreendentes de 2023, o que esperar deste ano?”