Empatia x entretenimento

Opinião

Ezequiel Neitzke

Ezequiel Neitzke

Jornalista

Coluna esportiva

Empatia x entretenimento

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A empatia, definida pelo dicionário Aulete como a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende, é um valor fundamental em nossa sociedade.

Na última semana, o Vale do Taquari ganhou destaque mundial devido à cheia do Rio Taquari, que resultou em desgraça, destruição, perda de vidas, desaparecimentos e milhares de pessoas desabrigadas. No entanto, em meio a essa tragédia, surgiram questionamentos sobre a manutenção de competições e eventos na região.

Algumas pessoas argumentaram que, apesar da terrível situação, era importante seguir adiante e até mesmo arrecadar donativos para ajudar as vítimas. No entanto, é legítimo questionar onde fica a empatia em situações como essas, onde a sensibilidade humana parece ceder lugar a outros interesses. Seria tão difícil adiar uma rodada esportiva ou um evento em respeito às pessoas afetadas?

Como morador de Marques de Souza, recordo a cheia do Rio Forqueta em janeiro de 2010. Naquela ocasião, a cidade contou com o apoio e a solidariedade de toda a comunidade gaúcha, o que permitiu uma rápida reconstrução. Portanto, quando soube que a rodada de abertura do Campeonato Municipal de Futsal estava mantida tão pouco tempo após a tragédia no Vale do Taquari, senti um aperto no peito e uma profunda tristeza.

É importante notar que Marques de Souza não foi afetada pela cheia em 2023, uma vez que o Rio Forqueta e os arroios que cortam a cidade permaneceram dentro de seus leitos. No entanto, a manutenção dos jogos esportivos pode ser compreendida de maneira diferente quando não se tem vínculos pessoais com as vítimas e suas dificuldades.

Não podemos ignorar que a promoção de eventos esportivos não foi uma exclusividade de Marques de Souza. Em Venâncio Aires, mais de duas mil pessoas foram afetadas pela enchente, e o distrito de Mariante viveu a pior cheia de sua história. Em meio a essa adversidade, alguns administradores, empresários e membros da comunidade se uniram para ajudar aqueles que precisavam desesperadamente de assistência. No entanto, em outras partes da cidade, onde a água não representava uma ameaça, competições de futsal, futebol de campo e até mesmo uma rústica foram realizadas.

É importante refletir sobre como podemos equilibrar nossos interesses individuais com a empatia e a solidariedade diante de desastres naturais e crises. A compreensão das necessidades das vítimas e o adiamento de eventos quando apropriado são demonstrações de empatia que contribuem para a construção de uma sociedade mais compassiva e unida.

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