A primeira vitima é sempre a verdade

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A primeira vitima é sempre a verdade

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“A verdade é aquilo que sobra depois que você esgotou todas as mentiras.”
Millôr Fernandes

Claramente o dia 8 de janeiro não é o dia dos patriotas. No entanto, é um dia que precisa ser melhor explicado e entendido, ou entrará para a história como o dia de quem contou a melhor narrativa.
Para quem não está preso mentalmente a um dos dois extremos interessa saber a verdade, chega de narrativas, venham do lado que vierem.

Pois bem, para a esquerda houve ali uma clara tentativa de impedir a posse de um presidente regularmente eleito.

Para a direita ali estavam cidadãos que de livre e espontânea vontade foram aos quartéis e a praça dos 3 poderes protestar pacificamente. Mas algo saiu do controle e prédios públicos foram invadidos. Quando algumas imagens se tornaram públicas, se esperava ver uma turba homogênea tomando conta dos prédios sem manifestar vontade de sair.

Para surpresa de muitos, não foi o que as imagens mostraram: alguns pareciam estar passeando, surpresos até por conseguirem adentrar com tanta facilidade o coração dos três poderes. Outros estavam agitados, indo de um lado para o outro e finalmente havia um pessoal quebrando e saqueando.

Tudo faria mais sentido e estaria mais fácil de entender se não tivessem aparecido integrantes do atual governo entre os manifestantes em atitudes de difícil compreensão.

Mas para piorar, as imagens que se tornaram públicas não ajudam a entender a situação. Um general, responsável pela segurança institucional se demite logo após a confusão e enquanto um lado grita golpe e o outro grita armação.

Em quem acreditar?

Uma CPI foi iniciada e uma de suas primeiras solicitações foi a íntegra das imagens do fatídico dia. Algo elementar, se foi um golpe ou uma invasão provocada por patriotas com cabeça de vento, as imagens nos ajudariam a entender.

Só que a partir desse momento algo estranho começa a acontecer no Ministério da Justiça que ao invés de optar pela clareza, opta pela dubiedade. Primeiro o ministro Dino alega sigilo das imagens que estariam em posse da polícia federal, depois pede mais prazo para entregá-las, em um terceiro momento alega necessitar de uma autorização do STF, fornecida essa ele alega destruição das imagens devido a um mero contrato de prestação de serviços.

Na última semana, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que o Ministério da Justiça entregou imagens de apenas quatro câmeras das 185 existentes na pasta. Ou seja, imagens capturadas por 181 aparelhos foram retidas ou apagadas.

Questionado o ministro Dino respondeu de forma totalmente inapropriada: “Essas imagens vão mudar a realidade dos fatos? Não, não vai aparecer um disco voador.” (…) “as gravações são absolutamente irrelevantes para as investigações”.

Dino vai acabar sendo a primeira vítima do fatídico dia 8 de janeiro…

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