A história brasileira está repleta de iniciativas de desenvolvimento bem intencionadas que, ao invés de crescimento econômico duradouro, trouxeram resultados pífios – quando não extremamente custosos ao país. Políticas públicas mal desenhadas, repletas de alocação ineficiente de recursos e sem a devida avaliação dos seus resultados são regra. Exceção são os projetos bem sucedidos de fato. Porém, mesmo com retumbantes fracassos desenvolvimentistas, é quase crime ousar criticar novas (ou velhas) iniciativas de induzir o crescimento econômico por governos, sejam eles quais forem. Claro que crime maior é criticar um governo petista que, pior do que não ter reconhecido os próprios erros, parece ter aprendido pouco com eles.
O PAC 3, lançado recentemente, é comemorado por grande parcela da sociedade. Infelizmente, deveríamos ter aprendido com o passado e a comemoração deveria dar lugar a questionamentos se faz sentido econômico e social, outra vez, tais escolhas. As promessas de obras – muitas delas necessárias, claro – não deveriam nos fazer esquecer de que nem sempre querer é poder ou, também, se essa escolha é de fato a melhor e mais eficiente.
Durante os PAC I e II, nos governos Lula e Dilma, respectivamente, quem ousou criticar o desenvolvimentismo estatal, em grande parte desenhado de maneira ideológica e não técnica, era chamado de pessimista ou de torcer contra o país. A conta tardou, mas chegou. Obras inacabadas, recursos dos pagadores de impostos mal aplicados, desvio bilionários e a maior crise econômica dos últimos 100 anos não foram suficientes para enterrar definitivamente a crença na capacidade desenvolvimentista do Estado brasileiro. Uma pena.
Mesmo que o PAC 3 se diferencie em parte dos programas anteriores, ele repete velhos erros. Má alocação de recursos públicos, falta de responsabilidade fiscal em um país com dívida pública elevada para países em desenvolvimento e déficit previsto, uso de estatais para alavancar investimentos públicos são alguns dos problemas. O novo programa pode, outra vez, seduzir, mas seu fim é previsível, seja na repetição dos resultados específicos do programa, seja comprometendo o quadro fiscal e o crescimento do país.
De positivo temos que parte da sociedade e, espero, da classe política, ainda tem memória da década passada e das trágicas consequências das escolhas econômicas de então. Talvez essa seja a esperança para evitar que as escolhas do presente ganhem força e nos joguem numa grave crise do futuro – mesmo que, de antemão, já posso afirmar sem medo de errar: os culpados serão os outros. O fato é que ao invés de buscar fazer o que deveríamos ter feito, parece que preferimos repetir justamente os velhos erros do passado.