O boom das coisas

Opinião

Sérgio Sant'Anna

Sérgio Sant'Anna

Publicitário

Assuntos e temas do cotidiano

O boom das coisas

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Longe de vivermos os dramas descritos no filme de Steven Spielberg (Artificial Inteligence: A.I., 2001), a verdade é que a inteligência artificial passou a fazer parte do nosso tempo. Tanto que já suscita polarização, manifestos e movimentos. No início do ano, artistas entraram com uma ação coletiva na corte norte-americana contra empresas responsáveis pelo desenvolvimento de ferramentas de IAG (inteligência artificial generativa), capaz de criar arte a partir de bilhões de imagens retiradas da internet.

Em março, Elon Musk, Steve Wosniak (cofundador da Apple), criadores de startups de AI e mais de mil pesquisadores e empreendedores da área de tecnologia emitiram carta aberta pedindo uma pausa de seis meses no desenvolvimento de novas ferramentas de AI. Seria apenas uma preocupação com reserva de mercado ou essas figuras do mais alto calibre sabem de algo que ainda não está ao nosso alcance?

Por mais que o termo regulamentação muitas vezes soe como censura – e realmente isso é algo temerário –, não temos como fugir. Da mesma forma, digo quanto ao projeto de lei (PL) das fake news. Se as próprias plataformas conduzissem um processo de autorregulamentação, não estaríamos diante de tanta discórdia e jogos de interesses. São temas que angustiam ainda mais os envolvidos nos impactos dessas transformações. Em síntese, todos nós.

O assunto alimenta os desafios que o século traz, pontuado por Jamais Cascio em seu “Facing the age of Chaos”, de 2020, onde apresenta a expressão Mundo BANI, acrônimo de frágil, ansioso, não linear e incompreensível – em sua versão em inglês. O termo Mundo BANI não chega a ser um contraponto, mas um avanço do termo Mundo VUCA, criado pelo Exército Americano ainda nos anos 1980, no pós-Guerra Fria, para descrever as incertezas, complexidades e ambiguidades de um mundo volátil, que caminhava para um novo tempo, para o qual não havia certezas nem garantias.

O longo período de pandemia nos levou para um estágio de incompreensão dos fatos e do quanto somos frágeis diante das transformações, provocadas ou não pelo ser humano. E não se trata de mimimi de uns e outros, mas sim de uma condição, um estado de espírito que por vezes acomete o indivíduo. Olhar para as pessoas que estão à nossa volta, sejam familiares ou equipes, e entender que precisamos trabalhar em conjunto para auxiliar no combate a essa fragilidade é também um exercício de liderança e condução dos negócios e da vida em geral.

Precisamos de pessoas antifrágeis e mais estáveis em suas posições. Para isso, o desenvolvimento de habilidades e competências se faz necessário no dia a dia. Trazer à mesa os temas mais sensíveis, discutir e alinhar decisões integradas é parte desse processo, já que há uma dificuldade por parte das pessoas de embarcarem nos projetos que não sejam exclusivamente delas.

Precisamos vivenciar a transição do Comando e controle para o Empoderamento criativo, da Reação e aversão a risco para o Intraempreendedorismo e da Vantagem competitiva para a Vantagem cooperativa, como já apontou Idris Mootee. Os fatos se avolumam cada vez mais, o paradoxo entre atenção e distração está refletido na inúmera quantidade de informação útil e descartável que temos em nossas mãos. A economia avança, as possibilidades de negócios populam nossas telas diariamente.

Em particular, no Vale do Taquari, o empresariado virou a chave e amplia seu olhar para os movimentos crescentes que instigam sua capacidade de comercialização de produtos e serviços. O boom das coisas não para. Seu ponto de vista é que vai definir os impactos da explosão.

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