Média de acidentes  por dia chega a 3,2  em 2022, diz estudo

TRÂNSITO EM LAJEADO

Média de acidentes por dia chega a 3,2 em 2022, diz estudo

Levantamento inédito mapeia pontos que mais registraram ocorrências de trânsito no município. Cruzamento da BR-386 com a Avenida Pasqualini lidera lista. Entre os bairros, Centro é o primeiro. A partir desta análise, são apontadas medidas necessárias. Algumas já estão em execução, enquanto outras necessitam de estudos mais aprofundados

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Atualizado quarta-feira,
26 de Abril de 2023 às 14:38

Média de acidentes  por dia chega a 3,2  em 2022, diz estudo
Ao todo, 18 acidentes foram registrados no cruzamento da BR com a Pasqualini. Melhorias dependem da concessionária. Crédito: Mateus Souza
Lajeado

Estudo inédito desenvolvido pela Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade (Seplan) a partir de dados do município e das forças de segurança mapeou os pontos com maior índice de acidentes de trânsito em Lajeado. Os dados, referentes a 2022, mostram que o entroncamento da BR-386 com a avenida Alberto Pasqualini, no bairro São Cristóvão, é o campeão em ocorrências.

Foram 18 acidentes ao longo do ano naquele ponto. Desde agosto do ano passado, o trevo recebe intervenções da CCR ViaSul, concessionária da rodovia. A remodelação visa, principalmente, aumentar a segurança de motoristas e pedestres. A obra, porém, está parada há duas semanas devido a impasses no contrato com a Eurovias.

Coordenado pelo engenheiro da Seplan, Cleiton Felipe Pinto, o estudo serve de base para que o município busque soluções a esses trechos mais críticos. Ao todo, foram 1.178 acidentes no ano passado, em 379 cruzamentos diferentes. Uma média de 3,2 acidentes por dia. Todos os bairros registraram, ao menos, uma ocorrência, sendo o Centro, com 295, o líder da lista.

“Nós tínhamos um problema para realizar análises dos acidentes, que eram divididos entre os sem lesões, atendidos pelo Trânsito, e os com lesões (Brigada Militar e Polícia Civil). Existia a necessidade de unificar esses dados em um mapa. Então, levantamos os acidentes e agora vamos buscar as soluções”, salienta.

Medidas recomendadas

No estudo, além de apontar a quantidade de acidentes por trecho, a Seplan indica também as medidas recomendadas. Em alguns, são intervenções mais simples, enquanto outros necessitam de estudos mais elaborados. “A ideia é começar a colocar em prática essas melhorias. Algumas já estão acontecendo”, lembra o engenheiro.

O material é relevante, sobretudo, para justificar alterações. “Assim, a população pode ter ciência do porquê vamos implantar mais um semáforo em determinada avenida, ou construir uma rotatória. Esses trabalhos são importantes para análise. E como já estão sendo feitas melhorias na sinalização, é um importante complemento”.

Ao todo, 18 acidentes foram registrados no cruzamento da BR com a Pasqualini. Melhorias dependem da concessionária. Crédito: Mateus Souza

Suporte necessário

Para o coordenador do Departamento de Trânsito de Lajeado, Vinicius Renner, o estudo da Seplan corrobora determinadas medidas adotadas pelo município, bem como ajuda a embasar pedidos futuros. “Todos nós sabíamos do que é preciso para alguns trechos. Mas esse levantamento também nos dá o suporte necessário para executar”, salienta.

Para Renner, também reforça que o efetivo do setor chefiado por ele precisa de reforços. “Hoje temos 32 agentes divididos em três turnos. O ideal seria o dobro disso. Não damos conta do número de ocorrências. E aí trabalhamos não preventivamente, e sim correndo atrás, o que não é legal. Deixamos de coibir infrações e de atuar em pontos específicos para baixar os índices de acidentes”.

A principal forma de coibir acidentes, para Renner, é o controlador de velocidade. “Infelizmente muita gente não respeita. E para comprovar que aquele veículo estava trafegando além do permitido, tem que ter um equipamento adequado. Temos que romper com essa ideia de indústria da multa, de que isso tira voto. As vidas estão acima disso”.

Fator humano

Para o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Augusto Alves, o planejamento urbano é importante no sentido de mitigar os acidentes de trânsito. Segundo ele, em muitos casos, uma geometria de via não adequada pode contribuir para a elevação dos índices em determinados trechos.

“Se pegarmos o caso da Pasqualini com a BR, é uma questão onde a rodovia foi duplicada, a alça ampliada e a geometria ficou apertada. A curva fica muito fechada e se torna mais perigosa. Em diversas vias existem questões de desenho que podem resultar em mais acidentes, como uma má sinalização ou pontos cegos”, cita.

Para ele, no entanto, não é possível fugir do fator humano nessas análises. O fato de 141 acidentes ocorrerem em cruzamentos com semáforos é sintomático. “As pessoas são muito displicentes no trânsito, no sentido de não seguir as regras. As vezes não adianta ter o melhor projeto do mundo para uma via se as pessoas não fazem a sua parte”.

Novo estudo

Conforme Pinto, a ideia é que o estudo seja divulgado, no mínimo, de forma anual. Mas uma nova coleta pode sair nos próximos meses. “Nós tínhamos certa urgência em entender os pontos mais prioritários. A ideia é que o próximo relatório tenha informações a mais, e será possível fazer comparativos”.

O engenheiro destaca o papel do secretário de Planejamento de Lajeado, Giancarlo Bervian, na condução dos trabalhos. “Ele apoiou muito, fez uma importante intermediação com os entes”. Bervian deixa o cargo nesta semana, após três anos à frente da pasta.

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