Detalhes  apaixonantes

Opinião

Júlia Amaral

Júlia Amaral

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Detalhes apaixonantes

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Era só mais um dia de aula. Pela janela do ônibus, o caminho de Lajeado para Cruzeiro do Sul apresentava sempre o mesmo cenário: bois e vacas, mato, poucas casas. Na década de 1960 tudo era mais lento. A única coisa que poderia mudar era o que esperava o fim do destino. Quanto mais o ônibus se aproximava do terminal na rodoviária, mais nítida ficava a imagem do rapaz que chamava atenção pela beleza. Quem é ele? Parecia de um conhecido antigo. Uma memória de infância, talvez? Afinal, o pai dele estava sempre na casa dela.

Não demorou para que os olhares evoluíssem. O fervo da juventude sempre encontra uma brecha para fazer o que precisa ser feito. Bastavam algumas matinês para facilitar a aproximação e deixar o interesse escancarado. “O filho do Osvaldo, claro. Ele sabia que isso ia acontecer”. Em pouco tempo a data do casamento foi marcada. O que era premeditado pelos pais durante a infância dos filhos já dura mais de meio século. Como é que eles sempre sabem de tudo?

Não sei. Só sei que nada pode empolgar mais uma jovem repórter do que, depois de acomodada na sala de desconhecidos, ouvir um simpático “Olha, menina… A nossa história até que é bem interessante”.

Sair da redação com o bloco de notas e uma câmera e voltar com uma história de amor daquelas que até faz a gente tirar onda de romancista. O texto jornalístico nos impede de fantasiar, mas não é só disso que vive um jornal. Nem a vida.

Enfeitar os grandes acontecimentos (e as banalidades também) em um texto, uma fotografia ou na memória, ajuda a manter a vida mais bonita. Prestar atenção nos detalhes e contar histórias com paixão. Que profissão bonita, não é?

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