150 anos da Paróquia Santo Antônio

Opinião

Raica Franz Weiss

Raica Franz Weiss

150 anos da Paróquia Santo Antônio

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No início da colonização de Estrela, as primeiras missas eram realizadas no sobrado de Antônio Vítor de Sampaio Mena Barreto. Considerado o fundador do município, seu nome, hoje, batiza a Praça Matriz da cidade e também deu origem aos santos padroeiros de Estrela e Novo Paraíso, Santo Antônio e São Vítor, respectivamente.

A primeira capela de Santo Antônio, conforme o livro “Estrela Ontem e Hoje” (Schierholt, 2002), foi construída em frente ao sobrado dos Mena Barreto, em um terreno onde fica a antiga Cervejaria Polar, no entorno da praça. Por volta de 1869, esse espaço era atendido por diferentes padres jesuítas que passavam pela localidade, em especial, o padre João Batista Gassner.

Nos anos seguintes, um grupo se reuniu com o intuito de criar uma paróquia para a cidade, em uma nova localização (onde hoje está a Matriz). Formada por Antônio Mena Barreto, Carlos Altmayer, Paulo Mallmann, Valentim Schossler e João Eckert, essa comissão conseguiu desmembrar a capela de Santo Antônio da Paróquia de São José de Taquari, na cidade-mãe do Vale. Assim, em 2 de abril de 1873, foi criada a Paróquia de Santo Antônio, tendo como seu primeiro vigário, o padre Francisco Schleipen.

A partir de então, a localidade de Estrela passou a ser chamada de Freguesia de Santo Antônio de Estrela. Essa autonomia religiosa foi essencial para a emancipação política do município, que ocorreu três anos depois, em 1876. Naquele tempo, o Império ainda administrava o Brasil e não havia separação entre Estado e Igreja.

Uma pesquisa do professor Leônidas Erthal, de Estrela, detalha que o primeiro batizado registrado na nova paróquia data de 6 de julho de 1873, Carolina Gregory, filha de Mathias e Sara Schneider Gregory. O primeiro casamento foi realizado no mesmo dia também, entre Pedro Kronbauer e Guilhermina Sulzbach.

O primeiro vigário da Paróquia Santo Antônio, o padre Francisco Schleipen

Por volta de 1879, com o aumento da população de Estrela, foi decidido ampliar a pequena igreja, que já funcionava no terreno atual da Matriz. A obra foi concluída no ano seguinte. Em 1889, dez anos depois, uma nova ampliação foi necessária. As duas torres da igreja ficaram prontas em 1890, mas a nova estrutura do templo só foi finalizada em sua totalidade em 1892.

Até 1923, a Paróquia Santo Antônio era administrada por padres jesuítas, a partir de então, passou à coordenação de padres seculares (ligados a uma diocese, raramente transferidos), sendo o primeiro o Pe. Pedro Hillesheim.

O principal templo católico de Estrela também tem ligação com outras instituições da cidade. Em 1897, por exemplo, o primeiro vigário, Francisco Schleipen, fundou o Colégio Santo Antônio, das Irmãs Franciscanas. Foram essas mesmas religiosas que deram início, em 1929, ao Hospital Estrela, hoje administrado pela Divina Providência. Em 1950, os Irmãos Maristas iniciaram a construção do Ginásio Cristo Rei, onde hoje está a Escola Vidal de Negreiros.

Ao lado da Igreja, o sobrado de Antônio Vítor de Sampaio Mena Barreto, que foi doado para ser a primeira Intendência de Estrela (prefeitura). Mena Barreto também doou o terreno para a praça (que leva seu nome), da igreja e do cemitério. FOTOS: Acervo Airton Engster


O tic tac da Igreja

Mais do que anunciar as horas para a cidade, o primeiro relógio da Igreja Matriz Santo Antônio teve papel fundamental na história de Bruno Schwertner, conhecido em Estrela, no século XX, como o “gênio dos relógios”.

Em 1892, o jovem Bruno foi chamado para consertar um relógio muito antigo e fora de uso que a Matriz de Estrela havia recebido. Autodidata, conseguiu compreender o mecanismo em poucos meses. Esse relógio funcionou na Igreja Santo Antônio por 47 anos, quando foi substituído por outro, também montado por Bruno. Ainda hoje, mais de 200 cidades brasileiras têm equipamentos de sua autoria.

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