Lajeado tem sétima maior renda média do RS

Política e cidadania

Lajeado tem sétima maior renda média do RS

No país, município fica em 42º, conforme detalha o Mapa da Riqueza. Levantamento da FGV Social aponta renda média superior a R$ 2,4 mil e revela que quase 25% da população declaram imposto de renda. Por outro lado, análise indica também desigualdade crescente

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Lajeado tem sétima maior renda média do RS

Estudo da FGV Social, braço da Fundação Getúlio Vargas, mostra o crescimento da desigualdade no país com a pandemia. Ao mesmo tempo, reforça que o Vale do Taquari possui uma condição acima de boa parte dos estados. O Mapa da Riqueza, divulgado neste mês, busca mostrar onde estão os mais ricos e detalhar a distribuição geográfica.

O levantamento é feito com base nos dados do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), divulgados pela Receita Federal, e da Pnad Contínua, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na região, Lajeado lidera em ambos os quesitos. Tem a maior renda média (R$ 2.443,49) e também entre os declarantes do imposto (R$ 9.911,16). 

Lajeado aparece bem colocado também nos rankings estaduais (7º e 11º) e nacionais (42º e 80º) de renda média e de renda média dos declarantes, respectivamente. No município, pouco mais de 24% declaram o Imposto de Renda, conforme o estudo. Como efeito de comparação, no país este índice é de 14,9% e no RS, de 19,6%.

Quem também se destaca é Imigrante, dona da segunda maior renda média geral (R$ 1.855,56) e entre os declarantes (R$ 9.733,07). Na outra ponta, Canudos do Vale tem os menores números regionais, porém bastante acima dos piores do país.

Análise útil

Ao mapear fluxo de renda e estoques de ativos dos mais ricos, o estudo da FGV Social serve de  análise útil na discussão e desenho de reformas nas políticas de impostos sobre a renda e o patrimônio.

Os dados do estudo foram feitos tendo 2020 como ano-base. Foi um período quase todo afetado pela pandemia da covid-19, que trouxe impactos significativos na vida das pessoas. Medidas federais foram tomadas para preservar o emprego de parte da população e garantir uma renda a quem estava sem trabalho, mas a análise geral é de que a desigualdade não diminuiu. 

“A desigualdade de renda no Brasil é ainda maior do que o imaginado quando incorporamos o topo da distribuição usando dados do Imposto de Renda, indo para ponta do ranking mundial. Se a fotografia da distribuição de renda é péssima, o filme da pandemia também é”, afirma o coordenador do estudo, Marcelo Neri.

Discrepâncias 

A economista e doutora em desenvolvimento regional, Cintia Agostini considera que o ranking da FGV Social confirma disparidades entre regiões e mostra discrepâncias mesmo quando 

há a comparação local. Cita o caso de Lajeado, onde a renda dos declarantes do Imposto de Renda é quase cinco vezes maior do que a renda média geral.

“Isso nos ajuda a compreender a questão da concentração de renda. Pois quem está 

na ponta, fica muito acima da média populacional. Eles fazem a média subir, mas é só uns que ganham mais do que outros. O Mapa da Riqueza olhou muito para isso, a partir da outra ponta e mostrar essa diferença”, pontua.

Em nível regional, por outro lado, Cintia ressalta que o ranking corrobora com a tese de que o Vale do Taquari é uma região onde, em geral, a população possui uma boa renda e patrimônio adequado. “Apesar de haver concentração de riqueza, é uma região mais igual, dinâmica e diversa, onde a formalização do emprego é maior. Isso é demonstrado pelos dados do estudo”.

 

Dados fidedignos

Para Cintia, o estudo da FGV Social dá luz ao debate sobre a concentração de renda, que reforça o tamanho da desigualdade social no país. “É um desafio gigante conseguir pensar a sociedade brasileira como um todo. Precisa de melhores condições. Se tu tem uma renda média maior, as pessoas vivem melhor, tem mais qualidade de vida. Se a renda é baixa, há mais precarização”.

Ao utilizar os números do Imposto de Renda, Cintia avalia que o estudo traz um “dado fidedigno” sobre a realidade da população brasileira. Porém, lembra que é preciso também levar em consideração as diferentes realidades existentes no país.

“Uma coisa é você ter uma renda de R$ 2,5 mil no Vale. Outra coisa é ter a mesma renda em Porto Alegre, ou Brasília. Nesse estudo, estamos nivelando todos de forma igual, mas sabemos que os custos de vida são diferentes. É preciso ter esse olhar”.

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