No alto de um morro, na Chapada Diamantina, na Bahia, o lajeadense Leandro Von Muhlen, 42, encontrou um lar. Insatisfeito com o trabalho em um banco e com a vida pacata da cidade, em 2016, colocou a kombi na estrada e decidiu conhecer o Brasil. Hoje, é proprietário do Kombi Hostel nas terras nordestinas, que proporciona aos hóspedes a experiência de passar a noite em cabanas sobre rodas.
Quem visita a hospedaria em meio à natureza são viajantes de todos os lugares do mundo. Aqueles que passam pela experiência elogiam a iniciativa e dizem terem visitado um dos lugares mais bonitos do planeta.
“Essa é a proposta. Tempo para conhecer todos os lugares que eu gostaria, eu não vou ter. Então inverti o jogo, criei um espaço onde o mundo vai passar por aqui”, conta Leandro.
A decisão
O lajeadense saiu da cidade pela primeira vez aos 20 anos, para trabalhar em um cartório, em Porto Alegre. Depois de 9 anos, passou em um concurso na Caixa Econômica Federal, onde atuou por quase uma década.
Durante o período, apesar da boa condição financeira e estabilidade que o trabalho proporcionava, não se sentia pertencente ao ambiente. E, ao mesmo tempo em que lidava com a vontade de largar o emprego formal e cair na estrada, Leandro comprou uma kombi e cultivou o desejo de transformá-la em casa.
A insatisfação profissional e a ruptura de um relacionamento antigo fizeram ele tomar a decisão. Pouco tempo depois, pediu demissão no banco para ajudar um amigo a abrir um hostel na Ilha do Campeche, em Florianópolis.
Por 15 anos, a companheira de viagem de Leandro foi a cachorra Nina. Crédito: Arquivo pessoal
A segunda mudança
Depois de sete meses de trabalho na hospedaria, Leandro queria uma nova aventura. Com a kombi já mobiliada, se despediu de Santa Catarina e foi em direção ao norte e nordeste, até chegar na Chapada Diamantina, na Bahia.
Foi lá, em Palmeiras, no Vale do Capão, que o viajante encontrou um terreno para tirar outro sonho do papel. “Há um tempo eu imaginava montar um quarto na kombi pras pessoas dormirem e terem essa experiência. Aquilo me marcou e fiquei com a ideia na cabeça por uns quatro anos”, conta.
A primeira kombi que fez parte do espaço foi a que morava. Mais tarde, uma estrutura de concreto foi criada, com um quarto com seis camas para os hóspedes. Desde outubro, duas novas kombis compõem as cabanas sobre rodas oferecidas no hostel. Desta vez, temáticas. Uma delas, com imagens e objetos da Jamaica. A outra, do Uruguai.
A ideia é que, à medida em que a demanda aumente, mais sete motorhomes possam ser estacionados no terreno, com nomes e características de outras nacionalidades da América Latina.
Lembranças e novas aventuras
Desde a decisão de viver na estrada, Leandro era acompanhado da cachorra Nina. O viajante conta que ela esteve com ele por 15 anos. Mesmo depois de sua morte, a imagem de Nina ainda é visível nos desenhos do hostel e na memória do lajeadense que, agora, tem o sonho de abrir uma sede da hospedaria, também, na Amazônia.
