Lula vence com a menor diferença da história

ELEIÇÕES 2022

Lula vence com a menor diferença da história

Campanha marcada pelo radicalismo se confirma nas urnas. Candidato do PT venceu com 50,9% dos votos válidos. Desafio do presidente a partir de 1º de janeiro passa por arrefecer ânimos dos eleitores contrários, reduzir a divisão no país e não cometer erros do passado

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Lula vence com a menor diferença da história
Foto: Divulgação

Com a menor diferença da história desde a redemocratização, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta ao cargo máximo da República após 12 anos. Até as 21h30min de ontem, com 99,97% dos votos apurados, Lula teve mais de 60,3 milhões de votos (50,90%), enquanto o atual presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL), teve a preferência de 58,1 milhões de eleitores (49,10%).

A vantagem do petista foi de cerca de 2,2 milhões de votos. A menor desde a redemocratização do país. O resultado em favor de Lula foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às 19h57min desse domingo. Deste modo, o Partido dos Trabalhadores retorna ao Planalto após um intervalo de seis anos.
“Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação”, disse durante o discurso da vitória em São Paulo.

Em termos de economia, destacou o intuito de fortalecer políticas públicas voltadas aos pequenos e médios produtores rurais, para pequenos empresários e micro empreendedores, além de buscar meios de garantir salários iguais entre homens e mulheres.

Como prioridades da gestão, citou o combate à extrema pobreza e a fome, além de manter o diálogo com o Judiciário e com o parlamento. “Não vamos intervir, cooptar ou tentar controlar. Queremos uma convivência harmoniosa com os três poderes. A constituição rege nossas ações. Ninguém está acima dela.”

O partido comandou o país pela primeira vez com Lula de 2003 a 2010. Depois, por seis anos com Dilma Rousseff, de 2011 até o impeachment de 2016. O torneiro mecânico, líder sindical e fundador do PT chega ao terceiro mandato. A posse está marcada para 1º de janeiro de 2023.

Chance de não repetir os erros do passado

“Lula pode agradecer a Deus por ser a única pessoa a ter oportunidade de reescrever a sua história política. Ter os acertos de outras oportunidades, mas principalmente de não repetir os erros do passado”, analisa o cientista político Fredi Camargo.

Para ele, a primeira missão será garantir a governabilidade. “Na política de coalizão, Lula vai precisar do apoio de partidos que não estiveram na base dentro do Congresso, do famoso Centrão.”

Para o analista, o presidente eleito está acostumado com esse tipo de negociação. Ainda assim, precisa adotar discursos como chefe da nação, sem extremismos ou embates desnecessários. “As divergências são comuns em uma democracia. Precisamos voltar aos debates em termos do que será feito sobre privatizações das estatais, se deve ocorrer ou não? Abrir o mercado internacional a todos ou ficar fiel aos países parceiros? Se deve cuidar do teto de gastos ou ultrapassado por investimento social? Para isso, precisa reestabelecer um clima de diálogo e menos enfrentamento.”

Pela avaliação do cientista político, a derrota de Bolsonaro em parte pode ser explicada pelos constantes ataques. “O insucesso pode ser visto pela dificuldade de governar por estar em clima de guerra. Era contra a imprensa, contra os opositores, contra o judiciário. Pensando que teria cada vez mais ‘soldados’ que lutariam por ele. Porém, ao longo desses quase quatro anos, foi perdendo eleitores.”

Da prisão à presidência

No fim de 2010, Lula se preparava para passar a faixa presidencial para a sucessora Dilma Rousseff com aprovação 80% da população que considerava o governo como bom ou ótimo.

Nos anos seguintes, todo o Partido dos Trabalhadores passou pelo momento mais difícil da sua história. A presidente escolhida por Lula teve o mandato interrompido pelo impeachment em 31 de agosto de 2016.
O país começou a enfrentar uma crise econômica e institucional, até que, em abril de 2018, Lula se tornou o primeiro presidente da história do país a ser preso por crime comum.

O então vice-presidente foi condenado em duas instâncias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Lula ficou 580 dias preso na sede da Polícia Federal em Curitiba.

O petista foi solto em novembro de 2019, quando o STF reviu o entendimento da prisão em segunda instância, quando se estabeleceu que os réus tinham o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado.

Em março do ano passado, o ministro do STF, Luiz Edson Fachin, anulou as condenações de Lula impostas pela Justiça Federal do Paraná, no âmbito da Operação Lava-Jato. A decisão foi confirmada pela suprema corte e, com isso, Lula hoje não tem condenação judicial.

Confira fotos da comemoração em Lajeado

 

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