Como era o Vale há 200 anos? – Parte Final

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Como era o Vale há 200 anos? – Parte Final

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Atualizado sexta-feira,
09 de Setembro de 2022 às 08:32

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Nas duas primeiras partes vimos um pouco sobre o Vale do Taquari até a Independência do Brasil. A partir de hoje, adentramos para a história posterior de 1822 e como os escravos foram pilares no desenvolvimento da região.

Por volta de 1840, a atual cidade de Taquari experimentava relativo desenvolvimento. A produção de madeira, alimentos e pedras fez o vilarejo crescer. Com a demanda crescente de produtos para abastecer o mercado interno, os colonos açorianos sozinhos não davam conta de todas as atividades.

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Como era o Vale há 200 anos?

Assim, os escravizados foram muito importantes para o desenvolvimento da região. No início do século XIX, como Taquari produzia muito trigo, necessitava de mão de obra escrava. Para ter uma ideia, ainda em 1814, de toda a população de escravizados africanos, 7% estava concentrada em Taquari.

O tráfico de escravos já vinha sendo feito por Portugal desde o século XIV. No século XVI, já era um negócio montado que resultava em bons lucros. Não há um número exato de quantos escravos tenham sido transportados da África para a América. Estima-se que, entre 1502 e 1860, mais de nove milhões e meio. O Brasil destaca-se como o maior importador de homens pretos.

Neste período, Taquari se emancipa de Triunfo, em 1849. Apenas 27 anos depois, Estrela ganha sua autonomia, em 1876, quando os alemães já estavam em grande número povoando as terras dos dois lados do Rio Taquari. Lajeado, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul e a região de Roca Sales e Encantado abriam picadas e formavam novos vilarejos com a chegada de mais alemães e italianos, mudando o modelo de mão de obra regional. Passou a formar pequenas propriedades familiares.

A partir da metade do século XIX, o número de escravos começou a diminuir no Vale do Taquari. A maioria dos donos de fazendas não tinha mais do que cinco escravos, naquele período. No distrito de Palmas, município de Arroio do Meio, ainda existe uma Comunidade Quilombola reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, desde 2005. Mais detalhes podem ser conhecidos no livro O Povoamento do Vale do Taquari, RS, já mencionado na Parte I desta série de narrativas.

E assim, encerramos nossa série especial sobre o período da Independência do Brasil e as relações com o Vale do Taquari. Hoje, é possível compreender melhor quem somos e por que somos desse jeito. Os europeus estão aqui há quase 500 anos. Aqui vieram, inicialmente, para explorar, matar, catequizar e escravizar. Mais tarde, para abrir novas picadas, se unir em comunidades, cooperar e progredir até os dias atuais. Estes somos nós, o Vale do Taquari!

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