Os bastidores de uma eleição envolvem diferentes agentes e personagens. Se, nas urnas, o protagonismo são de candidatos e partidos, uma série de pessoas se envolvem com o objetivo de garantir que o pleito transcorra de forma segura, sem transtornos aos eleitores. Mesários voluntários e servidores da Justiça Eleitoral possuem papel fundamental neste processo.
No Vale do Taquari, pouco mais de 3,9 mil mesários atuarão em 998 seções espalhadas pelos 38 municípios nos dois turnos das eleições, nos dias 2 e 30 de outubro. São pessoas convocadas pela Justiça Eleitoral para atuar de forma voluntária. Na maior parte das seções, são divididos em quatro funções: presidente de mesa, primeiro e segundo mesários e secretário.
Preparativos para uma eleição envolvem diversas pessoas, em diferentes funções, desde servidores, estagiários e terceirizados. Crédito: Mateus Souza
Sede da 29ª Zona Eleitoral, Lajeado, município mais populoso da região, terá 710 mesários. A convocação iniciou na segunda quinzena deste mês.
Geralmente são chamadas pessoas que já atuaram em eleições anteriores. Também é dada preferência para quem tem ensino superior, professores ou servidores do Poder Judiciário.
Conforme a chefe do Cartório de Lajeado, Maria Betania Rohde, os pedidos de dispensa são recebidos e avaliados pelo juiz eleitoral. “Como tem um feriadão junto ao segundo turno, muitas pessoas alegaram que vão conseguir trabalhar no primeiro, mas não no segundo. Aí precisamos substituir. E é importante que o próprio mesário pode indicar alguém para substituí-lo”, frisa.
A convocação dos mesários é de responsabilidade dos cartórios eleitorais. Em Lajeado, os voluntários são chamados para retirar as cartas de convocação na sede do órgão, enquanto nas cidades menores, elas são entregues com o auxílio das prefeituras. A correspondência hoje é pouco utilizada na região.
Treinamento
Depois da convocação e da confirmação, os mesários são chamados para um treinamento. Na área de abrangência da 29ª Zona Eleitoral, as atividades ocorrerão de 13 a 30 de setembro, e serão feitas em todos os oito municípios. “Em Lajeado, será no auditório da prefeitura”, lembra Betania.
A atividade presencial será destinada aos presidentes de mesa e também aos primeiros mesários, que têm a prerrogativa de substituir o presidente quando necessário. Já aos demais integrantes das mesas receptoras, a capacitação é feita de forma virtual.
O Cartório de Lajeado, entre servidores efetivos da Justiça Eleitoral e estagiários, conta com uma equipe de dez pessoas, que atendem uma microrregião de 90 mil eleitores. “Nosso trabalho não é só no dia da votação, na campanha ou em ano de eleição. Vai muito além. Termina uma eleição e nós já começamos a preparar a próxima”, comenta Betania.
Exemplo na família
A jornalista e assessora de imprensa Clarissa Jaeger, 40, completa 20 anos de atuação como mesária no pleito deste ano. Na primeira vez, voluntariou-se a trabalhar na função e, desde então, sempre participou do processo. Passou por todos os cargos até chegar à presidência de mesa, em uma seção da Escola Moisés Cândido Veloso, no bairro Hidráulica, em Lajeado.
Conforme Clarissa, o pai foi voluntário por muitos anos nas eleições e despertou nela o interesse pela função. “Nosso papel é fundamental para o processo e envolve muito mais do que receber o eleitor e garantir o funcionamento da urna. Recepcionamos, orientamos e acolhemos as pessoas e proporcionamos a elas segurança e confiança no momento em que decidem o futuro”, frisa.
O trabalho como voluntário também proporciona também, segundo Clarissa, conhecer diferentes histórias. “É legal ver a interação das pessoas na fila, a disposição com que chegam para votar. Especialmente as mais velhas, que enfrentam todas as restrições de idade e seus medos tecnológicos. Fazem questão de estar lá, mesmo sem a obrigação”, pontua.
Futuro do país
Entre os 64 mesários convocados para atuar em Marques de Souza, está o engenheiro civil Douglas Guilherme Scherer. Em outubro, ele completa uma década de atuação voluntária nas eleições. Uma experiência que considera agradável, sobretudo pelo aprendizado e também a sensação de contribuir com o país.
“É um sentimento de trabalhar pela democracia e pelo futuro do nosso povo. É um dia diferente, e em todas as vezes também fazemos novas amizades e, como circula muita gente na minha seção, acabo reencontrando muitos amigos ou conhecidos. Pessoas que não via com frequência ou não residem mais aqui, mas mantém o local de votação”, salienta.
Scherer recebeu a convocação semana passada. Ele é mesário em uma seção na Escola Ana Néri, maior colégio eleitoral de Marques de Souza, no Centro.
Palestra debate segurança das urnas
O Cartório Eleitoral de Lajeado, em parceria com a Univates, Ministério Público Eleitoral e o TRE-RS promovem, em 9 de agosto, palestra para debater a segurança e transparência do voto eletrônico. A atividade ocorre nas dependências do Teatro Univates, a partir das 15h30min.
A palestra será ministrada pelo servidor e coordenador da Seção de Orientação e Suporte em Tecnologia da Informação do TRE-RS, Luís Fernando Schauren. O evento é voltado ao público em geral. Às 19h30min, a mesma atividade será direcionada aos estudantes da universidade.
As urnas eletrônicas são parte importante no processo eleitoral. Nessa semana, o TSE concluiu a fabricação de 225 mil urnas modelo UE2020. Ainda não se sabe se os equipamentos novos virão para o Vale.
CURIOSIDADES SOBRE O TRABALHO DOS MESÁRIOS
FOLGAS
Quem atuou como mesário nas eleições receberá declaração expedida pela Justiça Eleitoral como forma de comprovação do trabalho realizado. O cidadão será dispensado do serviço, público ou privado, pelo dobro de dias que tiver ficado a disposição da Justiça, sem prejuízo de salários;
REMUNERAÇÃO
O serviço prestado por mesários não é remunerado. Contudo, eles recebem um auxílio-alimentação, no valor máximo de R$ 45;
SEM PROPAGANDA
Mesários que trabalharem no dia da eleição não podem utilizar roupas com propaganda de seus candidatos. Qualquer situação do tipo ou manifestação política é proibida, sob pena de crime eleitoral;
CELULAR
Na seção eleitoral, o mesário deve restringir a utilização do telefone celular à consulta ao aplicativo Mesário.
AUSÊNCIA
O mesário que se ausentar no dia da eleição terá 30 dias para justificar a falta. No dia, o presidente da mesa poderá escolher qualquer eleitor que esteja na fila de votação para substituir o ausente.
