Apesar dos desafios da pandemia, alta de insumos e prejuízo com a estiagem no agronegócio, uma das maiores cooperativas do RS apresenta projeções otimistas e um plano de investimento que soma R$ 50 milhões. Com sede em Teutônia e 28 unidades de negócio, a Languiru registrou faturamento de R$ 2,2 bilhões no último ano e projeta crescer 35% em 2022.
Para alcançar esses resultados, vai ampliar a oferta de produtos lácteos com uma indústria de queijos, implantar agrocenter e silos em Rio Pardo e desenvolver programa de suporte à produção de leite. Além disso, deve obter ainda este mês a certificação Sisbi, que permite a venda de cortes bovinos em todo o país a partir do novo frigorífico inaugurado no ano passado.
O plano de investimentos da cooperativa também prevê ampliação das plantas de aves e suínos, com aporte de R$ 10 milhões em cada unidade. Essas projeções foram apresentadas à imprensa e líderes regionais durante evento na sede social dos funcionários da Languiru, nessa sexta-feira, 14.
Conforme o presidente Dirceu Bayer, o crescimento da marca se atribui ao engajamento de toda a equipe e produtores, e a visão empreendedora do conselho de administração. “O nosso diferencial comparado a outras empresas, é que nós produzimos e processamos o grão, carne e leite. Não vendemos commodities que geram retorno apenas lá fora”, destaca.
Ainda de acordo com o presidente da Languiru, a cooperativa atua para minimizar os efeitos da estiagem, diante do risco do desabastecimento em propriedades e quebra na produção de grãos. Para incentivar a valorizar o trabalho dos produtores será colocado em prática um programa de bonificação.
Até 15% a mais no leite
O programa Pró-Leite Languiru é considerado um auxílio emergencial e deve beneficiar pelo menos 1,2 mil produtores cooperados. O bônus previsto a quem promover a profissionalização do setor, com investimentos e melhor qualidade no produto pode render até R$ 0,23 por litro de leite. Esse valor representa cerca de 15% a mais do preço de referência.
A iniciativa deve injetar pelo menos R$ 800 mil a mais por mês no campo. “Esse benefício será concedido por meio ano e com a possibilidade de prorrogação. Os demais bônus já estabelecidos serão mantidos”, reforça Bayer.
O presidente da cooperativa alerta que diante dos benefícios propostos, mesmo o produtor que deixou de vender para a Languiru nos últimos dois meses pode reingressar no quadro de associado. No entanto, quem deixar a empresa terá de aguardar 12 meses para retornar e mediante novo contrato de fidelidade.
As regras são consideradas importantes para valorizar quem faz parte da cooperativa há mais tempo. “Nós já tivemos 2 mil associados na produção de leite, esse número reduziu pela metade. É preciso qualificar o setor para gerar valor e ser uma boa fonte de renda às famílias.”
Indústria de queijos
Pesquisa de mercado elaborada pelo Grupo Kantar mostra que o leite UHT da Languiru é o mais vendido no RS. No entanto, a cooperativa busca meios para diversificar a oferta de produtos lácteos e depender menos do mercado do “leite de caixinha”.
Entre os investimentos, a instalação da unidade de queijos. Em um primeiro momento a indústria será instalada junto à fábrica de laticínios em Teutônia e com projeto para posterior ampliação e local próprio.
A expectativa da diretoria da Languiru é que ainda este ano inicie a produção de queijos e iogurte em bandeja. Para o produtor, representa maior segurança e valorização do produto. “Estou na cooperativa desde 2013 e com o apoio conseguimos evoluir cada vez mais”, comenta o associado Fábio Luiz Secchi.
Unidade em Rio Pardo
Ainda em 2018, a Languiru inaugurou loja agropecuária e unidade de recebimento de grãos em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo. Agora, a cooperativa prepara a instalação de novo agrocenter e silos em Rio Pardo, município entre a região de Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul.
O projeto de expansão conta com apoio do governo municipal. Área avaliada em R$ 1 milhão será cedida à Languiru que fará o investimento de R$ 6,5 milhões para ampliar a produção de grãos na região e desenvolver o agronegócio.
“Viemos referendar a negociação com a cooperativa e dizer que essa parceria vai mudar a história do município. Por muito tempo a cidade parou, não crescemos. Agora surge a oportunidade de retomar este crescimento”, afirma o secretário de Desenvolvimento Rural de Rio Pardo, Ramiro Rêgo.