A mensagem deixada por Bindé

Opinião

Caetano Pretto

Caetano Pretto

Jornalista

Colunista esportivo.

A mensagem deixada por Bindé

Lajeado

A semana iniciou com uma triste notícia para o torcedor do Lajeadense. Um dos jogadores mais identificados com a torcida na última década, o capitão Alexandre Bindé anunciou a aposentadoria dos gramados. Tenho o palpite de que sua trajetória no clube não acabou. Acredito que ele retornará em breve para atuar em outra área, que não seja dentro de campo. Mesmo assim, suas palavras foram fortes.

Bindé queria encerrar a carreira quando concluísse a missão de levar o Lajeadense de volta à primeira divisão estadual. Circunstâncias do mundo, dentro e fora do futebol, o fizeram mudar de ideia.

“Fisicamente eu me sinto muito bem ainda, mas a pandemia e o calendário jogaram contra, o atleta fica muito prejudicado em não ter competições por um período tão longo. Não tem como sobreviver ficando seis meses sem competição e, consequentemente, sem salário”, disse.

Palavras fortes e que mostram que a realidade do futebol brasileiro é diferente da que estamos acostumados a ver. Salários milionários, fama, contratos com patrocinadores… São questões exclusivas a uma pequena minoria.

Realidade diferente da que vemos

O último levantamento de clubes do país apontou que em 2019 existiam 650 equipes inscritas em divisões nacionais e estaduais. O Brasileirão possui 20 equipes. E nem todas elas pagam salários milionários aos seus atletas. Imaginem os outros 630 clubes.

Para cada atleta de Dupla Gre-Nal que recebe mais de R$ 100 mil, milhares de jogadores recebem menos de um salário mínimo. Vivem de ajuda de custos.

Veio a pandemia e a situação ficou ainda pior. A Divisão de Acesso, por exemplo, foi interrompida na terceira rodada em 2020. Era meados de abril. A próxima edição irá começar apenas em julho de 2021. Isso significa que equipes, como o Lajeadense, ficarão mais de um ano sem atividades.

Imagino que existiriam formas de CBF e federações estaduais contribuírem mais com os pequenos clubes. É inadmissível que tantas equipes fiquem à revelia. O que vemos é uma diminuição do futebol. Parece que o nosso tão amado esporte está fechando os olhos para os pequenos. Na verdade, estão matando o futebol do interior.

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