Revelar, desenvolver e vender

Opinião

Caetano Pretto

Caetano Pretto

Jornalista

Colunista esportivo.

Revelar, desenvolver e vender

Por

Estado

A trinca descrita acima deveria estar na cabeça de qualquer dirigente do futebol brasileiro. Infelizmente não são muitos os que pensam assim. Felizmente, temos bons exemplos de como isso pode dar certo. O Santos talvez seja o maior deles. O Palmeiras colheu frutos recentes e volta a dar o exemplo de como isso pode dar certo na atual temporada. Mas para mim, o caso mais claro no país é o do Grêmio de Romildo Bolzan Júnior.

Faz décadas que o futebol brasileiro não possui a mesma capacidade de outros centros do mundo na questão financeira. E provavelmente nunca mais terá como bater de frente com a Europa, por exemplo. No entanto, são raros os países com o mesmo material humano. Com isso, o jogador brasileiro virou um material de exportação. E isto não está errado.

É cada vez mais nítido que os clubes do país precisam aprender a usar a sua base. Qualquer presidente precisa ter isto em mente na hora de organizar seu mandato. O clube brasileiro precisa revelar jogadores. Mais do que isso, precisa desenvolvê-los. Ter paciência e noção de que o jovem provavelmente será irregular.

É preciso esquecer a ideia de que a revelação precisa ser um atleta nota 8, 9 e 10. A base precisa suprir as necessidades do elenco. Entregar jogadores notas 6 e 7, para que os clubes não precisem contratar jogadores questionáveis por quantias ainda mais questionáveis.

O modelo de exportação do Grêmio

Faz anos que o Grêmio desenvolve o seu jogador modelo exportação. E em mais de uma função. Mais precisamente no meio-campo e na meia-esquerda. É uma linha sucessória, onde antes do clube vender o atual titular, já sabe quem será o seu sucessor.

O ano era 2016. O time campeão da Copa do Brasil tinha os jovens Walace e Pedro Rocha entre os titulares na grande final contra o Atlético-MG. Passado o título, vieram as vendas. Walace rendeu R$ 31 milhões. Pedro Rocha saiu por ainda mais, R$ 45 milhões.

No momento da venda, o Tricolor já sabia que teria a reposição em casa. No meio-campo a linha sucessória trouxe Jailson e Arthur como peças fundamentais da conquista da Libertadores em 2017. Saídos os dois, foi Matheus Henrique quem despontou. Hoje já podemos ver Darlan como o futuro da posição.

Mais para frente não é diferente. Pedro Rocha saiu e deu lugar à Everton. O Cebolinha foi talvez o melhor jogador do time nos últimos três anos. Mas chegou a hora de dar o seu adeus. E lá estava Pepê.

Hoje é o jovem de 23 anos quem é cobiçado pela Europa. A notícia é de que o Porto estaria interessado em pagar cerca de 18 milhões de Euros ao Grêmio. Com a cotação de hoje, isto tornaria Pepê a terceira maior venda da história do clube. Não sei se ele sairá agora. O que sei é que provavelmente o Tricolor já tenha quem colocar em seu lugar. E sem custos.

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