Pelos outros

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Caroline Lima Silva

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Estamos chegando ao fim de mais um ano. Um ano atípico, difícil, restritivo e controverso em virtude da pandemia. Um ano de aprendizados, perdas e recomeços. Um ano em que o senso de coletividade foi a palavra de ordem, desacomodando a todos a agirem não apenas em causa própria, mas no sentido dos seus iguais.

Do ponto de vista social, surgiu a exigência de ampliarmos a nossa consciência para além da porta da rua de nossas casas. Ou seja, fomos impulsionados a usarmos máscaras e a nos submetermos a regras de segurança e de conduta, não apenas pela proteção de nossa própria saúde e integridade, mas também pelas dos outros.

Talvez esse tenha sido o viés mais difícil de lidarmos: desconstruirmos o padrão mental autocentrado com que nascemos e crescemos, para evoluirmos e pensarmos nos outros e pelos outros.Até porque qualquer ação que façamos gera um impacto direto no contexto em que vivemos, e aí reside a nossa responsabilidade no mundo.

Há uma máxima no campo da Psicologia que diz que “quem está em falta internamente, não consegue doar algo aos outros”. É algo profundo, mas verdadeiro, porque nos aponta a necessidade de olharmos para dentro de nós e resolvermos nossos conflitos internos, a fim de sermos pessoas melhores para o mundo. Crescemos, aprendendo a nos gratificar e cuidar, avançando e tangenciando, ao máximo, os limites dos familiares e amigos mais próximos.

O que significa dizer que não crescemos direcionados a nos preocuparmos com quem não conhecemos e não faz parte dos nossos laços estreitos de amizade. Um estranho ou um desconhecido são entendidos como alguém que meramente passa ao nosso lado na rua ou que está na nossa frente na fila do supermercado. Jamais é visto como um potencial irmão de jornada, que sente os mesmos sentimentos nossos, por possuir a mesma centelha divina. Assim, o que significa pensar as relações para além dos laços de sangue? Significa que o que se deseja ao outro, conquanto desconhecido, o mesmo se gostaria de receber dele. Um olhar que quebra paradigmas e que aponta para uma possível relação fraterna entre as pessoas. Parece difícil em sua concretude, mas é factível, porque, afinal, o mundo somente muda, se as pessoas que o habitam mudam.

Dessa forma, paremos um pouco e pensemos o que realmente fazemos pelos outros. A pandemia nos trouxe e ainda está nos trazendo grandes lições de ética, conduta e valores, mas será que estamos aprendendo? Evoluir é preciso, para o real sentido do que é solidariedade.

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