Sem equipamentos, 42 escolas do Vale não abrem

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Sem equipamentos, 42 escolas do Vale não abrem

Nenhum colégio da região recebeu máscaras, produtos de higiene, termômetro e álcool gel prometidos pelo Piratini. Diretores consideram impossível cumprir protocolos de segurança impostos pelo próprio governo de Eduardo Leite sem os itens. Início da chegada dos materiais é esperada para esta semana

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Atualizado terça-feira,
20 de Outubro de 2020 às 08:32

Sem equipamentos, 42 escolas do Vale não abrem
Vale do Taquari tem 42 escolas de Ensino Médio. Coordenadoria aguarda chegada dos materiais ainda para esta semana. Aulas serão retomadas de acordo com a distribuição dos equipamentos e da contratação de servidores terceirizados (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A data estipulada pelo governo estadual para reabertura das atividades presenciais nas escolas públicas de Ensino Médio começa nesta terça-feira, 20, mas nenhuma das 42 instituições de ensino do Vale desse nível retoma as aulas.

Tudo por conta do não recebimento dos itens de proteção garantidos pelo governador Eduardo Leite. Essa é a segunda vez que o prazo é suspenso. A primeira apresentação era de um retorno para o dia 14 de outubro. Depois foi repassado para esta terça-feira.

A 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) descarta o reinício para esta semana. A afirmação foi da responsável pela CRE, Cássia Benini, em entrevista concedida na manhã de segunda-feira, 19, à Rádio A Hora. “As escolas só vão retornar quando tiver todos os equipamentos. Também quando forem contratados os servidores da higiene e da merenda”, disse.

São esperados tapetes sanitizantes, termômetros, máscaras para professores e alunos, além de produtos de higiene e álcool gel. A coordenadora estima que sejam necessários 90 prestadores de serviço para higienização e preparação da merenda dos estudantes.

Na tarde de ontem houve uma videoconferência entre diretores das Escolas de Ensino Médio e Técnicas da rede estadual. O encontro seria apresentado o total de alunos previstos para o retorno presencial. Devido a problemas de conexão, o encontro acabou antes do prazo definido, e essa informação não foi confirmada. Um novo encontro entre coordenadoria e diretores foi agendada para a tarde de hoje.

De acordo com Cássia, a estimativa é que os itens cheguem às escolas ao longo dessa semana. Assim que as escolas começarem a receber os materiais, já poderão retomar as atividades presenciais.

Todas as instituições de ensino da rede pública terão de seguir portaria de saúde, com regras sobre distanciamento na sala de aula, uso de máscaras por alunos, professores e funcionários, bem como a medição da temperatura dos estudantes ao chegar às escolas.

O investimento para compra dos equipamentos chegou a R$ 270 milhões. Do montante, R$ 15,3 milhões foram destinados à compra de equipamentos de proteção individual (EPIs); 9,8 mil termômetros infravermelhos; 328 mil máscaras infantis; 1,9 milhão de máscaras infanto-juvenis; e 1,3 milhão de máscaras adultos.

Com relação aos outros níveis, a previsão é de que os anos finais do Ensino Fundamental possam retornar a partir do dia 28 de outubro, e os anos iniciais, a partir de 12 de novembro.

Ano letivo deve terminar até metade de janeiro

Pelos protocolos de segurança, as escolas da rede pública só poderão atender metade dos alunos do Ensino Médio por turma. Com isso, afirma Cássia Benini, a prioridade neste primeiro momento será atender alunos com mais dificuldade de assimilação dos conteúdos e também que não tem acesso a internet.

A carga horária em sala de aula será menor, com três horas presenciais por dia. O aluno terá de cumprir outras duas horas por meio do ensino remoto. Segundo a coordenadora da 3ª CRE, a previsão é que o ano letivo seja encerrado até a metade de janeiro. Com isso, alunos do último ano do Ensino Médio não teriam prejuízos em termos de ingresso em cursos Superiores ou técnicos no primeiro semestre de 2021.

Quanto ao número de alunos previstos para a retomada, as autorizações estão sendo preenchidas pelos pais e a coordenadoria de Educação ainda não tem dados concretos sobre isso.

“Esses atrasos são a confirmação de que não tem como voltar”

Para o coordenador do Cpers no Vale, Gerson Johann, o Estado demonstra que ele não tem condições de cumprir os próprios protocolos. “Esses atrasos são a confirmação de que não há como voltar. As escolas não estão preparadas e não têm como garantir segurança”, frisa.

“Faz duas semanas que as escolas aguardam esses equipamentos. Temos professores que brincam: ‘já passou o caminhão?’ Sabemos de diretores que estão indo todos os dias para as escolas, antes do horário normal, aguardando a chegada dos materiais”, conta.

O Cpers, com apoio do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), promoveu um estudo sobre as condições dos colégios públicos durante a pandemia.

Mais de 3,4 mil questionários foram analisados. Para 75,5% dos entrevistados, a mantenedora não providenciou a pronta higienização do espaço escolar. De acordo com Johann, a pesquisa demonstra que há muita insegurança dos docentes quanto ao retorno. “Não é só a máscara que vai garantir segurança. Temos escolas que nem as janelas abrem. Com problemas graves na estrutura.

Pelos dados, dos entrevistados entre professores, 67% responderam que se sentem em risco no ambiente escolar. Apenas 12% disseram não ter medo e 21% não vão à escola ou não sabem responder.

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