Mais de 80% das lojas do RS remanejaram funcionários

Em meio à crise

Mais de 80% das lojas do RS remanejaram funcionários

Nos primeiros meses de pandemia, suspensão de contratos, redução de carga horária e demissões foram as opções para os negócios sobreviverem, aponta pesquisa da Fecomércio

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Mais de 80% das lojas do RS remanejaram funcionários
Nos três primeiros meses de pandemia, queda no faturamento obrigou empresas a adotarem medidas para reduzir custos. Maioria optou por demissões (Foto: Filipe Faleiro)
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A pandemia trouxe insegurança sobre os negócios e interferiu nas relações de trabalho. É o que aponta pesquisa da Fecomércio. De acordo com a instituição, empresas precisaram remanejar funcionários e reduzir custos para evitar a falência.

Em termos gerais, o estudo aponta que 82% dos comércios tiveram de remanejar os quadros. As medidas passaram por demissões (46,8%), redução das jornadas de trabalho com redução de salários (28,5%) e, por último, a opção foi de suspensão de contratos (24,7%).

O pior momento para o setor do varejo foi entre a metade de março até o fim de abril. Estima-se que as perdas no faturamento do setor de vestuário alcançou 77%. Como um todo, o varejo teve uma queda de 19%, a indústria de 16%. O Atacado foi o que menos sofreu com as restrições impostas pela pandemia, com perda de 2% no período.

A economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, realça que hoje indica que as empresas estão em um momento de recuperação. Esse movimento ocorre na medida em que as restrições das atividades econômicas são flexibilizadas. “Vemos esse sinal a partir das vagas de trabalho criadas no comércio”, diz.

De acordo com ela, o desemprego acelerado nos três primeiros meses de pandemia no RS foi o responsável pela queda nos faturamentos do varejo. “A economia funciona como uma roda. Se trabalhadores são demitidos das indústrias, é menos clientes nas lojas.”

Patrícia Palermo – Economista-chefe da Fecomércio RS (Foto: Arquivo)

A desaceleração nos contágios, nos óbitos e a maior liberdade de funcionamento encoraja os lojistas a contratarem, afirma a economista. Segundo Patrícia, há outros impactos da pandemia que ainda não apareceram, como o encerramento das atividades de muitas empresas ligadas ao simples nacional.

O processo de fechamento destes CNPJs depende da baixa nas juntas comerciais. Algo que por vezes ocorre meses após o encerramento das atividades. “Vemos melhoras nos indicadores, mas temos de manter a atenção. Esse movimento não é homogêneo. Ele se concentra em empresas maiores. Aquelas com um pouco mais de capital e que conseguiram suportar os prejuízos.”

Essa tendência de reabertura nas ofertas de emprego pode ser confirmada a partir dos dados do Cadastro Geral de Empregos (Caged), do Ministério da Economia. No Vale do Taquari, após cinco meses de fechamento de pontos de trabalho, agosto foi de saldo positivo. Foram criadas 380 novas vagas de trabalho.

No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o saldo é negativo. Nos 38 municípios, foram extintos 2.757 postos de trabalho com carteira assinada. Pela análise da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), o movimento visto em agosto tende a se manter para os próximos meses, em especial pelas ofertas de trabalho do fim do ano.

Vagas temporárias

O estudo sobre quadro de funcionários faz parte do levantamento sobre a contratação de temporários. Neste quesito, 35 das lojas gaúchas afirmaram que abrirão postos para o fim do ano. Das empresas de varejo do RS, 35,2% pretendem contratar.

No Vale do Taquari, o Sindilojas estima que essa busca por trabalhadores comece nas últimas semanas de novembro, para contratar no início de dezembro. Com isso, os temporários ficam ainda em janeiro e fevereiro para que as empresas concedam férias aos efetivos.

Outro detalhe apurado pela Fecomércio diz respeito à comparação de 2020 com o ano passado, quando a intenção de aumentar o quadro funcional para atender a demanda do Natal e Ano Novo era de 29,5% das empresas.

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