Do lixo ao luxo

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Do lixo ao luxo

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Atualizado quinta-feira,
01 de Outubro de 2020 às 09:43

Lajeado

Na edição de ontem, escrevi sobre a possibilidade dos resíduos sólidos produzidos em Teutônia serem encaminhados para o Aterro Sanitário de Estrela. É uma possibilidade remota, é bem verdade. Afinal, a concessão do espaço estrelense à iniciativa privada é recente, o que deverá impossibilitar, neste primeiro momento, a participação da concessionária no edital de licitação aberto pelo governo teutoniense, e cujo objeto é a destinação final do lixo recolhido em todos os bairros daquela cidade. E o fato merece uma abordagem mais ampla.

Faz alguns anos, visitei o aterro sanitário na cidade de Minas do Leão. E é impressionante. Sob a gerência da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) – cujo capital pertence 70% ao grupo Solví e 30% à mineradora Copelmi –, o espaço recebe entre 3.500 a 3.700 toneladas de material inaproveitável por dia, cerca de 40% de todo o lixo gerado diariamente no Rio Grande do Sul. Só da capital gaúcha, são mais de 40 mil toneladas mensais – o que custa algo em torno de R$ 3 milhões por mês aos porto-alegrenses. E são pelo menos outros 120 municípios conveniados com aquele espaço de 254 hectares.

O negócio é lucrativo. Além de receber os resíduos sólidos de boa parte dos lares gaúchos e promover o tratamento e compactação do material inaproveitável, a operação realizada pela CRVR ainda consegue captar, por meio de tubulações, o gás gerado pela decomposição do material orgânico. Por lá, algo em torno de 54% do volume é formado por metano, que posteriormente é utilizado como combustível de motores e geram energia elétrica da ordem de 7,5 megawatts/hora. O suficiente para abastecer uma cidade de 50 mil habitantes.

A companhia não divulga o faturamento do único aterro sanitário do Estado com usina termoelétrica. Mas o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) pago pela empresa é o maior da cidade, e corresponde a 18% da arrecadação anual do município, além de gerar mais de 130 empregos diretos para moradores da região. Por outro lado, é claro, há divergências internas naquela população. E é compreensível. Afinal, não deve ser fácil aceitar o lixo de cidades vizinhas – ou nem tão vizinhas assim.

Não sei bem quais são as intenções para o aterro sanitário de Estrela. E tampouco de Lajeado, onde o processo de privatização bateu na trave. Mas sei que estamos atrasadíssimos na questão do saneamento básico. Perdemos dinheiro para os danos causados à saúde, e também perdemos dinheiro com o desperdício de uma riquíssima matéria prima. No caso, o próprio lixo. E esse debate tende a aumentar nos próximos meses. Aguardem!


Diárias em Estrela

A pandemia forçou o governo de Estrela a economizar em alguns pontos. Aliás, a realidade também atingiu dezenas de outros municípios gaúchos.

Na questão das diárias, por exemplo, o Executivo estrelense gastou R$ 96,6 mil até o momento em 2020. Já no ano passado, e contando os 12 meses do ano, foram gastos R$ 225,5 mil. Em 2018 foram R$ R$ 175,3 mil, e em 2017, outros R$ 173,3 mil.


E os comitês?

A campanha será atípica. Os efeitos da pandemia são visíveis desde muito antes dos registros ou mesmo pré-candidaturas. E seguirão atrapalhando os candidatos e eleitores até a data mais aguardada do ano no campo eleitoral, o dia 15 de novembro. Desde já, é preciso correr contra o tempo e garantir mecanismos inovadores para atingir o maior número possível de eleitores. Afinal, ainda estamos vivendo sob um arbitrário distanciamento social. E também é preciso garantir algumas ferramentas tradicionais. Entre essas, os tradicionais comitês.

Em Lajeado, as três frentes já definiram os seus pontos estratégicos. Todos na mesma avenida. O PP, que firmou coligação com PSDB, PL e PSL, ficará estabelecido quase na esquinsa da Av. Alberto Pasqualini com a Av. Acvat. A inauguração é amanhã. O MDB organizou o seu QG no entroncamento da Av. Alberto Pasqualini com a Rua Júlio de Castilhos e Av. Benjamin Constant, em frente ao Posto Faleiro. E o PSB, coligado com o Podemos, abre seu espaço no sábado, na antiga sede da empresa Ereno Door, na Av. Alberto Pasqualini, no São Cristóvão.


Planos e enchentes

Os três planos de governo apresentados pelos candidatos (a) a prefeito (a) de Lajeado contemplam o tema “enchentes”. E isso é um alento. O candidato progressista promete ampliar as soluções tecnológicas para as ações de prevenção e respostas aos eventos. O MDB alerta para os problemas verificados em julho passado e propõe um plano para redução dos impactos causados pelas cheias no Taquari. Por fim, o PSB defende que Lajeado deva assumir o protagonismo deste problema histórico na região, liderando as ações e buscando recursos.


“Carta na Manga”

Em cada eleição, os candidatos buscam alguma proposta “fora da curva”. Algo novo. Uma “carta na manga” para tentar surpreender o eleitor e os adversários. Em Arroio do Meio, o ex-prefeito e agora candidato Danilo Bruxel (PP) anuncia que abrirá mão do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário. A coligação não soube precisar o montante que isso representa. É do jogo. Mas eu deixo um alerta a todos que hoje defendem a prática: em 2024 tem nova eleição. E quatro anos é pouco para mudar radicalmente os princípios.

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