Uma música tranquila recebe quem chega à sala da consteladora, master coach e terapeuta holística Iara Beschorner. Na sala, decorada com mandalas e livros, ela conduz quem a procura em um processo de autoconhecimento e cura por meio da Constelação Familiar Sistêmica.
Iara começou a se interessar pela técnica em 2012, quando realizava sua formação na área de desenvolvimento humano. No mesmo ano iniciou os estudos sobre Constelação Familiar e desde 2017 adotou a técnica como uma das ferramentas do seu método de trabalho.
Criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, a Constelação Familiar Sistêmica é uma expressão do Psicodrama, forma de psicoterapia em grupo desenvolvida por Jacob Moreno, médico e psicólogo naturalizado americano, e da Psicoterapia Familiar, abordagem terapêutica que ficou famosa pelo trabalho da psicoterapeuta norte-americana Virginia Satir.
A técnica busca ajudar na compreensão de padrões comportamentais que um indivíduo desempenha a partir de das heranças familiares e como estes geram bloqueios que podem prejudicar a saúde, a felicidade e progresso pessoal, explica Iara.
“Carregamos histórias da nossa família desde a quinta geração ou além, que ajudam a formar nosso comportamento. Se há uma questão dos nossos avós ou bisavós que não foi bem resolvida, levamos conosco. É importante ter este olhar para entender o porquê e as origens de obstáculos pessoais e, inclusive, de muitas doenças”.
Entre as questões mais abordadas nas sessões de Constelação Familiar Sistêmica estão dificuldades em relacionamentos, de forma geral, questões relativas à carreira e vida financeira, e também a saúde.
A figura dos pais são as mais importantes para compreender a dinâmica. O pai se relaciona às dificuldades com relacionamentos, enquanto o papel da mãe se associa aos problemas profissionais, carreira, sucesso e finanças, explica.
Um olhar para a família
Ao iniciar a sessão, o indivíduo é convidado a praticar um exercício de respiração para se conectar com seu subconsciente. A profissional prefere utilizar bonecos para simbolizar os membros da família, de forma a tornar a sessão mais individual e intimista, mas há profissionais que utilizam pessoas para representar a questão a ser constelada.
A dinâmica continua com a escolha dos bonecos que representam os pais, irmãos e o constelado, como é chamada a pessoa que buscou a Constelação Familiar. Depois, é relatada a questão que a pessoa escolheu observar a partir da prática. São analisados as peças e o posicionamento escolhido para cada uma. Com base nesta primeira percepção, são iniciados os movimentos conforme o constelado se sentir confortável.
Qualquer pessoa pode fazer a constelação, mas nem todas estão prontas, alerta Iara. “Trabalhamos por meio das sensações, tudo é muito intuitivo e, para funcionar, a pessoa precisa estar aberto a sentir. Se racionalizar, não conseguirá. Há também quem faça a sessão e não compreenda o que viveu ali, mas perceberá no seu próprio tempo”.
Amor e perdão como foco
Por meio da Constelação Familiar é possível compreender traços como comportamentos dos pais que rejeitamos e ressentimentos que nos impedem de prosperar e ter uma vida plena, explica Iara. “O segredo para se libertar destes bloqueios é perdoar e manifestar o amor, coisas simples, mas muito difíceis. A cura de tudo está entre o perdão e o amor”.
A técnica da Constelação Familiar se apoia em três princípios básicos: o pertencimento, o equilíbrio e a ordem. O primeiro reforça o direto e a necessidade de todo individuo de pertencer a um grupo, uma família. “O pertencimento está ligado ao sentir-se seguro e amado. Ele liga todas as emoções e faz com que a pessoa consiga fazer escolhas com segurança”.
O equilíbrio destaca a harmonia entre o dar e receber carinho e atenção na mesma proporção, para que nenhuma das partes se desgaste. A ordem é a hierarquia da vida e reforça a importância dos papéis dentro da família. “Por exemplo, é preciso que os filhos saibam ser filhos. Eles podem ajudar os pais, mas ajudar é um comportamento, dizer o que os pais devem fazer é outro”.
Trabalhar o perdão é um processo individual e único, que pode levar de dias a anos, destaca a consteladora. “Por isso é muito importante entendermos a nossa família, conversar sobre, e estar aberto para o perdão. Perdão é liberdade, nele está a cura da alma. Quando conseguimos perdoar, tudo começa a fluir”.
Opinião de quem viveu a experiência:
Ana Carolina Ataides da Rocha, 24, cabeleireira
“Conheci a constelação familiar por amigas que fizeram em grupo, mas não me sentia muito confortável desta forma. Um dia conversei com a Iara e descobri que ela fazia individual, então iniciei um processo de autoconhecimento integrado com a constelação. Meu objetivo era entender sentimentos que afloraram na pandemia em relação a minha família. Fiz apenas uma sessão e foi incrível, abriu meu ponto de vista em relação a família, relacionamento e trabalho”.
Manoela Souto Palma, 37, nutricionista
“Queria que alguns acontecimentos negativos não me afetassem tanto, além de ressignificar relações e mudar alguns aspectos da minha vida que não estava satisfeita. Consegui encontrar o lugar de cada pessoa no meu convívio, o motivo de algumas estarem mais afastadas e porque não as culpar nem julgar, apenas entender, além de valorizar quem está ao nosso lado. Indicaria pois acho importante conseguirmos compreender as razões de alguns comportamentos e a ligação com nossos familiares. Acredito que isso torna nossa vida mais leve e o convívio mais prazeroso”.
Elisabete Maria Lenhard, 35, turismóloga
“Sempre busco pela evolução pessoal e sentia que haviam certas amarras para que isso acontecesse. Em uma roda de conversa com amigos soube da constelação familiar e fui atrás de informações de quem aplicava esta técnica. Fiz duas sessões até agora e o principal benefício que notei foi uma grande melhora nos relacionamentos familiares. Indico porque na constelação são revelados detalhes de nós mesmos que passam desapercebidos e também porque me fez entender a atitude de pessoas do meu ciclo familiar e ajudou a melhorar muito os relacionamentos”.
