Senso de coletividade em tempos de pandemia

Opinião

Caroline Lima Silva

Caroline Lima Silva

Assuntos e temas do cotidiano

Senso de coletividade em tempos de pandemia

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Tenho visto muitas notícias nos jornais, na televisão e nas redes sociais sobre a necessidade urgente de nos voltarmos à coletividade na pandemia. Sairmos do individualismo para a tomada de consciência sobre fatos que nos envolvem a todos e que, portanto, regem a responsabilidade social e coletiva. Mas o que exatamente significa isso? O que se encontra para além dessa urgência comum numa reflexão mais profunda para a humanidade?

Sabemos que o ser humano é um sujeito social, constrói-se a partir de suas relações e deve ser entendido na complexidade de seu contexto. A Psicologia Comunitária traz inúmeros estudos sobre o senso de comunidade, incluindo determinantes sociais nas questões de saúde das populações, de uma forma a integrar aspectos outrora esquecidos. José Ortega y Gasset, considerado o maior filósofo espanhol do século XX e autor da frase “eu sou eu e minha circunstância”, corrobora com a ideia de que viver não se trata de termos uma consciência intencional, mas sim da maneira como lidamos com a circunstância. Assim, é esperado que, com o desenvolvimento emocional do indivíduo, haja o despertar do sentimento coletivo, de se saber um ser inserido em algo maior do que si mesmo.

Entretanto, a pandemia trouxe um acelerado ritmo ao processo natural e, não raras vezes, moroso para a percepção da vida do outro. Muitos sentimentos se afloraram de forma até desestabilizadora, como a compaixão, a empatia, a solidariedade, proporcionando o reconhecimento de dores humanamente iguais a todos, mas reconhecidas de forma singular no processo de cada um. Talvez, de uma hora para outra, descortinou-se o véu da ilusão, conhecido como “maya” pelos orientais, e ampliou-se o espectro de reconhecimento social, pelo simples fato de “acordarmos” a nossa consciência coletiva. Aquela que nos diz que queremos ao outro o mesmo que quereríamos a nós mesmos; que nos faz privar da liberdade pela importância de protegermos nossos pares; que nos referencia não somente com direitos, mas com deveres sociais a todos.

Em países desenvolvidos esse comportamento social é bem mais diligente e assertivo, muito provavelmente pela construção sócio-histórica daqueles povos. Mas, através da pandemia, percebemos que as fronteiras geográficas sucumbem quando nos damos conta que somos iguais no sentimento humano, independente de quaisquer diferenças que possamos ter. Enfim, somos mais do que um. Somos nós.

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