As avós do século XXI

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As avós do século XXI

Thereza e Hedy quebram o conceito de avós tradicionais e aproveitam a vida de forma ativa junto à família e amigos

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Atualizado sexta-feira,
14 de Julho de 2020 às 13:35

As avós do século XXI
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O que é ser idoso? Segundo a Organização Mundial da Saúde, é ter mais de 60 anos. Mas já faz tempo que ressignificamos a terceira idade e também o que é ser avô ou avó. A casa cheia de lembranças da infância e as receitas de família continuam lá, mas esqueça a mantinha e a cadeira de balanço.

Com o aumento da qualidade de vida e com as possibilidades que a tecnologia trouxe, ser avó agora é conviver e participar de forma ativa da vida dos netos e dos filhos, viajar, se divertir com os amigos e até fazer sucesso na internet.

No dia dos avós, celebrado neste domingo, o caderno Você conta a história de duas mulheres que são exemplos perfeitos do que é ser avó em 2020. Conheça a Thereza, a vovó influencer, e a Hedy, a vovó viajante.

A avó influencer

Os netos de Thereza Christina Pretto Zagonel costumavam publicar vídeos da avó em seus perfis no Instagram e receber mensagens de carinho e amigos pedindo para que criassem um perfil só dela.

Assim, em fevereiro deste ano, como uma brincadeira pelo seu aniversário de 91 anos, surgiu o perfil da @votherezaoficial.  Quem grava e publica os vídeos são os netos, mas é a vó Thereza que encanta a todos com suas histórias e dicas.

Em menos de um ano, já são mais de 3 mil seguidores que acompanham sua rotina e participam dos sorteios promovidos pela avó influencer digital.

Com a pandemia, o perfil se tornou também uma forma de manter a avó feliz e ativa. “Ela está isolada em casa, mas, mesmo assim, está conhecendo pessoas de forma virtual. As mensagens que recebe são muito lindas e a deixam ainda mais feliz”, destaca a neta Rebeca Zagonel.

A vó Thereza mora em Lajeado, mas nasceu em Putinga. Dividiu a infância com os 13 irmãos e, entre as melhores memórias daquela época, lembra dos churrasquinhos que faziam no potreiro e de brincar de assar “pãezinhos” feitos de barro.

Chegou na região pelo Rio Taquari, em uma lancha de motor, pois o rio estava alto e não havia barca para cruzar. “Foi uma loucura”, recorda.

Aqui criou os quatro filhos, Almir, Alair, Laerte e Elton. Depois, viu nascer os 12 netos e os sete bisnetos. “Eles são uma benção de Deus, agradeço todos os dias por isso. Que Ele me dê muita saúde pra poder ver todos crescerem”.

Apesar da idade, a vó Thereza tem uma rotina agitada. Levanta da cama e já vai logo se arrumar, conta. Se tem roupa para lavar, coloca tudo na máquina e vai tomar café até que elas estejam prontas para estender.

Depois é a vez de regar as plantas e temperos e fazer um pouco de crochê. Depois do almoço, sempre toma uma chá e dorme um pouco. De noite, gosta de ver novela e sempre lê a Bíblia antes de dormir. Uma vez por semana, a neta Cristine a ajuda com  as atividades físicas e todos se emprenham em produzir conteúdo para os seguidores.

Se manter sempre ativa é sua estratégia para cuidar da saúde e aproveitar melhor os momentos em família. “Quem sabe um dia terei a oportunidade de ter tataranetos”.

A avó viajante

Dsde criança, Hedy Anna Caye tem por hábito tomar seu mate doce todas as manhãs, enquanto escuta rádio sentada ao lado do fogão a lenha. Esta é a primeira atividade de uma rotina agitada. Aos 81 anos, todos os dias ela cuida da horta, trata os animais, faz caminhadas e seu almoço no fogão a lenha.

Hedy nasceu em Cruzeiro do Sul, quando a região ainda pertencia a Lajeado. “A filha número oito entre 13 irmãos”, brinca. Casou-se aos 22 anos e teve três filhos, Jaime, João e Maria, que lhe deram quatro netas, Camila, Samanta, Pamela e Jenifer.

Sempre ativa, antes da pandemia, costumava frequentar os bailes da terceira idade e, inclusive, por 19 anos liderou o grupo da comunidade onde vive, em Cruzeiro do Sul. Gosta de encontrar as amigas para jogar carta, vispo, canastra e bolão de mesa, conta. “Chegando aos 82 anos nunca precisei tomar remédio contínuo, apenas para controle de colesterol, e me sinto privilegiada por isso”.

Na infância, estudar era uma de suas atividades preferidas. Sempre tirava as melhores notas nas provas, lembra. Nunca teve oportunidades de continuar os estudos, mas levou a leitura como hábito para a vida. “Já li sete livros desde o início da pandemia, além de várias revistas e jornais”.

Porém, sua maior paixão sempre foi viajar, e foi nos filhos e nas netas que encontrou seus parceiros de aventura. Durante um final de semana no parque Beto Carrero World com as netas, a energia para se divertir nos brinquedos e encarar as longas caminhadas chamou a atenção de todos. “Rimos muito durante a viagem, foram momentos que nunca serão esquecidos. Só orgulho em ter uma avó assim”, lembra a neta Samanta Caye.

Em setembro de 2019, foi a vez de levar os filhos para um cruzeiro na Amazônia. “Foi uma experiência única e, por todos amarem a natureza, foi inesquecível”, conta Samanta.

Além destes lugares, a vovó viajante já conheceu a Serra Gaúcha, o litoral catarinense, Foz do Iguaçu, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Brasília, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Recife, Maceió, Porto Seguro, Natal, Manaus, Buenos Aires, Santiago e Montevidéu.

Para uma pessoa tão ativa e envolvida com a comunidade, o isolamento social tem sido difícil, mas a vó Hedy encontra na companhia da família e também na leitura os companheiros para viver o momento da melhor forma, enquanto não pode voltar a viajar.

“Devemos viver cada momento, pois são únicos, e quem não faz isso não aproveita as oportunidades que a vida lhe dá”.

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