O sentido da vida: para além de nós mesmos

Opinião

Caroline Lima Silva

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O sentido da vida: para além de nós mesmos

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Diante do caos aparecem muitas perguntas. Algumas perturbadoras, cujas respostas inquietam mais do que acalmam a alma. Outras um tanto evasivas, sem deixar com que consigamos completar o quebra-cabeça dos acontecimentos. Entretanto, em algum momento, somos arrastados para o confronto direto com nossos pensamentos mais íntimos. E parece que o sofrimento acaba por ser o catalisador de tudo. Viktor Frankl, psicólogo austríaco e criador da Logoterapia, narra no seu livro “Em busca de sentido” a procura de significado dentro de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Como judeu, viveu o auge do sofrimento diante das atrocidades do Nazismo, desprovido de alimentos, afeto e dignidade.

Conquanto a realidade inóspita vivida lá, Frankl acabou por transformar o cenário de horror na busca pelo sentido da sua vida, ultrapassando a sua individualidade e tornando-se exemplo de resiliência, superação e motivação para viver. Parece incrível, mas justamente ele, subumanizado tanto psíquica, quanto fisicamente acabou por nos provocar em relação à vida. Hoje vivemos uma pandemia de origem natural, que nos priva através da liberdade, nos confinando na materialidade transitória das coisas, nos atrelando às necessidades básicas de fome e sono, mas nos protegendo, sem que nos demos conta. Talvez esse seja considerado o período “perdido” para alguns, mas, para outros, o renascer da vida por se estar vivo.

Para a Logoterapia, a necessidade mais profunda do indivíduo é dar sentido a sua vida. Viktor Frankl nos dá o exemplo de que, mesmo reduzidos às piores condições humanas, ainda nos restará a liberdade de espírito para criarmos a realidade mental que queremos. Ainda será nosso o direito de sonhar, de buscar forças internas de experiências salutares antigas, como âncoras que catapultam o abismo em direção à felicidade. Ainda temos dentro de nós a centelha divina, a fé em nós mesmos, independente de crença, que nos arrebata e nos põe de pé diante até mesmo da morte. Viktor Frankl nos deixou esse legado: a esperança que independe da circunstância. O propósito que nasce da consciência diante da dor.

O “novo normal”, experienciado agora, precisa de tempo para o assimilarmos. Assim, e através da lente da Psicologia, entendemos a evolução como um subir de degraus, cujo momento platô, entre um degrau e outro, se faz necessário para a compreensão do processo de crescimento. Que saibamos dar um passo de cada vez com sabedoria.

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