Estamos vivendo um período de crise, de incertezas em relação ao trabalho e às novas formas de serviços que se apresentam, à saúde como cerne principal da pandemia, de reflexões acerca da vida, do futuro e das relações. Uma crise de valores que afeta a todos. Uma crise coletiva e, por tal, mobilizadora para todos e além fronteiras. Talvez esse seja um momento em que muitos irão se deparar com muitas incertezas, porque a privação, a falta e a introspecção dão uma lucidez incrível para a mente, principalmente por apontar verdades que, não raras vezes, evitamos enfrentar. Entre elas, a percepção de que não temos o controle sobre a vida e a sua finitude; que o sentido da vida está nas pequenas coisas do cotidiano, sem custo, nem barganha; que a família é o bem maior, o início de todos os valores humanos, muitas vezes, esquecidos ou ignorados como mercadoria de segunda linha.
Mais do que uma crise aparente e do “lado de fora”, estamos vivenciando uma transformação do “lado de dentro”, conquanto de forma abrupta e compulsória, mas extremamente salutar contra o individualismo e o egoísmo, tão enraizados no comportamento humano nos dias de hoje. Tantas mudanças acontecendo ao mesmo tempo em termos de ideias, tecnologia, comunicações, corporações e relacionamentos que voltar ao silêncio tornou-se bem mais do que sair do ritmo frenético do mundo: tornou-se o autoencontro necessário de cada um, a volta ao equilíbrio e à essência. O renascimento em vida. A renovação que liberta, a fim de sermos pessoas melhores para nós mesmos e para o mundo.
Enquanto muitos reclamam do isolamento social e da contenção de ficar em casa, outros utilizam o período para desenvolver a criatividade, reajustar laços afetivos, cuidar de seus familiares, aproveitando o tempo que outrora parecia escoar pelas mãos. Estamos vivendo um novo tempo: o salto quântico para a consciência de que somos todos uma grande família chamada planeta Terra. É a mudança de sintonia vibratória, como o dial da frequência do rádio. Sairemos do egocentrismo para refinarmos para a verdadeira solidariedade, sentida na prática. Bem mais do que isso: a superação da retórica anacrônica do “eu” para a sensibilidade e a cooperação do “nós”.