Antônio Edgar Chilella, 70, se tornou popular em Bom Retiro do Sul pela disponibilidade em auxiliar o próximo. “Não sabia dizer não”, conta o ex-prefeito, músico e escritor. Só que agora é Chilella quem precisa de ajuda.
Faz seis anos que ele enfrenta um câncer na virilha. Tumor foi detectado após inchaço na perna direita, em 2014. No mesmo ano, Chilella passou por cirurgia para retirada dos vasos linfáticos – sistema responsável pela coleta de líquidos nos tecidos do corpo.
Por dois anos, o câncer desapareceu. Entretanto em 2016, voltaram os sintomas com uma notícia negativa. Havia a possibilidade de amputação da perna em caso de nova cirurgia. Única solução foi a quimioterapia. “É um sofrimento, uma cruz que carrego”, compara.
Atualmente, os cabelos morenos penteados para trás, marca registrada do político, foram substituídos por poucos fios brancos. A perna direita inchou novamente e está quase duas vezes maior que a esquerda, o que impossibilita caminhar sem as muletas.
Faz dois meses que Chilella não consegue dirigir e necessita da carona de vizinhos para realizar exames médicos. Acamado, ele passa maior parte do tempo na residência alugada às margem da ERS-128, área central de Bom Retiro do Sul.
Dificuldades financeiras
Um salário mínimo de aposentadoria é o rendimento mensal de Chilella. O valor, segundo ele, é insuficiente para bancar o aluguel da casa, alimentação e despesas com o tratamento de saúde realizado de forma particular.
“Não me cuidei para me dedicar ao município. Queria fazer obras, mas não construí uma casa para mim. Hoje, poderia estar melhor”, reconhece o ex-prefeito ao destacar a despreocupação com o próprio futuro.
A situação de Chilella piorou ainda mais quando o único irmão, Ademar, morreu após atropelamento em outubro de 2017. “Ele era de Porto Alegre e veio para cá me ajudar. Daí aconteceu essa tragédia”, lamenta.
Ações solidárias
Por sorte, Chilella afirma ter feito muitos amigos nas quase cinco décadas de vida pública. Essas amizades podem ser constatadas nas diversas campanhas para bancar os gastos médicos.
Uma das ações realizadas atualmente está uma rifa com sorteio de televisão e outros brindes. São 2 mil números que devem ser vendidos até o dia 25 de janeiro. “As pessoas se sensibilizam com a situação do Chilella. É uma pessoa querida na comunidade”, afirma um dos organizadores, Paulo Renato Leonhardt.
Os números são comercializados em estabelecimentos comerciais de Bom Retiro. Mais informações pelo 9999-71677 (com Paulo Renato).
Trajetória política e profissional
Chilella nasceu em Fazenda Juliana, época em que a localidade pertencia a Taquari. Ainda com nove anos se mudou com a família para Pinhal, interior de Bom Retiro do Sul.
Na adolescência e início da fase adulta, se tornou conhecido por tocar acordeão e animar festas pela região. Essa popularidade fez com que Chilella ingressasse na política pelo PMDB. Primeira candidatura foi a vereador, em 1976. O jovem político de 26 anos foi eleito.
Seis anos depois, se elegeu prefeito pela primeira vez. O segundo mandato veio em 1992. Do período como mandatário, se recorda das obras de infraestrutura realizadas. “Quando entrei em 1983, Bom Retiro tinha 10 ruas e dois bairros. Em 1996, eram 100 ruas e oito bairros”, comenta.
O ex-prefeito também ficou conhecido por construir casas populares, inaugurar uma das primeiras creches (Vó Marica) e criar o tradicional Carnaval de Rua. Após os mandados, ainda trabalhou como coordenador regional da Agricultura no governo de Germano Rigotto.
No âmbito musical, gravou quatro CDs com canções religiosas e participa de programas de rádio faz quase 50 anos. Chilella também publicou um livro chamado “O abraço que cura” e foi um dos fundadores do grupo de oração que se reúne faz mais de 30 anos.
