A produção artesanal do alimento sagrado

PÃO DÁ VIDA

A produção artesanal do alimento sagrado

O partilhar do pão, esse ato que carrega o simbolismo da união entre as pessoas, para os cristãos, é tido como um dos eventos da Última Ceia. O próprio Jesus, na véspera de sua morte, dividiu o pão entre seus…

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A produção artesanal do alimento sagrado

O partilhar do pão, esse ato que carrega o simbolismo da união entre as pessoas, para os cristãos, é tido como um dos eventos da Última Ceia. O próprio Jesus, na véspera de sua morte, dividiu o pão entre seus discípulos, indicando o alimento como representação de seu corpo sacrificado.
 
Já entre os judeus, a Páscoa lembra a libertação dos hebreus do Egito, onde eram submetidos à escravidão por Faraó. Nesta celebração, a tradição judaica proíbe o consumo de massa fermentada, por isso os judeus comem o pão ázimo.
 
O fato é que o alimento mais elementar da dieta humana não deixou de receber atenção, mesmo que a Páscoa tenha adquirido novos significados ao longo desses mais de dois mil anos. Pois se a religião já não tem tanto peso nas decisões individuais, fatores como tipo de fermentação, origem de insumos e qualidade de farinhas, sim.
 
Foi pensando também nessa tendência que o casal Geovani Terra, 36, e Larissa Nonnenmacher, 33, decidiu apostar na panificação.
 
A ele, cabe a tarefa de colocar a mão na massa. Fã da culinária desde sempre, começou a vislumbrar o ramo como atuação profissional a partir de uma viagem à Europa. Com o simples objetivo de conhecer o mundo, ele ficou sete anos na França, onde aprendeu muita coisa.
 
“O pão acompanha todas as refeições. Lá na França, tu toma café da manhã e tem pão; ao meio dia, tu vai almoçar e eles colocam um cesto de baguete cortada; à noite, tu passa na padaria e leva um pão.”
 
De volta ao Brasil, fez cursos em Porto Alegre e em Canela – com um francês que trabalha com pães na Região das Hortênsias. Em Lajeado, um amigo que estava abrindo uma padaria lhe permitiu conhecer a dinâmica da produção mais de perto.
 
Há cinco anos, juntando tudo o que havia visto e aprendido até então, Geovani começou a produzir em casa. No boca a boca, foi divulgando a fama do Sr. Padeiro, nome que ele adotou para se inserir no ramo da panificação.
 
De lá para cá, o ritmo aumentou e a o casal sentiu a necessidade de abrir um ponto físico próprio para o empreendimento. Por isso, desde a semana passada, o número 968 da rua Bento Gonçalves abriga uma nova opção de padaria, a Sr. Padeiro.
 
O casal está organizando a casa para oferecer outras delícias de padaria, mas até que isso ocorra, a produção é focada em pães. Os mais pedidos entre o público são o de nozes com castanha do Pará e o australiano – que leva cacau, mel e farinha de centeio. A baguete é semi-integral e leva linhaça, semente de girassol, farelo e gérmen de trigo.
 
A proposta do local é oferecer pães artesanais, com ingredientes mais saudáveis – como melado, açúcar mascavo e fibras – livres de aditivos. A fermentação ainda envolve fermento biológico fresco, mas a intenção é, no futuro, adotar a fermentação selvagem.
 
“Esse conhecimento está chegando. Queremos também levar informações sobre essas questões às pessoas”, comenta. A venda é feita por unidade (pesos entre 370g e 460g), a R$ 10. A Sr. Padeiro atende de terça a sexta, das 15h às 19h, e aos sábados, das 8h ao meio-dia.

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