“A meditação mudou a minha vida”

Prática milenar

“A meditação mudou a minha vida”

Praticantes contam os benefícios físicos e mentais trazidos pela meditação, como a cura de uma enxaqueca e o controle sobre a ansiedade excessiva. A prática cresce em todo o país e ganha adeptos na região. Neste domingo, evento no Parque do Engenho possibilita a oportunidade de conhecer mais sobre o tema e meditar pela primeira vez

Por

“A meditação mudou a minha vida”
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Durante oito anos, Jaisson Sauter sofreu de fortes enxaquecas. Sempre na mesma época, entre fevereiro e março, era acometido por crises que o levavam ao hospital. Medicação na veia, por vezes, era a solução para poder dormir.
 
As dores o obrigavam a ficar trancado em casa, qualquer luz ou barulho incomodava. Chorava de dor. Ele fez diversos exames para chegar a um diagnóstico. Nada aparecia. Não havia explicação para suas dores.
 
Eis que surge a meditação. Por indicação de um amigo, ele começou a praticar. Para convencê-lo, o amigo provocou dizendo que Sauter não conseguiria por ser muito agitado. Após três anos de prática, ele percebe muitas mudanças em seu cotidiano. “A meditação mudou a minha vida, muda tudo, até o jeito de ver o mundo”, afirma.
 
A enxaqueca nunca mais apareceu. Além do aspecto relativo à saúde, Sauter elenca outros benefícios trazidos pela prática, como a melhora no relacionamento familiar. A memória também passou a funcionar melhor. “Hoje eu não preciso mais usar agenda. Antes eu usava e às vezes não sabia onde tinha deixado.”
 
Sauter medita todos os dias em casa, ao acordar e no início da tarde, cerca de meia hora a cada sessão. Corretor de imóveis, ele conta que muitas vezes, em meio à rotina de lidar com vários clientes ao mesmo tempo, tira dois ou três minutos para meditar, no local de trabalho.
 
Diferente do que o estereótipo sugere, Sauter afirma que o ideal é não criar um ambiente específico para meditar. Ele prefere praticar em ambientes normais, com ruído, pessoas, interferências externas habituais.
“Esse é o bacana, tu praticar onde tu está trabalhando, pegar um ou dois minutos e já é muito importante. Tem uma força gigantesca.” Mesmo católico, destaca a aceitação do budismo em relação a todas as religiões.
 

Um remédio para  a ansiedade

Priscila Defendi não acreditava nos efeitos da meditação. Ela sofre de ansiedade “muito além do limite”, descreve. A ansiedade se manifesta mental e fisicamente. No fim do dia, tinha dores de cabeça por causa da tensão.
 
Foi o psiquiatra que sugeriu que ela procurasse alguma atividade física que lhe desse prazer. Quando viu o anúncio de uma palestra sobre meditação, se identificou na hora. “É isso, vou experimentar este mundo novo”, pensou. “Como não conhecia a meditação, não acreditava que ela poderia ajudar com as dores de cabeça, é algo mágico, é uma transformação.”
 
No início, aprendeu a usar a respiração a seu favor, o que ajudava a manter a calma nos momentos mais tensos. Em dois anos meditando, já sente mais efeitos positivos da prática. “Minha dor de cabeça tensional sumiu. As crises de ansiedade, que antes eu demorava uma semana para voltar ao normal, em um dia eu já consigo me recuperar.”
 
Hoje, ela pratica entre 30 e 45 minutos por dia, geralmente à noite. “Meditar não é somente quando tu ta sentando. É estar em atenção plena durante todo o tempo”, conclui.
 

“É uma arma silenciosa e revolucionária”

Arquiteto por formação, Jeferson Queiroz pratica e difunde, faz mais de 15 anos, a meditação e o budismo em Lajeado e região e também nas redes sociais. Neste domingo, 14, ele vai ministrar uma aula aberta no Parque do Engenho, às 10h, onde a comunidade terá a oportunidade de conhecer melhor a prática para aplicá-la na vida diária.
 
“É bem possível que tenhamos a participação de pessoas que nunca tiveram contato com a meditação, desde crianças até adultos. Trata-se de uma arma silenciosa e revolucionária”, ressalta. Ele vai mostrar como é possível viver com mais consciência no dia a dia, desfrutando da vida como ela é e aumentando a lucidez, ajudando a reduzir desejos, apego e raiva, realidades condicionadas e que acarretam sofrimento.
 
Conforme Queiroz, esta também será uma oportunidade para desmistificar o que é e o que não é meditação. “A maioria das coisas que se vendem por aí não são meditações. Muitas pessoas chegam a ter aulas e acham que estão meditando, mas não é bem assim”. Ele acrescenta que a prática verdadeira traz benefícios que são perceptíveis, como aumento no nível geral de contentamento, saúde e bem-estar.
 
“A meditação traz benefícios de impacto cerebral. Ela só é feita através de práticas silenciosas que o budismo aplica. Quando a pessoa estiver meditando, pode ser que surjam obstáculos, como medo, pânico ou depressão, e somente os ensinamentos budistas te ensinam a sair. São mais de 84 mil ferramentas que Buda nos dá”, explica Queiroz, que participa ativamente de retiros de meditação em templos budistas espalhados pelo Brasil. Na aula aberta, Queiroz vai mostrar uma linha de meditação simples, para que os iniciantes possam se familiarizar com a prática.
 

Atividade em crescimento no Brasil

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem 250 mil budistas no Brasil. Na internet, sites, listas de discussões e comunidades se dedicam a esclarecer assuntos sobre o Dharma (ensinamentos do Buda) e suas práticas.
 
O budismo, entretanto, é uma prática milenar. Na China, por exemplo, chegou a ser proibida por mais de 500 anos, pois os imperadores perceberam que se tratava de uma atividade que “libertaria” o povo. “As pessoas começam a se conhecer, se rebelar contra as opressões da própria mente e da opressão externa”, conclui Queiroz.
 

Retiro em Imigrante reuniu 60 pessoas

No último final de semana, cerca de 60 pessoas participaram do retiro Encantamento pela Vida, no Convento São Boaventura, em Imigrante. A atividade, promovida pela Tao Terapias Integradas, de Lajeado, teve sessões de meditação e yoga e outras formas de terapia, contando com a presença de um casal de monges zen budistas.
 
Segundo a terapeuta holística e proprietária da Tao, Rúbia Helena Meinertz, foram três dias onde os participantes se desconectaram do estresse da cidade e encontraram novas maneiras de ver a vida, buscando evoluir internamente e redescobrindo as inúmeras formas de felicidade presentes no dia a dia.
 
Entre os participantes, Rúbia ressalta que vieram moradores de cidades de fora da região, como Porto Alegre, Santa Maria, Santa Cruz do Sul e até Florianópolis. Esta foi a terceira edição do retiro.
 

Ingressos esgotados para palestra com Monja Coen

O Teatro Univates será palco, no dia 9 de maio, de uma palestra com a jornalista Cláudia Dias Baptista de Sousa, conhecida por seu trabalho como Monja Coen. O evento, marcado para as 19h30, está com ingressos esgotados e são esperadas cerca de 1,1 mil pessoas.
 
Criada no Cristianismo, Coen se tornou budista há mais de 30 anos e é fundadora da Comunidade Zen Budista. Aos 71 anos, ela conta com milhares de seguidores em seu canal no YouTube, onde divulga conteúdos sobre espiritualidade e a vida cotidiana no século XXI. Já lançou diversos livros e busca utilizar seus ensinamentos como ferramentas para tornar a sociedade um lugar melhor. Coen é a primeira mulher e a primeira monja de ascendência não japonesa a assumir a presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil.

MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais