Há mais de duas décadas, a Comunidade Católica Nossa Senhora Aparecida reuniu um grupo de fiéis para a primeira encenação da Via Sacra, na Sexta-Feira Santa. As apresentações eram feitas na rua, em procissão. Este é o terceiro ano que elas serão no salão da comunidade, no dia 19 às 15h.
Quando a primeira encenação da Via Sacra ocorreu, a catequista e ministra da comunidade Daniele Immich, 32, recém chegava ao bairro. Faz três anos que ela coordena o grupo nos ensaios e ajuda a montar a apresentação.
Por meio da Bíblia, a Sexta-Feira Santa na comunidade revive as passagens de Jesus Cristo, desde sua entrada em Jerusalém, o domingo de ramos, a quinta-feira Santa, o Lava pés, a Eucaristia, até a chegada ao Monte das Oliveiras, onde Jesus foi entregue aos soldados. “Assim inicia a Via Sacra com a participação de cerca de 40 fiéis”, explica Daniele.
Nos últimos anos, o grupo de ministros preparava reflexões sobre a data. Este ano, convidaram o grupo de jovens e as crianças para fazer a animação. Elas entram em cena em algumas estações da passagem de Jesus Cristo, encenando o tema da Campanha da Fraternidade: Fraternidade e Políticas Públicas.
Os ensaios costumam começar em março. Além da encenação, o grupo prepara as músicas que trilham a Via Sacra na Sexta-Feira Santa. Como a padroeira da comunidade é Nossa Senhora Aparecida, a data também busca priorizar o sofrimento de Maria. Neste momento da apresentação, a música acompanhará a encenação de Daniele com os filhos, entre eles, uma menina com deficiência. “Queremos mostrar que por mais que seja difícil lidar com as nossas dores, unindo pais e filhos, esse sentimento é amenizado”, entende.
Entre uma lágrima e outra, todo ano o momento é dividido em emoção e reflexão. No ano passado, cerca de 300 pessoas compareceram na Igreja para assistir. “É um dia de muita fé, reflexão e oração para a nossa comunidade”, explica Daniele.
O mesmo Jesus
Durante todo o tempo em que a encenação da Via Sacra ocorre no bairro, Danilo Marmitt interpreta a história de Jesus Cristo. Ele já participa da comunidade há quase 30 anos, e auxilia como ministro na Igreja.
“Nos reuníamos em uma casa para a preparação, e íamos em procissão até a Igreja”, lembra Marmitt. Como integrante do grupo Terno de Reis, também costuma auxiliar na celebração de Natal.
A comunidade surpreende-se com a intensidade com que Marmitt recria a história da Via Sacra. Por isso a sensação é de estar presenciando o momento. “Revivemos todo o sofrimento que Jesus passou, e que muitas pessoas passam hoje”, entende.
BIBIANA FALEIRO – bibiana@jornalahora.inf.br
