Anelí Dickel, 52, é coordenadora do grupo de idosos de Teutônia faz quase 20 anos. Entram e saem governos, permanece na função, atendendo cerca de 700 pessoas por mês. Segundo ela, a alegria é o segredo para envelhecer com saúde.
• Como você descobriu a vocação para trabalhar junto aos idosos?
Surgiu de um convite da administração municipal na época. Teutônia tem 15 grupos de idosos e havia a necessidade de proporcionar algo diferenciado a eles, com músicas, danças, dinâmicas. Como canto e toco violão, fui convidada a desempenhar essa atividade. Então, comecei a ir, me apeguei e criei laços com essas pessoas.
• Qual é a relevância desse trabalho?
É muito importante para a prevenção de doenças e para motivá-los a envelhecer com qualidade de vida. Sempre que conseguimos, levamos aos encontros palestrantes da área da saúde. Além disso, a manutenção e o fortalecimento das amizades são fundamentais. Cada idoso tem as suas dificuldades, mas dentro dos grupos de convivência, esses problemas ficam do lado de fora. A gente conversa, ri, conta piadas, pratica esportes, canta, dança e se diverte.
• Como motivar as pessoas a envelhecer com qualidade vida?
O primeiro passo é convidá-las a participar dos grupos, a sair e não ficar sozinho dentro de casa. Os municípios têm que trabalhar muito isso, porque sabemos que a população idosa cresce cada vez mais. Então, essa motivação é essencial.
• Quais são as principais necessidades das pessoas mais velhas hoje?
Dentro dos grupos, não percebo faltar muita coisa para eles. Mas lamento muito por aqueles que não participam, aí a gente percebe que entre as necessidades está a carência, a falta de atenção por parte de alguns familiares. Uma vez um médico brincou comigo: “Para de me tirar clientes! Desde que surgiram esses grupos de terceira idade, eles não ficam mais doentes!”
• O que a sociedade tem a aprender com os idosos?
Essa geração de idosos vivenciou muitas transformações. Passaram por vários avanços, desde quando não havia carros ou uma rua asfaltada até a informatização. Ou seja, passaram por tudo, são muito privilegiados. A sociedade tem que pensar que todo mundo quer ficar velho, pois ninguém quer morrer cedo. Hoje as pessoas estão muito presas às tecnologias, dentro de casa, e precisam aprender com os idosos que a saúde está na alegria de viver, na convivência, nas amizades.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br
