Tudo ia muito bem e estava muito bom. Até o ruído da porta do apartamento ecoar pelo corredor e alcançar a cama do quarto onde estavam Marlise e Pedro, o amante. Colega de trabalho de Vilnei, o esposo.
– Jesus, Maria, José. É meu marido! – anunciara Marlise.
Pedro parou com o que estava fazendo e ficou espantado com a frase.
– Que foi que você disse?
– Eu falei “Jesus, Maria, José. É meu marido!”
– Entendi mesmo isso, mas preferi não acreditar – disse Pedro enquanto catava as roupas pelo quarto.
– Pois ele me disse que ficaria em Porto Alegre hoje!
– Então, pode ser que não seja ele. Pode ser um ladrão! Ou o maníaco do Parque dos Dick!
– Não teríamos tanta sorte. Conheço estes passos. Ele tá vindo pro quarto, rápido. Te esconde embaixo da cama!
O nervosismo de Pedro era tamanho que começou a rir copiosamente embaixo da cama. Mas aí percebeu que havia deixado sua camisa da firma dentro do banheiro do casal e pegou a do marido por engano, que estava embaixo do travesseiro da cama. A porta do quarto se abriu. Vilnei já entrou indagando.
– Com quem que tu tá falando, mulher?
– Ora, com ninguém. Era barulho da televisão. Mas vem cá, tu não ia pra Porto Alegre?
– Mas, pera aí! Nosso quarto não tem televisão!
– Vilnei! Não mude de assunto! Por que você está em casa?
– Não precisei ir pra Porto Alegre e ponto final – disse enquanto entrava no banheiro.
– O que esta camisa da empresa cheia de marca de batom está fazendo dentro do banheiro, Marlise?
– Eu que te pergunto, Vilnei! Esta camisa é tua – esbravejara Marlise dando-se conta de seu erro.
– Não é. Eu uso M. Esta camisa é GG.
– Como assim, Vilnei? Tu me diz que vai pra Porto Alegre e sai com uma camiseta cheia de mancha de batom do banheiro? – argumenta a esposa em sua última tentativa.
Vilnei foi caminhando até o armário e parou em frente às portas do roupeiro.
– Tu tá me traindo, mulher? – disse enquanto abria a porta do armário de sopetão.
– Mas o que é isso, Vilnei? Estás me tirando pra infiel? Para com isso já! Quer acabar com nosso casamento?
O marido chegou a baixar a guarda.
– Me desculpe. Por um momento cheguei a desconfiar. Talvez esta camiseta cheia de batom tenha vindo junto na minha mochila depois do futebol de terça-feira. Alguém da firma querendo me sacanear.
– Foi o que pensei – disse a esposa aliviada.
– Bom. Vou pegar meus chinelos embaixo da cama e vou até a padaria comprar quindins pra nós dois.
– Seu chinelo não está embaixo da cama. Nunca esteve!
– Está sim, eu sempre guardo. Lembro de, inclusive, sempre colocar mais pro meio, pra não ter chance do Bob pegar e espalhar minhas Hawaianas pela casa.
No que se esgueirou para catar o chinelo embaixo da cama, encontrou Pedro. Mordendo a sua camisa M da firma para não gritar de desespero.
Vilnei pegou a sua camisa e devolveu a camisa cheia de batom a Pedro, que saiu de cabeça baixa do quarto.
Antes de alcançar o corredor, Vilnei alertou:
– O tira manchas fica embaixo do tanque na área de serviço.
E nunca mais ninguém tocou no assunto.
Fazenda vilanova
“VENDECE LENHA”?
Para “çuperar” a “crize” vale “cualquer negósso”
(SEM LEGENDA)
TAMO MAL DE CANDIDATOS
