Linguagens universais

Opinião

Ney Arruda Filho

Ney Arruda Filho

Advogado

Coluna com foco na essência humana, tratando de temas desafiadores, aliada à visão jurídica

Linguagens universais

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Já me deparei algumas vezes com a cena: crianças com pouco mais de 1 ano de vida se encontram em uma praça. Elas se olham com olhinhos curiosos e, de imediato, olham para os pais. Quem é aquele ali?, provavelmente pensam. Posso brincar com ele?, perguntam sem verbalizar. Daí em diante, basta um simples sinal de aprovação da autoridade, aquela mensagem encoberta num sorriso e num aceno de cabeça.
Vai filho, vai brincar com o amigo! E assim começa uma amizade, um rico momento de troca de experiências e de aprendizado que poderá se prolongar no tempo. Novos encontros vão acontecer, naquela mesma praça, na escola ou em outro lugar qualquer, aquele primeiro contato se transformará numa amizade que poderá ser estreitada quando a linguagem das palavras for incorporada ao universo infantil.
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Assim como a linguagem lúdica dos primeiros encontros da infância é absurdamente marcante, quando ainda não se fala com palavras, a linguagem musical também rompe barreiras e cria vínculos inacreditáveis. Parafraseando Beethoven, a música é o solo elétrico em que o espírito vive, pensa e se inventa. Ela afeta os nossos sentimentos e os nossos níveis de energia.
Sem sequer pensarmos muito sobre isso, a música nos transporta para estados de espírito desejados – ou por vezes indesejados, para nos alegrarmos, para nos movimentarmos, para trazer de volta memórias das boas e das nem tanto, para nos ajudar a relaxar e a nos concentrar.
Considerada por muitos a primeira das expressões artísticas, a linguagem mais universal e mais poderosa, a música é possuidora de um caráter facilitador e transformador que permite ultrapassar muitas barreiras colocadas à comunicação verbal, inclusive e especialmente as barreiras do idioma. A música é, sem dúvida, um instrumento de inteiração, capaz de aproximar pessoas de diferentes origens, de criar novas formas de expressão, gerar beleza na combinação inusitada de sonoridades.
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Nesta semana a vida me proporcionou uma experiência inesquecível. Tive oportunidade de estar com dois músicos extremamente talentosos. Um deles eu já conheço de tempo, meu amigo Solon Chaves, lajeadense, multi-instrumentista, músico profissional talentoso e versátil, professor com extenso currículo, tem experiência de tocar em diversas formações e nos mais variados estilos. O contrabaixo, seu instrumento preferido, dá aquela base de sustentação à música e muitas vezes nem é notado pelos ouvidos desatentos.
O outro eu não conhecia: Robin Banerjee, guitarrista britânico de origem indiana, que foi o preferido da diva Amy Winehouse e está em turnê pela região, acompanhando a estrelense Kelly Carvalho em seu projeto musical. Solon não fala água em inglês. Robin, mesmo sendo britânico, tem se esforçado para se comunicar na linguagem tupiniquim e até que está se saindo bem.
Mas bastou os dois se olharem, sorrirem e dedilharem os primeiros acordes, para que o caminho da comunicação se abrisse, amplo, pleno, sem qualquer barreira. Daí em diante, o que se viu e ouviu foi o diálogo de dois artistas, imersos no seu particular universo, conversando por meio dos maiores standards do jazz, do blues, da bossa nova.
Feito crianças que mal sabem falar, Solon e Robin se descobriram na essência da arte que os une. E brindaram os que ali estavam com instantes de rara beleza, daqueles que só a arte em seu estado mais puro pode proporcionar.


Alimentos devidos a filhos não precisam ser iguais

Em decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) admitiu que pensões alimentícias pagas por um pai a filhos de relacionamentos diferentes possam ser fixadas em valores distintos.
A razão da diferenciação foi prova da capacidade financeira das mães das crianças. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) havia reduzido uma das pensões de 20% para 15% sobre os rendimentos líquidos do pai.
A mãe interpôs recurso especial ao STJ sob o fundamento de que a decisão teria dado tratamento discriminatório entre os filhos, uma vez que foi destinado ao outro filho, fruto de outro relacionamento, o percentual de 20%.
A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, reconheceu que, em regra, não se deve fixar a obrigação de alimentos em valor absoluto ou percentual diferente entre a prole, uma vez que os filhos, indistintamente, necessitam ter acesso a condições dignas de sobrevivência em igual medida.
Mas, para o caso específico, a ministra justificou que é dever de ambos os cônjuges contribuir para a manutenção dos filhos na proporção de seus recursos. Se uma das mães tem melhor capacidade de contribuição, para esse filho poderá ser atribuída participação menor do pai.


Operação Lava Jato: para TRF, Moro não é suspeito

A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou na quarta-feira, 4, por unanimidade de votos, dois pedidos de exceção de suspeição feitos pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o juiz federal Sérgio Moro.
Um dos pedidos é do processo que averigua a propriedade do Sítio de Atibaia e o outro se refere à ação que trata da propriedade dos imóveis em São Bernardo do Campo (SP), de um apartamento ocupado pelo ex-presidente Lula e de um terreno que seria para uso do Instituto Lula, que teriam sido propina da empreiteira Odebrecht.
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Para o advogado do ex-presidente, Moro teria se tornado suspeito (o que o impediria de prosseguir no processo) ao participar como palestrante do evento Lide Brazilian Investment Fórum, em Nova York, em maio deste ano. A defesa alegou que a participação de Moro era um ato de natureza política-eleitoral, uma vez que evento teria ligação com o político e candidato a governador de São Paulo, João Dória Jr., e que em sua palestra o magistrado teria feito referência à prisão de Lula.
Segundo o relator, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, existe a tentativa nítida de politizar solenidades que não possuem essa natureza e que a presença de políticos não torna o evento político-partidário.

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