Institucionalizar a compra de votos

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Institucionalizar a compra de votos

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Um dos cânceres do sistema político nacional reside justamente no formato de emendas disponíveis para deputados e senadores alimentarem os currais eleitorais e se perpetuarem no poder. Elas servem, sobremaneira, como troca de moeda eleitoreira. Deputados e senadores mandam emendas para os municípios – melhor ainda, se administrados pelos mesmos partidos – e, em contrapartida, conseguem apoio para as eleições futuras.
Num país onde a imoralidade e a desfaçatez se proliferam, ninguém ousa acabar com a “mamata”.
O pior é ver que, guardadas as proporções, vereadores aqui da aldeia querem imitar Brasília. Em Encantado, faz pouco tempo, o vereador Diego Pretto apresentou projeto em que criava um formato similar, facultando para cada vereador o direito de decidir o rumo de percentual do orçamento do município. Ao perceber o revés das ruas e naufragar numa onda de críticas, recuou e tirou o projeto da pauta. Foi sensível e reconheceu o “excesso de ideologismo” da proposta.
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Agora é a vez de Lajeado. Nas surdinas, grupo de legisladores lidera movimento para alterar a lei orgânica e dar para a câmara o direito de decidir a aplicação de 1,2% do orçamento lajeadense, correspondente a R$ 3 milhões. Em números, cada um dos 15 vereadores poderia “jogar” com R$ 200 mil por ano.
A proposta nada mais é do que uma clara tentativa de institucionalizar a compra de votos e estendê-la para quatro anos. É assim com as emendas de Brasília. Era só o que faltava.
Num momento de profunda crise política, econômica e institucional, espera-se dos políticos ações coerentes e capazes de reconstruir, aos poucos, a credibilidade que a classe perdeu. Mas não. Insistem no mais do mesmo. Recorrem a modelos ultrapassados que ajudaram e ajudam a arruinar os cofres do país.
A proposta dos vereadores lajeadenses ainda não saiu dos corredores da câmara. E nem deveria.


A pressão funcionou

Ficou de bom tamanho. A pressão feita em Brasília, ainda no ano passado – e depois nas audiências aqui pelo estado – fez a ANTT mudar a proposta de concessão da BR-386. Em vez de dois pedágios entre os cem quilômetros de Lajeado a Canoas, ficou um, em Paverama.
Os dois eram inaceitáveis e injustificáveis, ainda mais diante da obra de duplicação finalmente pronta.

De volta: A BR-386 está sem pedágio faz cinco anos. Por sinal, neste período, foi feita a principal obra estrutural na rodovia: a duplicação entre Estrela e Tabaí. Nova tarifa a ser cobrada a partir de 2019 será de R$ 7,24

De volta: A BR-386 está sem pedágio faz cinco anos. Por sinal, neste período, foi feita a principal obra estrutural na rodovia: a duplicação entre Estrela e Tabaí. Nova tarifa a ser cobrada a partir de 2019 será de R$ 7,24


O edital para a nova concessão foi aberto ontem e também prevê início das obras de duplicação de Lajeado a Marques de Souza a partir do terceiro ano, bem menos do que os dez anos previstos na proposta original. Dentro de 12 anos, a duplicação do trecho entre Lajeado e Carazinho deverá estar concluída.
As praças de pedágio devem ser instaladas a partir de novembro e começam a funcionar no primeiro semestre de 2019. A concessão será pelo período de 30 anos.


Diferente

O vereador Diego Pretto (PP), de Encantado, é um dos três pré-candidatos a deputado federal pela região. Além dele, Ricardo Wagner (PR) e Márcia Scherer (MDB) devem concorrer.
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Ontem, em visita aqui ao A Hora, Pretto informou que doa todo mês, desde que assumiu uma cadeira no Legislativo, o salário integral de R$ 5,4 mil a uma entidade local.
Nos quatro anos de mandato, abrirá mão de uma receita de R$ 280 mil, contando 13º salário. Certo ou errado, é com esse discurso de não se alimentar da política e não se “acostumar” com o poder que o vereador tenta chegar à Câmara federal. Sustenta também que, “esta será a última eleição que participará”, reafirmando que não concorre a deputado para se promover em âmbito municipal.


Sob os efeitos de Neymar

Em tempos de Copa do Mundo: Um enxame de abelha fez jogadores e arbitragem parecerem sob os efeitos de Neymar. Partida válida pela categoria aspirante no amador de Santa Clara do Sul, entre Sercha e Santa Clara FC, provocou cena inusitada. Após um minuto de aflição de atletas e árbitros, as abelhas seguiram seu destino. E o jogo também
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