Dois em cada dez brasileiros planejam a aposentadoria

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Dois em cada dez brasileiros planejam a aposentadoria

Pesquisa do SPC Brasil mostra dificuldade da população em poupar e investir

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As discussões em torno da reforma da Previdência trouxeram à tona a dificuldade da população em planejar a vida financeira ao parar de trabalhar. Uma pesquisa do SPC Brasil revela que apenas dois em cada dez brasileiros planejam a aposentadoria. Apesar disso, a maioria dos entrevistados pretende se aposentar aos 61 anos, idade abaixo da prevista na proposta da reforma.

O cenário se torna ainda mais preocupante diante da mudança na média de idade da população. Conforme os números do IBGE, entre 2005 e 2015, a fatia de pessoas com até 14 anos decresceu de 26,5% para 21,0%. No mesmo período, o percentual daqueles com mais de 60 anos passou de 9,8% para 14,3%, e estima-se que essa parcela possa dobrar nos próximos 24 anos.

Economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti alerta para o fato de os brasileiros estarem envelhecendo sem planejar o futuro ou pensar em como farão para se manter depois de parar de trabalhar. “Estamos vivendo um período de transição e, mesmo com a reforma da Previdência parada no Congresso, é muito provável que as regras sejam alteradas num futuro próximo.”

Pesquisa do SPC Brasil mostra que apenas dois em cada dez brasileiros planejam a vida financeira após os 60 anos

Pesquisa do SPC Brasil mostra que apenas dois em cada dez brasileiros planejam a vida financeira após os 60 anos

Segundo ela, o sistema previdenciário corre o risco de entrar em colapso em pouco tempo e depender apenas do INSS não é recomendável. O ideal, alega, é pensar em uma combinação entre a previdência pública, que é vitalícia, e uma preparação por conta própria, que comece cedo e seja constante ao longo dos anos.

Realidade distante

Para o economista Adriano Strassburger, na teoria, é muito bonito, bom e importante investir no futuro, mas, na prática, os brasileiros continuam lutando para conseguir vencer as contas do mês. “Qual percentual da nossa população tem dinheiro sobrando para investir em renda fixa ou aposentadoria privada? É uma utopia.”

Conforme Strassburger, as pessoas precisam tentar reduzir o consumo e ser menos gastadoras para que ao fim do mês sobre algum dinheiro. Dessa forma, aponta, terão mais tranquilidade e automaticamente acabarão com recursos guardados para o momento em que pararem de trabalhar.

“Hoje, 90% da sociedade consumidora não se preocupa com o amanhã ou com reservar recursos para questões futuras”, alerta. Segundo ele, para mudar esse cenário, a sociedade precisa entender sobre impostos, quanto representa nossa malha tributária e de como podemos ter a retribuição do que pagamos

“Também é fundamental um exercício de redução de gastos para não ficar devendo ou fazer compras parceladas”, aponta. Para o economista, no momento em que a pessoa tem uma prestação, ela abre mão de fazer poupanças ou qualquer planejamento de aposentadoria.

Conforme os números do SPC, 47% dos entrevistados afirmam que não sobra dinheiro no orçamento para planejar a aposentadoria e 22% alegam terem ficado desempregados. Outros 19% já começaram a guardar dinheiro, mas não conseguiram continuar devido a problemas financeiros.


Reserva para o futuro

Sete em cada dez entrevistados dizem ter como meta guardar algum dinheiro como reserva para a aposentadoria. Entre os que poupam dinheiro para aposentadoria de forma ativa, 69% guardam dinheiro mensalmente, 18% a cada 2 ou 3 meses e 5% aproximadamente 3 vezes ao ano. Em média, o valor reservado é de R$ 371,38.

Entre os poupadores, 28% dizem saber qual o valor que terão disponível ao se aposentar e 33% acreditam que o valor que estão economizando será suficiente para a aposentadoria.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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