Abuso ou coerência?

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Abuso ou coerência?

Por

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As placas instaladas na cidade de Quaraí – com pouco mais de 23 mil habitantes – provocaram debate estado e país afora nesta semana. Após registrar 286 nascimentos em 2016, conforme dados do DataSus, o governo local lançou campanha de controle de natalidade.
Para conscientizar a população em relação ao número de filhos, o município espalhou placas com o seguinte recado: “Só tenha os filhos que puder criar. Não tem condições emocionais, pessoais e econômicas? Pense bem antes de ter filhos #A escolha é sua”, diz o outdoor, que se completa com a imagem de um menino triste, aparentemente abandonado.
Ainda que a campanha de Quaraí surpreenda pela singularidade e ousadia, o tema em discussão é velho no Brasil. O descontrole de natalidade não se verifica apenas na fronteira com o Uruguai. Repetem-se pelo país situações paradoxais em que o número de filhos em determinadas famílias é incompatível com a estrutura existente, seja emocional ou financeira.

coluna adair divulgação quaraí

(SEM LEGENDA)


Outro dia, o prefeito de Fazenda Vilanova, José Cenci, mostrava preocupação com o número de nascimentos registrados nos últimos anos. Com cerca de quatro mil habitantes, foram mais de 60 bebês nascidos em 2017.
No Brasil, inexiste controle de natalidade. Por essa lógica, a atitude do governo de Quaraí pode ser considerada abusiva, pois ultrapassa o limite do papel do Estado em tentar regular os direitos reprodutivos.
Afora isso, a campanha traduz um conteúdo relevante sobre algo que deveria permear muito mais debate no país. Não há no Brasil qualquer campanha que estimule a maternidade e a paternidade responsáveis. Deveríamos ter um trabalho agressivo por parte dos serviços de assistência social e dentro das escolas para aumentar a conscientização quanto aos prejuízos da maternidade na adolescência e o impacto do número de filhos numa família.
Mas não fizemos nada disso. Todos os dias, crianças nascem expostas ao descuido e ao abandono, suscetíveis à violência ou arregimentadas para o tráfico. Para quem chega ao mundo dependente do suporte e do serviço público, o drama é ainda maior. As vagas em creches e as fichas nos postos de saúde não acompanham, muito vezes, o aumento populacional de uma cidade. Por assim ser, Quaraí levanta uma bandeira polêmica, mas que mereceria ser esgotada e debatida.


 Festa de Maio de TeutôniaComo vai seu pai?

A pergunta do governador José Ivo Sartori ao prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup, não teria nada de inconveniente não fossem as circunstâncias que mantêm Ricardo Brönstrup preso na penitenciária de Lajeado. A indagação de Sartori provocou um inevitável mal-estar entre a comitiva teutoniense que percorreu gabinetes de autoridades nesta semana, divulgando a tradicional Festa de Maio, prevista para a próxima semana.
Sartori gosta de uma piada, mas nesse caso foi inoportuno. E deselegante. Ou não sabia ou não lembrava dos desdobramentos da operação Schmutzge Hande. Jonatan foi objetivo na resposta: está daquele jeito.


Mais um mês de discussão

O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, declinou da ideia de enviar, até dia 31 de maio, o projeto do Plano Diretor à câmara de vereadores. Foi sensível ao perceber a necessidade de ampliar o debate acerca do assunto. O novo prazo estabelecido pelo governo é 30 de junho. Até lá, o tema está aberto para discussão.
A exemplo do que foi feito na semana passada, na Acil, o A Hora organiza para a primeira quinzena de junho novo debate sobre a proposta do Plano Diretor. A ideia – e a necessidade – é incluir e ouvir o maior número de atores da sociedade e não restringir a entidades classistas. A sociedade lajeadense não pode – e nem deve – ficar aparte de um tema que lhe diz respeito e define os rumos da cidade para as próximas décadas.


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(SEM LEGENDA)

Paradoxo

Caminhar pela principal rua de Lajeado em dia de chuva é convite para um banho inconveniente. A foto acima foi feita nessa sexta-feira. Ela estabelece um paradoxo entre o desejo de ver e ter mais pessoas caminhando na rua com a crua realidade diária. Esta é mais uma das tantas razões que convocam a repensar o uso ou a exploração da principal rua comercial da cidade.

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