Pais ameaçam ingressar na Justiça contra mudança

Encantado - TRANSPORTE ESCOLAR

Pais ameaçam ingressar na Justiça contra mudança

Críticas ao sistema de transporte e ao zonemaento marcam manifestação

Pais ameaçam ingressar na Justiça contra mudança
Encantado

Com nariz de palhaço, pais e estudantes lotaram, mais uma vez, a câmara de vereadores nessa segunda-feira. Eles reivindicam a volta do transporte escolar como era no ano passado. Os pais ameaçam levar o caso ao Ministério Público caso o governo não recue.

Com consentimento dos demais vereadores, o presidente do Legislativo, Marino Deves (PP), abriu espaço para a comunidade se manifestar. Uma das mães, a manicure, Cristina Andrade Cornelli, 26, questionou os motivos pelos quais nenhum representante do Executivo compareceu à reunião.

Na semana passada, os vereadores se propuseram a organizar uma reunião com a administração municipal. Deves leu os ofícios encaminhados ao Executivo. O primeiro do dia 20 de fevereiro pedindo uma reunião para o dia 26, às 17h, e o segundo, enviado no dia 23, passando o encontro às 19h, em função do horário de trabalho dos pais.

Em resposta, a secretária da Educação e Cultura, Neide Maria Graciola, disse que já havia agendado para às 17h e não dispunha de horário posterior. Quanto `à presença do prefeito Adroaldo Conzatti, o governo informou que não foi possível contatá-lo, pois estava em retorno de Brasília.

O Legislativo promete contatar novamente o Executivo para agendar uma nova reunião nesta semana.

Reivindicações

“Já que não resolveu conversando, dialogando, pedindo o auxílio. Eu quero saber dos 11 vereadores, quem estaria disposto a entrar com uma ação popular e levar o caso para o Ministério Público?”, indaga Cristina.

A emprega doméstica e moradora do bairro Planalto, Veridiana Bampi da Silva, 38, também falou em nome dos pais. “Tem gente que não tem condições de pagar transporte. Eu tenho três filhos. Pediram para fazer o cadastro na Secretaria da Educação. Fomos fazer o cadastro. Até sexta-feira os pais iam receber o retorno sobre o transporte e já é segunda-feira e ninguém deu resposta nenhuma.”

A estudante de 15 anos, Gabrieli Damasio, e a mãe, a auxiliar de costura Elisângela da Rosa, 35, também estiveram na sessão. “E se nós estudantes deixarmos de ir para a escola, o que vai acontecer? É uma vergonha e uma falta de consideração”, critica Gabrieli.

Elisângela mora no Nova Morada. Segundo ela, em função do horário de trabalho, o marido leva a filha às 6h30min e ela aguarda até as 7h20min para o início da aula.

Manifestações

O vereador Luciano Moresco (PT) disse que os argumentos apresentados pelas famílias são fortes e válidos. “Precisamos dos apontamentos dos cadastros e não podemos ter mais uma semana com essa situação. As mudanças são válidas desde que não causem prejuízo”, comenta.

Sander Bertozzi (PP) reforça a importância de os pais fazerem os cadastros. Celso Cauduro (PMDB) sugere que a próxima reunião também seja gravada para os pais poderem cobrar o que for combinado.

Andresa de Souza (PMDB), a “Yê”, diz causar estranheza a impossibilidade da secretária estar na reunião duas horas depois do primeiro horário marcado. Ela concorda com as famílias e sugere que o caso seja levado ao MP.

O presidente Deves defende a ideia de que, se o rico pode escolher a escola dos filhos, o pobre também tem o mesmo direito. “Tem crianças que não estão indo para as escolas porque não têm transporte escolar”, lamenta.

Para ele, a secretaria tem a obrigação de conversar e resolver o problema individualmente de cada família.

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Entrevista

“Não tiramos o direito de ninguém”

Prefeito Adroaldo Conzatti defende o zoneamento implementado neste ano.

O que o senhor tem a dizer sobre o movimento dos pais?

Prefeito Adroaldo Conzatti – Reforçamos. Não tiramos o direito de ninguém ao transporte escolar; pelo contrário, reduzimos a distância estabelecida por lei estadual, que determina a oferta de transporte escolar para alunos que residam a mais de dois quilômetros da escola estadual mais próxima. Reduzimos para um quilômetro. Da mesma forma, alunos da rede municipal de ensino, que residam a mais de um quilômetro da escola, também têm esse direito garantido. Agora, os pais que querem que seus filhos estudem numa determinada escola que não é a escola de seu bairro terão que arcar com a despesa. O zoneamento foi implantado com a proposta de valorizar a escola de cada bairro, estimular o Círculo de Pais e Mestres (CPM) para que seja um forte atuante na escola, para que a comunidade se envolva com a escola e para que os pais estejam, principalmente, mais próximos de onde seus filhos estudam.

O Executivo projeta alterações no transporte dos estudantes?

Conzatti – O zoneamento foi muito bem pensado, planejado, avaliado e estudado até ser implantado. Tudo tem que ser readequado.

O Executivo pretende se reunir com o Legislativo para debater o assunto?

Conzatti – Nos reunimos várias vezes com todos os vereadores, para discutir sobre o transporte escolar. Toda mudança gera uma turbulência, porque ninguém quer sair da sua zona de conforto. Mas a mudança é necessária.

Por que o senhor não compareceu à câmara ontem?

Conzatti – Porque estava em Porto Alegre encaminhando o projeto de execução do asfalto entre Linha Garibaldi e Linha Argola, unindo os municípios de Encantado e Capitão, que já foi sinalizado pelo governo do Estado com o aporte de 70% da obra. Apenas 30% caberá aos municípios. Estamos buscando formalizar um convênio, para que o projeto saia do papel.

Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br

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