Comentários feitos pelo vereador Clóvis Bavaresco (PP) nas redes sociais contra a deputada federal Maria do Rosário (PT) marcaram a primeira sessão do ano, realizada nessa terça-feira.
O líder do PT, Ramon de Jesus, criticou a postura do vereador e cobrou posicionamento do Legislativo. “Nunca imaginei que usaria a tribuna para debater o ódio, que chegou pelas palavras do vereador Clóvis Bavaresco. Foi um desrespeito com as mulheres e sinto-me no dever de gritar mais alto e discordar.”
Além da OAB-Taquari, o Conselho Nacional de Direitos Humanos reagiu contra a postura do vereador. Em nota, “solicita apuração da situação pela Câmara de Vereadores de Taquari/RS, sem prejuízo de outras medidas no âmbito do Sistema de Justiça”.
O também petista Leandro Mariante reforça a cobrança. “Eu acho que deve ser aberta uma comissão e que ele seja investigado e que possa se defender.”
Pedido de desculpas
Bavaresco reconheceu o erro e afirmou que não pretendia agir com desrespeito. “Aquilo foi um momento de indignação, e insisto nisso: quando vi a notícia do roubo, me lembrei do caso Champinha, onde ela (Maria do Rosário) defendeu o estuprador e não as mulheres. Sei que fui de uma infelicidade total nas colocações, mas a minha intenção era defender as mulheres. Se fizeram uma distorção do que eu disse, peço desculpas.”
Ele ainda lembrou que já foi assaltado com arma de fogo duas vezes e ressaltou que “as pessoas têm que saber que estão no poder, mas não estão imunes ao crime.” Também informou que levou uma reprimenda do PP.
Única mulher entre nove parlamentares, a vereadora Mara Barcelos (PSDB) foi solidária. “O Clóvis já disse que está arrependido, então, eu procurei entender e, com base na palavra de Deus, procuro não julgar. Muitas coisas que me aborrecem estão acontecendo na minha caminhada na câmara, mas eu prefiro me calar. Quanto ao nosso colega, eu procurei entender, já que ele disse que não foi a intenção dele, que não foi um discurso machista, eu acredito.”
Colega de partido de Mara, Rene D’Ávila também invocou o nome de Deus. Ele é contra o abertura de processo por quebra de decoro. Disse que Bavaresco é “uma pessoa de bem” e que fez certo em se desculpar. Ao mesmo tempo, D’Ávila encorajou os ataques. “Tu não ofendeste as mulheres. Tu falaste o que muita gente queria falar, mas não tem coragem”, afirmou.
Afronta à civilidade
O presidente do Legislativo, José Harry (PDT), também repudiou os comentários de Bavaresco. “Essa casa vai ter que tomar uma decisão. Se existe quebra de decoro, vai ter que ser estudado e levado adiante. O fato de o Clóvis pedir desculpa não descaracteriza o que ele fala.”
Harry lamentou a postura do colega. “Ele foi de uma infelicidade gigantesca e isso tem um clamor da sociedade, pois é uma afronta à civilidade, e partindo de um vereador, é maior. A presidência da câmara certamente irá apurar os fatos e se pronunciar.”
Origem da polêmica
Clóvis virou notícia nacional após comentar, nas redes sociais, sobre o assalto à deputada Maria do Rosário. O fato aconteceu na quarta-feira passada.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br | Marieli Rosa: marieli@jornalahora.inf.br
