“Os partidos tradicionais estão em descrédito”

Estado - Candidato novo

“Os partidos tradicionais estão em descrédito”

Mateus Bandeira defende a redução do tamanho do Estado e a aproximação com o setor privado para assegurar investimentos

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“Os partidos tradicionais estão em descrédito”
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Pré-candidato ao Piratini pelo Partido Novo, Mateus Bandeira esteve ontem em Lajeado onde proferiu palestra em reunião-almoço da Acil. Ex-secretário do Planejamento e ex-presidente do Banrisul no governo Yeda, Bandeira é natural de Pelotas. Formado em Informática pela UCPel, tem especialização em Finanças pela FGV e em Gestão pela Ufrgs.

Entrevista

O que te motiva a cogitar a candidatura ao Governo do Estado diante das dificuldades históricas da gestão do Piratini?

Mateus Bandeira – Sou pré-candidato do Novo, pois é o partido que melhor representa os anseios da sociedade por renovação. Depois de todo o pessimismo com a crise, as pessoas estão saturadas com tudo que vivemos. As revelações da Lava-jato mostram a verdadeira falência do sistema eleitoral. Todos os grandes partidos políticos se envolveram nos escândalos de corrupção. Quero colocar minha experiência no setor público e no privado para enfrentar as raízes desse cenário de falência fiscal.

Hoje o atraso nos salários do servidores se tornou uma das questões mais críticas da gestão. Como sanar o desequilíbrio fiscal do RS?

Bandeira – Primeiro reconhecer que quando o governo atrasa salário faz porque não tem dinheiro. Isso é o acúmulo de um período longo de responsabilidade fiscal. Nos últimos 47 anos, todos os governos, exceto um, gastaram mais do que arrecadaram. Precisamos enfrentar a causa do problema para começar a pagar em dia. Mesmo o Estado estando quebrado, alguns setores não têm crise. Algumas elites do funcionalismo, como juízes, promotores, servidores do Tribunal de Contas e da Assembleia, estão fora da crise e recebem os salários em dia. Isso é fruto de uma política covarde, porque o governo decide descumprir uma regra constitucional, que é o pagamento dos salários em dia, e continua cumprindo outra regra que é transferir duodécimo rigorosamente em dia para os poderes que já recebem os salários em dia. Que o ônus da crise seja dividido entre todos.

É possível investir na infraestrutura do Estado? Como?

Bandeira – Hoje, o Estado não tem recursos. Está aí uma boa oportunidade para retomar um programa efetivo de parcerias público-privadas ou de concessões, para atrair capital privado e realizar os investimentos que o Estado não tem capacidade de prover. Isso é fundamental para destravar outros investimentos do setor privado. O Novo acredita que o único agente gerador de riqueza é o indivíduo, o empreendedor, as empresas. O Estado precisa criar as condições para atrair o investidor privado. Além da infraestrutura, é preciso olhar para a burocracia e o excesso de regulamentações e normas que atrasam e colocam em passo de espera os empreendimentos. A licença para funcionamento de um empreendimento em energia eólica demora 900 dias. Enquanto isso, o investimento não acontece e o emprego não é gerado.

Qual sua opinião sobre a EGR e o impasse em torno dos pedágios?

Bandeira – A EGR é uma excrescência. O Estado no passado percebeu que não tinha condição de investir em estradas e concedeu à iniciativa privada. Depois, rompe o contrato com a empresa privada e cria-se uma estatal. O Estado não nasceu para ser empresário. O modelo anterior poderia ser aprimorado, pois foi pioneiro no país. Talvez não tenha funcionado e se tornado caro, mais quatro anos depois o sistema foi interrompido. Nunca foi bem-feito ou teve estabilidade.

Que política seria capaz de melhorar o nosso sistema de segurança pública?

Bandeira – A violência é uma verdadeira epidemia. Nos primeiros nove meses deste ano, o RS registrou 66 homicídios para cada cem mil habitantes. Isso é mais ou menos o dobro do que a Síria e quase o dobro do Rio de Janeiro, que vivem situações de guerra. Esse é o tema que talvez seja a maior aflição de todos, pois afeta todo mundo. Tem muita gente passiva com a péssima qualidade da educação e do caos da saúde pública, pois não depende delas. Mas a segurança afeta a todos. Precisamos de três alicerces: policiamento ostensivo, inteligência investigativa e sistema penitenciário. É possível experimentar coisas diferentes no sistema penitenciário por meio de PPPs. Na polícia investigativa, investir em planejamento, gestão e tecnologia. Temos um problema estrutural que é o regime de previdência que garante aposentadorias com cinco anos antes no sistema de segurança. Temos mais policiais aposentados que na ativa.

O discurso de priorizar educação, saúde e segurança é repetido por quase todos os políticos, inclusive da atual gestão. Porém o descrédito da população está cada vez maior. Por que acreditar em Mateus Bandeira?

Bandeira – Porque os outros têm um discurso de retórica vazia. Falam em priorizar educação, saúde e segurança, mas não fizeram quando eram governo. Falam em ter que privatizar, mas qual pré-candidato privatizou ou fez PPP em âmbito municipal? O único que tentou fazer alguma coisa, agora, foi o Sartori. Qual PPP ele fez? Nenhuma. Qual iniciativa de redução do tamanho do Estado os outros pré-candidatos fizeram nos seus municípios? Não fizeram, por isso, a política está em descrédito. Os partidos políticos tradicionais estão em descrédito. Os únicos candidatos que falam algo diferente e têm uma prática diferente são aqueles do partido Novo. Quando temos uma prática diferente do discurso, perdemos a credibilidade.

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