O que Recife ensina ao Vale do Taquari

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

O que Recife ensina ao Vale do Taquari

Por

Comitiva liderada pela Univates ao Porto Digital mostra caminhos para colocar a região no ciclo de transformação tecnológica oportunizado na era digital.
A cidade pernambucana está entre os dez destinos tecnológicos mais listados do mundo. Recentemente, a Exame classificou Recife como Vale do Silício brasileiro. E não é à toa. O movimento estratégico estadual caminha para consolidar uma atmosfera disruptiva e vanguarda, que atrai grandes marcas e pensadores nacionais e internacionais. É um laboratório de ações e projetos pautados a partir dos problemas da cidade, das pessoas e empresas instaladas, com startups de inovação e empreendedorismo por todos os lados.
Se valer dos problemas e criar soluções inteligentes é o que move jovens, professores, empreendedores e pessoas comuns instaladas em casas e prédios antigos, em ruelas da pequena ilha em transformação pelas reformas, revitalizações e adaptações criativas. É um novo conceito de trabalhar, viver e de se envolver com a cidade.
O Porto Digital é um organismo social, que faz as pessoas conversarem com o seu entorno. A colaboração criativa transforma não apenas os problemas em soluções, como concebe uma nova forma de enxergar e se relacionar com a cidade onde está inserido.
A comitiva lajeadense, que tive o privilégio de participar, foi integrada pelo prefeito Marcelo Caumo, reitoria da Univates, o empresário Rogério Wink e os três colegas diretores do jornal A Hora.
Matéria nas páginas 10 e 11 traz a cobertura das principais visitas ao Porto Digital. Por isso, me limito a emitir opinião e deixo para os leitores lerem a matéria mais detalhada e fazerem as próprias interpretações.

A disrupção está no pensamento diferente e não naquilo que já dominamos. A criatividade flui quando o medo de errar perde importância.

A disrupção está no pensamento diferente e não naquilo que já dominamos. A criatividade flui quando o medo de errar perde importância.


Pessoalmente, considero a visita uma aula de conhecimento, inspiração e, acima de tudo, de percepções mais claras sobre o que é possível aplicar à nossa realidade local. Denoto que o Tecnovates é um grande trunfo já existente na região, mas precisa ser melhor percebido e aproveitado, principalmente, pelas grandes empresas da região. A sinergia terá de ocorrer.
O Porto Digital de Recife nasce da sensibilidade e inteligência de alguns líderes acadêmicos, empresariais e políticos. Essas figuras foram chaves para iniciar o chamado “núcleo pensante”, que 20 anos depois colocaria uma das capitais mais pobres do país entre as mais disruptivas e transformadoras.
No caso do Vale do Taquari, é preciso reunir um núcleo pensante, ampliar alianças e, definitivamente, decidir participar das transformações digitais em curso.
O prefeito Marcelo Caumo deu um passo importante ao participar da comitiva. Suas ações e visão serão imprescindíveis para viabilizar e flexibilizar entraves vindouros para legitimar esse tipo de movimento crucial para o nosso futuro.
A Univates e Tecnovates terão papel estratégico na criação de uma agenda de debates e alianças para aglutinar o maior número de pensadores e empreendedores dispostos a integrar esse time.
O início pode ser por Lajeado, mas nenhuma cidade do Vale pode ser dispensada. O horizonte deve mirar todas, cada uma no seu tempo e com base nas suas peculariedades. Não resta dúvida dos entraves e problemas a enfrentar: egos, vaidades e conservadorismos devem ser superados por um pensamento coletivo e altruísta.
O empresariado também precisa se abrir. Seus líderes devem apliar o olhar além do lucro e da visão individualista. O mundo caminha para a convergência de ideias, troca de experiências e a colaboração inteligente.
Uma visão mais coletiva, integrada e empreendedora será essencial para colocar o Vale do Taquari entre os notáveis destinos do futuro. O cooperativismo e a diversificação econômica podem ser fortes aliados, se os egos e individualismos não atrapalharem.
O Vale tem uma vocação para a produção e transformação de alimentos. Isso por si não basta. Isoladas, as empresas do setor nunca serão reconhecidas em âmbito mais arrojado, nem mesmo alcançarão a sustentabilidade plena. A indústria de transformação não sobreviverá no Vale se não desenvolver mecanismos tecnológicos inteligentes capazes de competir internacionalmente. E isso começa em soluções mais eficazes nas pequenas propriedades, nos prestadores de serviços e, por fim, também na indústria. Um não sobrevive sem o outro.
O primeiro grande passo será arregimentar essas cabeças pensantes e desenhar um horizonte ideal, arrojado e coerente com nossas vocações e viabilidades.
Depois inicia o debate desarmado para articular e integrar os diferentes atores necessários para implementar as ações.
A largada está dada. Temos de avançar. Ou sequer tomaremos conhecimento do ciclo de crescimento tecnológico que o mundo impõe, onde 40% dos empregos tradicionais terão desaparecido nos próximos anos. O momento de nos movimentar é agora.

Comitiva lajeadense

Reitor Ney Lazzari; diretora do Tecnovates, Simone Stülp; presidente do Codevat, Cintia Agostini; professor Renato Oliveira; empresário Rogério Wink; diretores do jornal A Hora: Fernando e Adair Weiss, Sandro Lucas e Fabrício de Almeida.


Pedido de desculpas

Os vereadores Sérgio Kniphoff, Waldir Blau e Ernani Teixeira sugerem que este colunista deve desculpas ao Legislativo lajeadense, por conta da coluna sobre a oferta de propinas feita a alguns edis. Não entrarei no mérito, pois as distorções em seus pronunciamentos destoam do conteúdo da coluna. Nenhum vereador foi acusado de corrupção. Apenas me embasei no que dois vereadores me disseram: “Fomos procurados para receber vantagem em troca da aprovação de determinado projeto”. Ponto.
Aliás, essa revelação foi feita não apenas a este colunista. Mais gente pode confirmar.

Acompanhe
nossas
redes sociais