Por que o suicídio atinge tanto o Vale?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Por que o suicídio atinge tanto o Vale?

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

No Brasil, desde 1980, a taxa cresceu 60%. Os motivos principais são instabilidade econômica e fragilidade social. O Vale do Taquari é uma das regiões mais atingidas pelo problema. Afinal, qual é a causa?
Na edição dessa sexta-feira, o jornal A Hora estampou na capa uma triste manchete: Forquetinha tem o maior índice de suicídio no país. No ranking estadual, o Vale aparece duas vezes, pois a terceira cidade onde as pessoas mais atentam contra a própria vida é Travesseiro.
Os dados são alarmantes e desafiam as autoridades públicas, as empresas e as famílias.
Há alguns anos, uma professora da área de psicologia fez um levantamento de suicídios na região de Venâncio Aires, e constatou que existe correlação com o tabaco. Na época, o assunto gerou polêmica em toda região produtora de fumo, mas depois foi um tanto esquecido.
Em maio, a revista Superinteressante abordou o suicídio com base numa entrevista com o psiquiatra Neury Botega, professor do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp e um dos maiores especialistas no assunto. Ele disse que “o Brasil é uma sociedade em ebulição. E sabemos que os números de suicídio aumentam em sociedades com crise política e econômica”. Comentou que foi assim nos países da antiga União Soviética antes da implosão do comunismo. E tem sido assim no Brasil.
Embora o suicídio tenha uma forte correlação com a pobreza, chamam a atenção os altos índices no Vale do Taquari, onde a qualidade de vida sustenta números relativamente favoráveis.
Na verdade, o assunto não é simples e merece análises consistentes, profundas e, acima de tudo, ação pública e da sociedade.
Em Forquetinha, por exemplo, o governo resolveu agir com força. Na sexta-feira mesmo, o prefeito Paulo Grunewald reuniu a equipe do primerio escalão para montar uma verdadeira ofensiva contra o problema.
Valorização da Vida será o nome do projeto a ser lançado nesta terça-feira, às 19h30min, no Parque Municipal. A proposta pretende detectar as principais causas e então avançar na estratégia de prevenção.
Relatos de empresários locais dão conta de que pelo menos 5% dos empregados costumam faltar ao trabalho durante o mês por causa de problemas depressivos na cidade.
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Há desconfiança de que o excesso de remédios (drogas) ofertados sem custos à população, especialmente, de mais idade, contribui para a depressão e, consequentemente, pode interferir para o suicídio.
Nada está comprovado e, por enquanto, tudo faz parte de uma análise mais superficial que será estudada e embasada com a ajuda de profissionais da área de psicologia, adentrando nas escolas, empresas e famílias.
O ato de cometer suicídio não se explica com um motivo isolado, mas numa soma de fatores, como bem explicou a psicóloga, Angélica Renner, à reportagem do A Hora.
“O histórico de suicídios em famílias alemãs, a forma como a monocultura do tabaco vinculado a monopólios industriais ocorre em pequenas propriedades familiares, a depressão ligada ao uso de agrotóxicos, a baixa escolaridade, o endividamento, abuso de álcool, a maior incidência de transtornos mentais e a defesa da honra em uma cultura patriarcal são algumas das condições estudadas”,afirma Botega em seu livro Crise Suicida. É para isso que se deve mirar o alvo.
Todas as cidades mais afetadas têm menos de 40 mil habitantes, o que confirma o aumento dos casos em cidades médias e pequenas. Isso serve de alerta para a necessidade urgente de prevenção nesses lugares.
Embora os maiores índices estejam nas cidades menores, é errado pensar que as pessoas dos grandes centros não atentam contra a própria vida. O isolamento social ampliado na era digital é outro desafio que se impõe na atualidade. O número de jovens que desenvolvem a chamada “síndrome do vazio” cresce nos consultores psiquiátricos.
Por longos anos era um tabu falar de suicídio. Era vergonha generalizada na família quando alguém o cometia. O preconceito religioso corroborava para isso e, não raras vezes, o fato era escondido da sociedade.
Estamos no século 21, e muitos tabus prevalecem. Precisamos falar de suicídio. E, além de falar bastante sobre a doença, é necessário agir com serenidade para frear esse mal.


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