“Vale do Silício” em Lajeado

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

“Vale do Silício” em Lajeado

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O homem é do tamanho de seu sonhos, já dizia o poeta e empreendedor Fernando Pessoa. O português sabia o valor dessa frase com a qual poderíamos descrever milhares de líderes e projetos audaciosos.
Pensar grande ou pensar pequeno dá o mesmo trabalho. É um clichê plagiado inúmeras vezes, mas corrobora para o arrojo proposto pela Univates ao novo Plano Diretor.
Recentemente, a universidade apresentou suas ideias para contribuir com a nova proposta em fase de discussão e elaboração.
Interessante atentar para a ousadia que ora sugere. Reservar três áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico e de inovação no pequeno município de 90 quilômetros quadrados.
Uma, é a Rota da Inovação, que segue a Bento Rosa em direção ao Centro Antigo de Lajeado, conforme matéria já publicada pelo A Hora, no dia 7 de setembro. A outra, é a definida na imagem, também por meio de conexão com o Tecnovates (junto à Bento Rosa). E uma terceira área é o atual distrito industrial, no sentido de convertê-lo em um parque tecnológico urbano.
“Esta concepção apresentada vai ao encontro do conceito de cidades inteligentes”, afirma a professora Simone Stülp, diretora de Inovação e Sustentabilidade e que engloba o Tecnovates.
Em conversa com Stülp, nesta semana, ela adiantou que em outubro um grupo da universidade e líderes da cidade pretende visitar o Porto Digital de Recife, em Pernambuco.

Vale do Silício no Recife é uma mostra de sucessivas tentativas e persistência para alcançar o nível atual.

Vale do Silício no Recife é uma mostra de sucessivas tentativas e persistência para alcançar o nível atual.


Em 2015, a revista Exame atribuiu ao local o título de “Vale do Silício brasileiro” na sua reportagem especial.
Recife é o berço de importantes centros de inovação e do maior parque tecnológico do país. Cada vez em maior número, multinacionais como IBM, Accenture, Microsoft, HP e Samsung escolhem a região para instalar fábricas e centros de pesquisa, publicou a revista.
A Universidade Federal de Pernambuco criou um curso de Ciência da Computação ainda nos anos 70 e assim começou a formar um grande número de profissionais qualificados na área de TI.
Com a crise dos anos 90, a cidade perdeu muitas empresas e assim se tornou exportadora de mão de obra qualificada do país, principalmente para o eixo Rio-São Paulo, e até para o exterior.
Para frear a debandada de empresas e profissionais, foi criado o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, em 1996, hoje localizado no Porto Digital, fundado no ano 2000.
É um centro privado de inovação que desenvolve soluções em inovação tecnológica da informação e comunicação. Com centenas de profissionais, oferece incubadoras, cursos profissionalizantes, mestrado e cursos de graduação nas áreas de engenharia, tecnologia daiInformação e design.
No Parque Tecnológico Porto Digital, funcionam centenas de startups, pequenas, médias e grandes empresas e multinacionais que somam mais de sete mil trabalhadores. Gerenciado por uma organização social, sem fins lucrativos, o Núcleo de Gestão do Porto Digital conta com incentivo do governo para desenvolver o nascimento de empresas. O parque fatura mais de R$ 1 bilhão ano.
A tecnologia e o crescimento no entorno do polo trouxeram problemas, como falta de iluminação e de mobilidade urbana, por exemplo, transformados em oportunidade de negócios diante do farto espírito de inovação.
Voltando a Lajeado. Os dados anteriores sobre Recife permitem pensar além do costumeiro. Se traçarmos um paralelo, podemos confirmar que a frase inicial deste texto é a bússola para sermos ou não um novo polo de inovação.
Aliás, tecnologia e inovação também têm muito a ver com alimentos. Com o Tecnovates e o enredo de negócios pautados pela pujante diversidade econômica, o que nos falta para pensarmos maior?
Sou adepto da provocação feita pela universidade e, guardadas as proporções, nossa capacidade de empreender e inovar está, intrinsicamente, ligada a nossa coragem e determinação em ousar.


Santa Clara Tem Valor

O prefeito Paulo Kohlrausch de Santa Clara do Sul lidera um projeto de gestão e empreendedorismo elogiável na cidade. Mais de 200 pequenos e médios comerciantes participam dos workshops ministrados por profissionais da universidade La Salle. Desde práticas de gestão até insigts de empreendedorismo fazem parte de uma discussão sobre qualidade organizacional. O que parecia difícil de vingar pelo desafio do projeto, definitivamente, desabrochou na cidade da flores.

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