Onde está a Pátria educadora?

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Onde está a Pátria educadora?

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Professores insatisfeitos, pais indiferentes e alunos desmotivados. Essa parece ser cada vez mais a triste realidade do ensino público brasileiro. Em Santa Catarina, no Vale do Itajaí, o soco desferido por um aluno na professora Márcia de Lourdes Friggi, 51, virou discussão nacional. Docente da rede estadual faz 12 anos, a professora foi agredida quando levou o adolescente de 15 anos à direção, após desentendimento na sala de aula.
As imagens que correm pelas redes sociais e portais de notícias, mostrando Márcia machucada e com o rosto ensanguentado, são dramáticas e estarrecedoras. Nada, absolutamente nada, justifica a atitude do aluno. Se a professora tem, ou teve comportamentos que incitam a violência, como suspeitam posts antigos no próprio Faceboock, não cabe aos alunos intervir dessa forma. É papel do Estado ditar as regras, orientar os docentes e prepará-los de forma adequada e suficiente para desempenharem suas funções. Já sabemos, violência só gera mais violência.
Agressões contra professores são mais comuns do que possamos imaginar. Inclusive, à nossa volta. Dados da Coordenadoria Regional de Educação, referentes ao primeiro semestre de 2016, revelados no início deste ano, mostram 1,1 mil agressões físicas e verbais contra professores da rede estadual.
Infelizmente, o período do professor referendado, respeitado, com conceito de mestre, se esvaiu. O que se vê nas escolas públicas – não em todas, pois há muito professor e aluno nota 10, dedicado e comprometido com o ensino de qualidade – são professores abalados, seja pela violência, pelo despreparo emocional ou pela negligência do Estado. Aqui no RS, o agravante é ainda maior.
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Em vez de debater e discutir novas e melhores formas de didática e modelos de ensino, Estado e professores repetem históricos confrontos por melhores salários. Greves já estão na agenda curricular. De fato, o governo está entre os que pior paga seus professores. Não bastasse, faz mais de ano, parcela e atrasa os vencimentos junto com os dos demais servidores do Estado.

Educação como prioridade

Ontem, enquanto a notícia da agressão da professora corria o Brasil, evento na PUC em Porto Alegre, em conjunto com o jornal Zero Hora, apresentava mais um Índice de Desenvolvimento Estadual. Entre os debates, educação, a queda de qualidade e o fraco desempenho.
Estabelecer a educação como prioridade real e não apenas como slogan eleitoreiro é um dos grandes desafios do Brasil. Pouco antes de cair pelo impeachment, Dilma Rousseff, ainda na condição de presidente, estabeleceu o Brasil como Pátria Educadora, em 2015.
Para aqueles que, como eu, sonham com um país mais justo e mais digno, onde a educação tem uma função fundamental de alicerce da cidadania, as palavras pátria educadora até soaram como um pingo de esperança. Não que eu confie em discursos de políticos – quaisquer que sejam eles, valem tanto quanto notas de R$ 3 –, mas o desejo de mudança é tão grande que qualquer ato reacende a brasa dormida. No entanto, neste caso, sabíamos, “Brasil, pátria educadora” não passava de slogan publicitário, forma sem conteúdo. O desprezo com a educação continua e o resultado está nas ruas e nas escolas.


Atenção, Bom Pastor e Conventos

Hoje, a partir das 19h, o projeto Mapa da Cidade estará na comunidade Nossa Senhora de Lurdes, realizando o primeiro debate sobre os bairros lajeadenses. Representantes do Daer, do governo municipal, da Univates e dos dois bairros formam mesa-redonda para discutir o que o bairro tem de bom e o que precisa melhorar e evoluir.Nos encontramos por lá.


Previsão era votar projeto ontem. Mozart Lopes segurou

Previsão era votar projeto
ontem. Mozart Lopes segurou

Remendos intermináveis

Vereadores apresentaram 21 emendas modificativas ao projeto de lei encaminhado pelo Executivo, sobre o novo formato do estacionamento rotativo de Lajeado. As sugestões, entre outras coisas, mostram duas situações bem claras: a primeira é a falta de unanimidade em torno do serviço que custa a emplacar. A segunda é a prova cabal de que tudo que nasce torto cresce torto.
À medida que o tempo passa, parece mais distante a possibilidade de se estabelecer um entendimento quanto ao melhor modelo de cobrança. Enquanto as vaidades pessoais e opiniões divergentes prevalecerem sobre o sistema atual, dificilmente Lajeado encontrará um ponto de equilíbrio quanto à cobrança de estacionamento rotativo. Está faltando vontade e maturidade política e sobrando convicção e ego entre os agentes que têm o poder de dar um basta nesta polêmica que já passou do limite.

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