Mercado promissor

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Mercado promissor

A fabricação de suco de uva integral registra crescimento superior a 100% nos últimos cinco anos. Amparado pelos benefícios à saúde, atestados em pesquisas científicas, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) projeta um faturamento de R$ 800 milhões para este ano. No Vale, produto ainda é pouco explorado.

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Vale do Taquari
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Os irmãos Marciano, 33, e Marcelo Rabaiolli, 27, de Imigrante, apostam na produção de suco integral faz dois anos. Junto com os pais, Lenir e Ibanor, mantêm um parreiral de dois hectares das variedades concord e bordô.

Nessa safra, foram envasados 48 mil litros da bebida. A garrafa custa em média R$ 7,50. “A uva in natura era quase entregue de graça nas cantinas. Era agregar valor à matéria-prima ou buscar emprego na cidade”, expõe Marciano. A criação de 16 mil aves foi abandonada devido ao alto investimento exigido em infraestrutura. Para diversificar a economia, a família também produz tomates.

A mãe apoiou a decisão dos filhos. Construíram um prédio, adquiriram as máquinas e iniciaram o beneficiamento. “Era a única forma de mantê-los aqui. Garantir uma renda fixa por mês”, enfatiza.

Segundo Marcelo, o consumo aumentou pelos benefícios à saúde. “Nosso suco é natural, feito da pura polpa da fruta. Sem adição de água, açúcar ou conservantes”, garante. Outro diferencial é o tempo de envase. As uvas são colhidas de manhã e, à noite, o suco já está engarrafado.

Embora a crise tenha impactado nas vendas, a perspectiva é animadora. A meta é abrir novos mercados. Santa Catarina será o próximo destino.

Franco crescimento

Responsável por 90% do abastecimento nacional, o RS coloca no mercado cem milhões de litros até dezembro. Da safra de 700 milhões de quilos de uva, a metade será destinada à elaboração de suco.

Há quatro anos, quando a produção chegou aos mesmos patamares projetados para este ciclo, menos de 10% do volume colhido foi transformado. Conforme o vice-presidente do Ibravin e presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Oscar Ló, há seis anos, grande parte das uvas era utilizada para fabricar vinho de mesa, vendido a granel, com baixo valor agregado.

O cenário mudou após pesquisas científicas apontarem o suco de uva como um alimento rico em propriedades nutritivas. “Se descobriu um produto saudável e que valoriza a fruta”, constata. Enquanto as vendas só aumentam, com os vinhos de mesa, o resultado é o inverso. Entre 2011 e 2016, o volume negociado caiu de 230 milhões para 165,9 milhões de litros.

Entre as qualidades do suco produzido no estado, em comparação com o produto de países da América e Europa, Ló enumera características como sabor e cor. Segundo ele, não há concorrentes estrangeiros no âmbito nacional. “Usamos uvas híbridas americanas para a fabricação e desenvolvemos variedades específicas para o suco, o que torna o nosso produto único”, garante.

foto de dadosMercado inexplorado

Conforme Derli Bonine, assistente técnico do Sistema de Produção Vegetal, da Emater Regional de Lajeado, apenas seis agroindústrias beneficiam a fruta. Produzem em média cem mil litros por ciclo. “Ainda não se despertou para essa oportunidade de mercado”, diz.

A maior parte das uvas produzidas é destinada para fábricas de vinho na Serra Gaúcha, consumo in natura ou fabricação de vinho colonial, cuja quantidade chega a dois milhões de litros por ano. Com uma área de 1,1 mil hectares cultivados, as variedades mais comuns são a concord, isabel e bordô. “São ideais para produzir suco. Garantem textura, cor e sabor inigualável”, observa.

Saúde como prioridade

A família Civardi, de Encantado, processou 2,1 milhões de quilos de uva das variedades isabel e bordô. Colocará no mercado 1,5 milhão de litros de suco de uva tinto integral. Conforme Lucas, um dos proprietários, a atividade iniciou faz seis anos. Parte da matéria-prima é produzida em 20 hectares cultivados pela família e o restante adquirido de terceiros.

As vendas estão em constante crescimento, “Além de ser um produto saboroso, é saudável, com inúmeros benefícios à saúde. Pode ser consumido por todas as faixas etárias”, observa. O litro custa em torno de R$ 11 no mercado local.

Da safra de 700 milhões de quilos de uva, 50% será destinada para elaboração de suco

Da safra de 700 milhões de quilos de uva, 50% será destinada para elaboração de suco

Consuma

A biomédica Caroline Dani estuda os benefícios do suco de uva faz 13 anos. Segundo ela, o produto auxilia na redução de danos provocados pelo estresse oxidativo – que é o excesso de radicais livres presentes no organismo –, além de prevenir contra doenças cardíacas e neurodegenerativas. “Nas pesquisas que desenvolvemos com triatletas e com ciclistas, por exemplo, comprovamos que o suco de uva auxilia na recuperação das células e, consequentemente, no desempenho”, explica.

Cita a importância do consumo regular para otimizar os benefícios da bebida. Em adultos, o ideal é beber de 400 a 500mls por dia. Crianças devem consumir até 200 mls, o que corresponde a um copo por dia.

Feito à base de pura polpa da fruta, suco dos Rabaiolli conquista mercado pelos benefícios à saúde. Neste ciclo foram engarrafados 48 mil litros. Venda ocorre para o Vale do Taquari e Santa Catarina

Feito à base de pura polpa da fruta, suco dos Rabaiolli conquista mercado pelos benefícios à saúde. Neste ciclo foram engarrafados 48 mil litros. Venda ocorre para o Vale do Taquari e Santa Catarina

Tipos de suco

Suco 100% Integral – 100% uva, sem adição de água e açúcar na sua concentração natural

Néctar – 40% uva, diluído em água e adoçado

Em pó – Pode não conter uva na composição

Bebida/refresco – 30% de uva, diluído em água e adoçado. Pode ser colorido e aromatizado artificialmente

Suco 100% – 100% uva, sem adição de corantes ou aromatizantes. Pode ser adoçado e reconstituído com adição de água

Misto – Mistura duas ou mais frutas, como, por exemplo, uva e maçã

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